Capítulo Sete

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-Olá, er... Perdão, qual o seu nome mesmo?

Uma senhora perguntava enquanto se aproximava do garoto. Uma mulher de 1,60m, mais ou menos. Sua pele era bem clara e sua beleza exuberante. Gareth observa bem as suas vestes, dava para deduzir que era a dona do casarão. Ela se aproxima mais um pouco do rapaz, ainda preso, e dirige sua voz a ele mais uma vez:
-Perdão, rapaz. Estou falando contigo. - Ela dizia em um tom calmo. - Qual. O seu. Nome? - As pausas em sua fala deixam o clima um pouco tenso, embora o sorriso em sua face e o tom de voz indicassem uma situação oposta.
-M-meu nome é... É Gareth. - O rapaz gagueja um pouco. Realmente, as pausas na fala da moça causaram o efeito esperado.
-Oh! Gareth, não é mesmo? Devo dizer que é um belo nome. Bem, meu nome é Agatha. Agatha Grosvenor. Você está na casa da segunda família mais poderosa do reino de Demiurth.
-Hm... Demiurth... Certeza que isso é coisa do rei. - Gareth estava pensando, ignorando as palavras de Agatha, mas logo sua atenção se volta à mulher. - Mas a propósito, por que estou aqui?
-Céus... Vocês não contaram a ele? Isso é um absurdo... - Ela diz em um tom bravo para aqueles que o trouxeram, e mesmo assim, ainda era adorável. - Bem, você irá viver aqui a partir de hoje. Vai trabalhar para mim, mas também não viverá em situações ruins.
-Então... Trabalho escravo?
-Eu diria que lhe dou trabalho em troca de um lar. - Ela dizia com um sorrisinho no rosto e o indicador direito em frente aos seus lábios.

"Que ótimo..." era só o que se passava na cabeça de Gareth. O rapaz estava preso, tinha se afastado de casa, perdido sua família, estava sendo procurado e agora isso... Gareth estava passando por maus bocados e não sabia como resolver. O garoto, ainda parado, segue pensando.
-Ter de ficar aqui pode atrasar um pouco minha vida... Bem, agora eu deveria ir falar com a rainha. Se bem que estou sendo caçado, acho que aparecer em público assim não é uma boa. Ah, mas pensando bem... Acho que sumir por um tempo pode ser uma boa.

Gareth torna sua atenção à mulher, que a este ponto estava conversando com os comerciantes.
-Aga-- err... Senhora! Disse que é a segunda família mais poderosa do reino. Recebem visitas dos Demiurth aqui?

Agatha termina de assinar uns papéis, com sua face voltada à Gareth. Ela marca um último ponto na folha e então toma rumo até o rapaz.
-Temos um certo problema com os Demiurth. Se encontrássemos eles aqui em casa, seria mais para montar uma emboscada. Aquela família não deveria mesmo estar no poder deste reino.

Gareth perde a expressão, sua mente estava confusa, "O que havia de tão mal naquela família? Com exceção do rei, é claro." Mesmo com esses pensamentos, Gareth ainda estava pensando nas vantagens, podia se aproveitar daquela situação.
-O que vêem de tão ruim assim nos Demiurth?
-Meu caro Gareth... - Ela se abaixa em frente ao rapaz.
-Caro? - Ele pensa.
-Você ainda é muito novo. Esqueça esse assunto.

Aquilo foi muito estranho... Que tipos de segredos têm os Demiurth? Essa não parece uma simples relação de disputa ao trono do reino. Bem, o importante agora era sobreviver. Era necessário que o garoto crescesse mais uns anos antes de voltar à cidade central de Demiurth. Este é o momento de mudanças para Gareth.

Após isso, Gareth é livre, desamarram suas cordas, e ele enfim tem acesso à mansão. Ele passa por um tour pelo casarão, aprende suas novas funções, ele decora sua nova vida. Foi um dia, de certa forma, tranquilo, mas na manhã seguinte, tudo mudaria, era o primeiro dia de seu novo trabalho.

O dia seguinte enfim se iniciara, Gareth acorda cedo, por volta das cinco e meia da manhã. Não custou muito a acordar, mas dava pra ver que ainda preferia dormir por mais uma hora ou duas. Gareth se levanta para iniciar os serviços. Preparar o café da manhã era o começo do trabalho, então lá estava Gareth armando a mesa. Juntos a alguns outros funcionários, alí estava o começo de um dia de trabalho doméstico. Certamente serão tempos complicados para Gareth.

Todos se levantam, os donos da casa, os funcionários... Já eram 7h da manhã, os serventes tomavam café junto aos senhores, isso demonstrava que havia um mínimo de preconceito entre os postos. Após o café, todos continuaram seus serviços, mas Gareth ainda estava num período de adaptação. Até já tinha decorado sua nova rotina, mas não havia pegado o ritmo e ainda precisava conhecer mais daqueles que conviviam com ele. Dentre todos, apenas um parecia causar problemas. Arthur. Arthur era um rapaz de 15 anos já, era mais velho que Gareth e parecia não gostar muito do garoto que recém chegara a casa. Não dava para entender o motivo, chegara a casa há pouco, não pode ter dado motivos para ódio em menos de um dia. Arthur parecia não parar quieto, sempre estava ocupado, sempre aprendendo algo novo, desde conhecimentos básico até mesmo aulas de esgrima. De certa forma, era o garoto quase perfeito.

Algumas semanas se passaram no novo trabalho de Gareth. O rapaz estava adentrando o casarão quando ouviu:
-Mãe! - Reconheceu a voz de Arthur - Estou indo a central de Demiurth.
-O que está indo fazer naquela cidade?
-Nada demais, apenas encontrar uma conhecida.
-Uma nova namoradinha? - Agatha dizia em um tom irônico enquanto ria.
-Não queria te decepcionar, mas não, não é uma namorada. - Ele corresponde com um tom sério.
-Por que tão chato?
-Apenas correto, mãe. Bem, eu estou saindo. - Dizia ele enquanto se retirava do local.
-Esteja de volta no jantar, pelo menos!
-Eu estarei.

O rapaz sai da casa, passando pelo lado de Gareth. Era assustador pro menino, afinal, o jovem Grosvenor emitia uma aura perturbadora quando se tratava do pequeno Demiurth. Era estranho, todos os dias Arthur saía. O que ele estaria fazendo em Demiurth? Embora isso não fosse de grande importância, Gareth tinha essa grande dúvida martelando sua cabeça.

Servo do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora