Feitiços de isolamento trazem revelações tenebrosas

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Era quase uma da manhã quando Rosie levantou-se da cama, frustrada. Não conseguia dormir, não importava o quanto tentasse. Observou através da janela, notando que a lua estava oculta por nuvens escuras que a encobriam como um lençol. O quarto do hotel estava frio, apesar de ser verão.

Pegou o celular, checando rapidamente suas mensagens. Algumas mensagens de Bryan, seus pais e conhecidos perguntando sobre o andamento da viagem. Responderia-os depois. Por instinto, pesquisou o contato de Jeon, que provavelmente dormia como uma pedra no quarto à frente do seu. Ficou surpresa por encontrá-lo online.

Seu interior corroía com uma ideia. Uma loucura. Verificou se as barreiras mentais estavam erguidas e fortificadas, bem longe do alcance de Sebastian, que dormia empoleirado sobre a cômoda fria e branca. Algumas mensagens depois, dirigiu-se sorrateiramente ao quarto de Jeon, tomando o cuidado necessário para não fazer nenhum barulho ao fechar a porta atrás de si.

— Por que está acordado ainda a essa hora? — Rosie perguntou, encontrando sua resposta no mesmo segundo, ao vê-lo segurando um livro enorme nas mãos. — Esqueça, preciso que me ajude em algo.

Jeon retirou os óculos que utilizava apenas para leitura, semicerrando os olhos. Ele já deveria esperar que ver Rosie no seu quarto durante a madrugada não era um sinal muito reconfortante, principalmente dada a situação em que se encontravam.

— Antes que você diga algo — Rosie ergueu a mão, impedindo que ele a contestasse — Não é nada demais. Eu só preciso que você me acompanhe até um lugar.

Jeon levantou-se da cama, deixando os óculos e o livro — que agora ela conseguira ler o título, Duna — sobre a cômoda de seu quarto. Ele possuía ainda mais coisas que Rosie: dois livros, o celular, panfletos e mudas de roupas limpas.

— Sebastian sabe disso? — Ele questionou, os braços cruzados quando se apoiou na parede.

Rosie caminhou pelo quarto, tentando encontrar as palavras certas.

— Bom, na verdade...

Jeon arregalou os olhos, desacreditado.

Rosie! — Ele sussurrou — Você acha realmente seguro sair na rua uma hora dessas, principalmente com um maluco mágico ancestral atrás de você?

Analisando pelo lado lógico, era realmente loucura. Mas Sebastian e Augustus não iriam contar o que estava acontecendo. Pareciam esconder a informação principal de Rosie até o último momento. Ela precisava arriscar. Além disso, estava mais forte a cada dia, e conseguiria se proteger de algumas coisas na rua.

— É por isso que estou pedindo para você. Quem melhor para me acompanhar nessa situação?

Jeon revirou os olhos, abandonando sua postura determinada. Rosie sorriu, sabendo que ele iria. Ela o abraçou, segurando seus braços em seguida.

— Você é o melhor. Eu sabia que podia concordar com você — Ela piscou, caminhando de volta ao seu quarto para se trocar. — Vejo você daqui a cinco minutos. Não faça muito barulho.

Jeon escolhia entre uma calça jeans e uma camisa branca quando perguntou:

— E como vamos sair daqui, assim?

Rosie sorriu.

— Saltando, é claro.

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Assim que estava pronta, Rosie fechou a porta do seu quarto de forma sorrateira. Por mais que odiasse estar escondendo aquilo de Sebastian — assim como muitas outras coisas —, sentia que precisava fazer aquilo acima de tudo. Aliás, era a sua aventura. Nada mais justo que trilhar seu próprio caminho.

Rosie Kinkle - Nada Será Como AntesOnde histórias criam vida. Descubra agora