Capítulo Nove

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Sete anos se passaram. Em uma rua do centro de Demiurth, um rapaz caminhava, não se podia chamar de camponês, porém suas roupas também não demonstravam um nobre. Pode-se dizer que o rapaz estava apenas bem arrumado. Seu cabelo loiro, não tão grande, estava preso em um pequeno rabo de cavalo e um chapéu marrom pousava sobre sua cabeça. Sim, era Gareth. Gareth seguia andando em direção ao castelo, encarando tal construção e almejando rever sua antiga amiga. Chegando aos portões de seu destino, os guardas impediam a sua entrada.
-Perdão... O senhor recebeu algum tipo de convite da rainha? - Ambos falavam em coro.
-Rainha? Não, não. Eu vim ver a princesa. - Gareth dizia com o seu lindo e encantador sorriso de sempre.
-A princesa? - Os guardas se entreolham e tornam a encarar Gareth.
-Sinto muito, rapaz, - um deles dizia. - mas não há princesa alguma aqui, apenas a nossa bela rainha.
-C-como assim "não há princesa"? - Gareth pergunta preocupado - O que houve com a Leia.
-Le-- Digo... Rainha Leia está, agora, muito ocupada.
-Rainha Leia? - Gareth começa a pensar - Mas o que aconteceu nesse reino durante minha estadia na casa dos Grosvenor? - Eu quero falar com ela. - Agora o rapaz manifestava seu pensamento em palavras.
-Sinto muito, porém não temos permissão para liberar a sua entrada.

Gareth estava irritado. Era como se estivessem fazendo de tudo para impedi-lo de reencontrar Leia. Mas ele iria lutar por isso, literalmente! O rapaz apenas tenta entrar à força, já disposto a bater em alguém caso visse necessário, o que era uma ideia tola já que os guardas trajavam armadura. Os dois o seguram num rápido movimento, impedindo sua passagem.
-Argh! Me deixem passar! - Gareth gritava enquanto "lutava" para se soltar.
-Pare, garoto! Você não quer enfurecer a-- - Um guarda alertava seriamente até ser interrompido por uma vez feminina. Adolescente, porém poderosa.
-O que está havendo aqui?! - Dizia a rainha enfurecida - Mas eu não posso ter um instante de paz? Sempre tem um confusão ocorrendo neste caste-- - Sua fala é cortada logo que vê o garoto ali na frente.

A rainha deixa cair o seu leque e encara o rapaz, com um olhar arregalado e boquiaberta. Os outros claramente não podiam perceber, mas sua visão estava embaçando. A rainha levanta um pouco o seu vestido, com ambas as mãos, e corre com cuidado até Gareth, o abraçando logo em seguida.
-Eu senti a sua falta, Gareth.
-Essa voz... - Gareth estava pensamento - L-Leia?! - O rapaz, com uma voz falha, solta aquelas palavras gaguejando um pouco, ele estava perto de chorar também. - Leia! Eu... Eu senti a sua falta!

Os guardas soltam Gareth e o mesmo abraça sua velha amiga, segurando para não deixar as lágrimas escaparem, aquilo iria ferir seu orgulho masculino. Os dois ficam abraçados por um bom tempo, aqueles que os olham percebem o sentimento envolvido entre ambos, causando até uma sensação boa e uma moleza no coração. Logo depois de se soltarem, Leia não o convida a entrar, ela simplesmente o puxa pelo braço diretamente ao seu quarto. No caminho, ela avisa aos seus serventes:
-Não me atrapalhem! - Seu tom era meio arrogante, aquilo era esquisito.

Ao entrarem, ela tranca a porta e ambos se sentam na cama. Ela o encara com um brilho nos olhos e pergunta um pouco animada, mas também preocupada:
-Me diz, o que aconteceu? Você simplesmente sumiu, não deu mais notícias... Eu senti a sua falta! Era estranho não ter um amigo que realmente quisesse estar comigo sem algum interesse por trás.
-Bem... Eu não sei exatamente o que aconteceu. Eu estava dormindo num quarto alugado depois que a minha casa pegou fogo e quando acordei, estava num espaço fechado, em movimento. Eu acabei indo parar na casa de uma família onde eu servi de "escravo" - ele faz sinal de aspas com os dedos.
-Mas por que "escravo"? - ela repete a ação do rapaz.
-Bem, eu tinha bastante liberdade lá, era visto como alguém da família. Exceto pelo primogênito, claro.
-Então a situação lá não foi ruim?
-Foi divertido, de certa forma. Quer dizer, sentir a sua falta e de minha avó foi a parte mais dolorosa, mas eu suportei.
-Err... A sua avó... Você deve ter sofrido bastante com isso. - O tom de sua voz muda para um melancólico - Eu sinto muito.
-Ei! - Ele põe os dedos indicador e polegar direitos sob seu queixo e levanta seu rosto, fixando seus olhos frente a frente - Tá tudo bem! O importante é que ela ainda vive em minhas lembranças, em meu coração e está zelando por mim todos os dias, direto do céu.
-Sim, você tem razão. Não vamos nos abalar por isso. - Leia o abraça novamente - De novo, eu senti muito a sua falta! Desde aquele dia, tem uma pergunta que quero lhe fazer.
-Mesmo? Qual?

Estranhamente a história toma outro rumo. Uma tensão se instala no ar e Gareth pode sentir uma intenção malígna vinda da garota, até que ela diz baixinho, ao lado de teu ouvido, e calmamente:
-Seja meu servo...
-O quê?! - O rapaz pergunta assustado e confuso.

Servo do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora