Capítulo Catorze

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Enfim amanheceu. Gareth, como de costume, levantava antes de Leia. O rapaz senta na cama e esfrega seus olhos. Mesmo ainda um pouco atordoado, Gareth se levanta, tonto. O rapaz permanece parado até a sensação estranha passar e então estica seus braços para cima, espreguiçando-se enquanto boceja. Enfim ele volta a si e inicia suas atividades matinais, tomando o banho, escovando os dentes, vestindo-se e então penteando seu cabelo.
-Huh?! - Gareth emite um som de surpresa ao prender seu cabelo - Cresceu um pouco mais... Está lindo!

Após terminar suas atividades pessoais, ele inicia as reais. Agora é o momento de preparar o café da rainha Leia. O rapaz se dirige até a cozinha e leva uma bandeja com o café da manhã preparado por ele mesmo, chegando ao quarto dela com uma xícara de café, um potinho com açúcar e duas torradas com mel.

Gareth põe a bandeja sobre a penteadeira de Leia e então vai abrir as cortinas do quarto. Logo Leia desperta, afinal, os raios solares atingem diretamente a face da rainha, o que claramente a incomoda.
-Bom dia, minha rainha! Dormiu bem?
-Argh! Dormiria bem melhor se meu servo não me acordasse de maneira tão brusca. Eu sou sensível a luz, sabia?! - Ela reclamava enquanto se sentava na cama, repetindo os mesmos processos de Gareth.
-Bem, já que está tão irada comigo, creio que não vai querer tomar o café que eu mesmo preparei não é? - Brincou enquanto pegava a bandeja e se dirigia a porta do quarto.
-Ei, volte aqui! Volta! - Ela gritou esta última palavra. - Era só o que me faltava, maltratada e abandonada por meu próprio servo.
-Ah, vamos! Deixa de drama, Leia. Você não é sensível assim que eu sei. - Gareth colocava a bandeja em cima da cama e logo põe açúcar na xícara de café da rainha.
-O que você quer dizer com isso? Eu sou uma dama, entendeu? Eu tenho minha própria sensibilidade. Este é meu charme. - Era notório um tom convencido em sua voz.
-Um hum! Tá bom. Agora vamos adiantar, a rainha tem evento agendado para esta tarde e ainda está com essa cara acabada.
-Você disse o quê?! - Leia se levanta correndo enquanto grita, indo em direção a penteadeira para se olhar no espelho. Irritada, ela volta sua atenção a Gareth. - Faça uma brincadeira dessas novamente e eu mando cortar seu pescoço, garoto!
-Está bem, está bem! Peço perdão! Agora vai tomar seu café.

Leia torna a se sentar na cama com uma expressão agressiva em sua face. Ainda bem que não havia uma faca em sua mão ou ela poderia sair voando até o rapaz "misteriosamente." Após a primeira mordida na torrada, seus olhos arregalam e sua expressão se altera. Ela mastiga calmamente e então engole. Logo ela diz calma:
-Gareth... O meu café, por obséquio.

Gareth termina de misturar o açúcar no café e então entrega a xícara à rainha.
-Aqui.

Leia põe a torrada em seu prato e então pega a xícara. Delicadamente ele o assopra e então toma um rápido gole.
-Esse café... Está ótimo! Você o fez?
-Sim, eu mesmo.
-Divino! Execute a ordem, você ficará responsável pelo café a partir de hoje.
-Tudo bem então. Agradeço o elogio.

Parece que o café de Gareth foi o suficiente para acalmar a fe-- a rainha Leia. Ao visto, seu mau-humor era provido pela fome.

Enquanto comia, Leia encarava Gareth com um pequeno sorriso.
-Por que está me encarando?
-Ah... Não é nada.
-Quer mentir justamente para mim, minha rainha?
-Ah... É só que... Seu cabelo, sabe? Cresceu um pouco. Está tão bonito.

Estas palavras foram o suficiente para corar Gareth. O rapaz se levanta e anda em direção a porta do quarto.
-Muito obrigado. Mas melhor adiantar. Acabada assim, jamais ficará linda como eu.
-Gareth! - Ela grita enquanto joga o travesseiro no garoto, que consegue escapar passando e fechando a porta enquanto ri.

[...] Passou tempo suficiente para Leia realizar suas tarefas, o que leva ambos à cidade por volta de cinco da noite. Gareth havia acompanhado Leia até uma reunião e, após, as compras.
-Minha rainha, és uma centopéia? Em uma tarde lhe vi comprar sete pares de sapatos diferentes.
-Eu sou uma mulher de classe, necessito manter as aparências.
-Mas do que--

Leia estranha o silêncio repentino do rapaz e decide mirar o exato ponto em que o mesmo estava olhando, e lá estava, na esquina, Ulisses. Leia o viu rapidamente já que os cavalos mantinham a carruagem em movimento.
-O que você está olhando, Gareth?
-O quê? Ah! Não é nada, minha rainha.
-Gareth...
-Eu... Eu só... É que eu me apaixonei por uma roupa que vi ali. Muito linda. - Gareth tentava disfarçar o nervosismo, porém não era tão bom em mentir para a rainha.
-Entendi... Algum dia desses a gente pode voltar para comprar, mas agora... Rumo ao castelo.

Gareth não aguenta mais manter aquela dúvida. O consumia todas as forças, mas não sabia como resolver esse problema. Confia na rainha, porém Ulisses soou bem convincente. Ele estava certo do que dizia. Enfim, seus pensamentos se cessam quando algo estranho acontece. A carruagem simplesmente vira e um som alto pode ser ouvido. Um alto disparo. As compras de Leia se espalham ali e ambos ficam um pouco atordoados após a virada. Após recobrar a consciência, Gareth olha pela janela e vê alguém descendo do telhado de uma casa. Uma pessoa alta com um manto cobrindo o corpo e uma máscara que cobria uma área equivalente a ponta do nariz até a testa do rapaz.

Gareth consegue enfim sair da carruagem e ajuda Leia a sair da mesma.
-Você está bem?
-Sim, eu estou. Só um pouco abalada. O que aconteceu?
-Parece que alguém atirou em um dos cavalos.
-Se alguém estava tentando me matar errou feio a mira.
-Não... Não acho que fosse a intenção... Ele não errou, queria realmente acertar o cavalo. Será que queria dar um aviso?
-Eu não sei, mas quero voltar logo ao castelo, não aguento mais ficar aqui, meus pés estão doendo e eu preciso de um banho.
-Está muito tranquila pra quem acabou de ser alvo de um ataque.
-Gareth, meu bem. Você nunca irá me ver morrer, tudo bem? - Ela diz com um sorriso apaixonante em sua face e a mão esquerda na bochecha do rapaz. - Eu prometo.
-Mesmo?
-Mesmo.
-Tudo bem então. - Gareth pega a mão da rainha, tirando-a de sua face, e dando um beijo nas costas da mesma. - Agora vamos. Eu tenho o banho de alguém pra preparar.
-Você é um servo maravilhoso, Gareth. - Ela diz em tom de brincadeira.

Servo do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora