Bares indies e manuscritos velhos

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As nuances de Fagaras se mostravam diversas e exóticas conforme Rosie, Jeon e Sebastian (que acompanhava tudo de maneira sorrateira) passeavam por bares, lojas e os mais variados tipos de bazar.

Visitaram um bar que tocava apenas música indie, no qual não era permitido mesas, fazendo todo mundo sentar no chão em confortáveis almofadas vermelhas enquanto escutavam bandas e letras das quais Rosie não fazia a mínima ideia que existiam.

Passaram em uma loja de antiguidades extremamente pequena, o que os rendeu uma caixa cheia de coisas que balançavam conforme Jeon a carregava no trajeto de volta à pensão. Rosie sentia a bolsa reclamar de todo o peso que ela adquirira naquela tarde: dezenas de manuscritos e livros que falavam sobre questões antropológicas — apesar de estar viajando, sua monografia ainda existia — e alguns textos em latim sobre natureza e culturas exóticas na Transilvânia. Sebastian achava que aquilo poderia ajudá-los na compressão do próximo feitiço.

A voz de Jeon a tirou de seus pensamentos.

— Qual é o próximo passo?

Rosie avaliou-o por alguns segundos. O corte raspado na cabeça concedia-o uma aura poderosa. Dentro de si, no seu âmago, sabia que não apreciava a ideia de Jeon perder o olhar doce e apaixonado pelo o que fazia. A sua aventura era dura, sabia disso. Trazer o asiático com ela parecia... errado. Quanto mais pensava nisso, mas gostaria de esquecer que pensava. Jeon estava ali, ao seu lado, assim como Sebastian. Eram seus aliados naquela empreitada. Não iria deixá-los.

— Acho melhor ser Sebastian a responder essa pergunta — Um fiapo de vento bagunçou a franja dela — Isso se você estiver pronto para vê-lo de novo, claro.

Rosie tentou segurar o sorriso à medida que a lembrança de Jeon estirado na grama após ter visto Sebastian pela primeira vez. De todo o modo, eles precisavam se enturmar e conhecer o mais breve possível.

— Acho que... — Uma gota de suor escorreu pela testa dele, mas ele respondeu —... não tem problema.

Ele respirou fundo, reajustando a posição da caixa nos seus braços. Sebastian apareceu no ombro de Rosie em um piscar de olhos, saindo de... onde quer que ficasse.

— Bom, se não tem problemas, então devemos continuar a conversa — O corvo piscou para Rosie — Rosie e eu sentimos uma força presença vindo do castelo no lago, e achamos que a próxima tarefa dela como bruxa possa se concentrar ali, principalmente depois que descobrimos que todas as obras de arte dessa fatídica cidade estão reunidas naquele mausoléu de pedra e água.

A boca de Jeon se abriu três vezes antes de ele formular uma frase completa.

— Mas não vai ser perigoso pra ela? Quero dizer... o guitarrista não foi brincadeira nenhuma.

Sebastian piscou, encabulado.

— Estamos falando de Rosie Kinkle, para começo de conversa, então ela não precisa de proteção. É uma bruxa, algo que você não pode compreender — Ele aumentou o cinismo na voz assim que dobraram a esquina parcialmente iluminada por postes e tochas nas portas — E antes que você retruque, por que estaria preocupado com a segurança dela? A conhece não faz nem alguns dias.

Jeon curvou os ombros, evitando contato visual com Rosie.

Sebastian, não seja tão grosseiro.

Ah, querida, me deixe brincar...

— Rosie é minha amiga. Não quero a ver machucada ou em situações em que não pode se salvar — Ele elevou o queixo — Aliás, não lembro de você ter feito nada para salvá-la do cara que a atacou. E se eu não tivesse chegado?

Rosie Kinkle - Nada Será Como AntesOnde histórias criam vida. Descubra agora