Nota: Ouçam a musiquinha durante o capítulo <3.
À luz das velas, o vermelho nos lábios de Rosie reluzia como puro sangue. Sebastian estava ao seu lado, em sua perna. A foto de Nicholas, previamente rasgada, separando-a dele, estava rodeada pelas cinco velas que Sebastian havia dito para pegar.A casa estava totalmente escura. Segundo ele, seria melhor assim. Rosie sentia o calor emanando da luz alaranjada e azul, e sentia-se cada vez mais algo bater na boca de seu estômago.
— É o poder clamando por você. De dentro do seu âmago.
Ela olhou para Sebastian, as penas pretas como a noite brilhando como estrelas em um universo escuro.
— Vai ser perigoso? Para mim, eu quero dizer — ela perguntou, sorrindo.
— A única coisa que pode acontecer é você queimar a casa. Aí sim as coisas podem ficar complicadas. Eu gosto do seu sofá.
Rosie sorriu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Fitou a foto de Nicholas, as sombras o consumindo.
— O que eu faço agora?
Sebastian rodeava o círculo de velas em pequenas batidas de asas. Os olhos dourados como a luz do sol.
— Primeiro, você sente. Quando você sentir, é hora de recitar o feitiço. Então, tudo está pronto.
Rosie estava confusa.
— Sentir o que, exatamente? — Ela olhou para o círculo. — Não entendo essa parte.
Sebastian riu, a risada percorrendo a casa; talvez até afastando alguns ratos e... lindos gatos brancos. Um calafrio percorreu a espinha dela ao lembrar do belo animal.
— A energia. Você deve senti-la. Ela vem de dentro de você, e das forças ao seu redor. Você tem vento, calor, frio; use tudo isso — um sorriso repuxou o bico do corvo. — E claro, use o ódio que você sente por ele também. Ajuda.
Rosie queria fazer aquilo. Mas... se fizesse agora, seria a última ficha no jogo que ela e Sebastian jogavam. Era a última prova da realidade que ele mostrava pra ela. Estava pronta mesmo?
— Você não acha que isso seria um pouco cedo?
— Só você pode decidir o que fazer ou não, Rosie Kinkle. Eu só estou aqui para ouvi-la e aconselhar, mas, se quiser mesmo a minha opinião... — Rosie fez que sim com a cabeça — Esse é um passo importante. Considere como um quase batismo, ou algo de iniciação. E que maneira melhor de começar do que com uma maldição contra o desgraçado que destruiu seu coração?
Os lábios de Rosie se abriram em um sorriso.
— Vamos começar, então.
Ela fechou os olhos. Talvez fosse a melhor maneira de começar. Quando tudo se tornou escuro, ela só podia ouvir o som das velas, e sentir os movimentos lentos de Sebastian. O calor que emanava da vela aquecia seu rosto; a fumaça beijava seu rosto, acaricando a pele suave. Uma gavinha de vento sussurrou na sua orelha, fazendo-a se arrepiar.
Um carro passou rapidamente na rua, num borrão de som. A audição de Rosie se abria à medida que ela escutava, prestava atenção aos detalhes. Conseguia ouvir a gota de água caindo da pia; o barulho da geladeira congelando os alimentos. As cortinas da sala dançando ao mero toque do vento noturno. Quando tudo se tornou som, vento e calor, ela abriu os olhos.
Sebastian ainda estava ao seu lado, e o círculo de velas também. Porém, ela via tudo de uma forma que jamais experimentara. Conseguia sentir algo puxando-a em direção à foto; a luz que emanava das velas tinha pequenos dedos, que buscavam e clamavam por algo.
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Rosie Kinkle - Nada Será Como Antes
FantasiaRosie Kinkle não imaginava que, perto dos 30 anos, descobriria ser uma bruxa e embarcaria em uma aventura muito esquisita e misteriosa ao lado de um corvo falante sarcástico e tão desconhecido quanto a nova realidade que lhe era apresentada. Deixand...