Capítulo Quinze

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Dois dias se passaram e Gareth não mais aguentava as marteladas que a dúvida dava em sua cabeça. Gareth necessitava de respostas. Cansado de pensar ou tentar criar coragem para falar com Leia, o rapaz sai do castelo. Ulisses. Este era seu alvo. Gareth segue rumo a casa de Ulisses, caminhando rápido, mas disfarçando um pouco a pressa. Enquanto andava, Leia o encarava da janela do castelo.

Ao chegar lá Gareth se dirige até a porta da casa. Ao bater, percebe que a porta está encostada apenas, não fechada. O rapaz abre-a vagarosamente e adentra a residência com cuidado. Após virar no primeiro cômodo, via Ulisses morto em sua cama.

-U... U-Ulisses? - Gareth andava devagar e incrédulo até o ex guarda real. – O que será que aconteceu aqui? – Gareth pensava consigo mesmo. – E agora, como posso conseguir repostas sem confrontar Leia diretamente?

O rapaz, ainda chocado, se retira da residência antes que alguém o visse lá e logo se tornasse o culpado pela morte de Ulisses. Gareth não sabia o que fazer, o que falar, como reagir... Gareth tinha medo. Não eram visíveis danos no corpo do senhor, mas foi um momento muito estranho para que o mesmo viesse a óbito. Parecia quase que arquitetado. Será que alguém o houvera matado? Mas como? Asfixia? Veneno? Mais dúvidas apareciam para martelar a mente do garoto, já não sabia mais como prosseguir com um tanto de informações que ele mesmo não consegue processar.

Enfim o rapaz chega ao castelo, corre para a cozinha para preparar o café da manhã de Leia e se adianta para chegar ao quarto da rainha. Gareth abre a porta rapidamente e já põe a bandeja na penteadeira. Logo que se vira para a janej para abrir suas cortinas, ele enfim nota que a luz do sol já batia ali. As cortinas estavam abertas e Leia não estava na cama.
-Leia?!

Após chamar por sua rainha, Gareth toma um susto com um barulho relativamente alto. Era a porta do quarto se batendo, e lá estava Leia, olhando para ele de braços cruzados.
-Oh, bom dia minha rai--
-Onde você estava? - Leia o interrompe. Seu tom de voz e expressão esboçavam raiva e impaciência. - Gareth, onde você estava?!
-Eu... Eu apenas fui... - Gareth para por um minuto para refletir sua situação. Era o servo da rainha, não podia mentir pra ela, além do mais, esta era a chance perfeita de tentar esclarecer suas dúvidas. - Eu fui visitar alguém.
-Que alguém?
-Ulisses. - Gareth estava apavorado por dentro, mas tentava demonstrar coragem enquanto encarava a expressão inalterada de Leia. - E você já sabia disso, não é?
-Sim, Gareth, eu sabia.
-E foi você quem fez aquilo com ele?
-Talvez tenha sido...
-E por quê? Pra quê? - Gareth levanta um pouco a voz.
-Oh, Gareth... - Repentinamente sua expressão mudou e Leia se aproximava de Gareth. Dava para notar como ela falava de maneira melodramática. - Eu passei coisas ruins nas mãos desse homem... Ele--
-Para! Por favor, pare! Eu sei que está mentindo. Lembre-se, eu quem cresci em meio a sociedade e você dentro desse castelo, você não pode me enganar com tanta facilidade. Não mais.
-Ai, tá bom... - Leia agora apresenta um tom entediante. - Sente-se ao meu lado.

Leia se senta na cama e Gareth ao seu lado. A rainha suspira profundamente e começa a lhe contar a história:
-Então, Gareth... Eu tenho um pequeno problema. Ele é sério. Eu não consigo sentir afinidade pelas pessoas. Ou ao menos não conseguia. Eu sempre fiz de tudo para conseguir o que queria, tudo mesmo... Provavelmente Ulisses já te disse, então tudo bem... Sim, eu sabotei a carruagem de Leon e minha mãe.
-Por que se dirigir a ele assim?
-Por favor... Aquele homem era terrível. Seu preconceito era enorme e era interesseiro, não fazia bem a minha mãe. Infelizmente por um cálculo mal feito, minha mãe estava junto com Leon naquela carruagem. Não era pra ter sido daquele jeito... Não com ela... Enfim. Eu não estava pronta para assumir o trono e por isso acabei cometendo tantos erros e este é o motivo do reino se enocontra em situação deplorável. Por favor, Gareth! Eu tenho catorze anos! Acha que tenho quaisquer condições de assumir um reino? - Leia falava quase em lágrimas...
-Leia, eu... - Ele encara ela por uns instantes - Não! Isso é mais um teatrinho seu, não é?
-Poxa, mas como você é chato!
-Olha, Leia... Eu prometi ser fiel e proteger você... Mas preciso que você coopere comigo. Preciso que seja sincera em tudo e não faça joguinhos.
-Quer dizer que... Mesmo sabendo da verdade, você ainda vai se manter ao meu lado?
-Mas é claro... Eu fiz uma promessa...

Leia abraça Gareth com força, desta vez chorando de verdade e logo Gareth a abraça de volta na mesma intensidadae enquanto dá um beijo em sua testa.

Servo do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora