Stay.

2.5K 318 186
                                    

2/7 - Boa leitura.

Acordei sentindo meu corpo doer brutalmente. Meus olhos estavam inchados de tal maneira que eu mal conseguia abri-los. Eu estava sentindo um pouco de frio, mas a sensação não durou por muito tempo, pois logo senti o peso de um edredom em meu corpo, seguido de um carinho em meu cabelo e um beijo em minha testa.

Eu não havia delirado ou imaginado, ela realmente estava ali.

- Eu te amo tanto. - sua voz rouca soou triste, e eu podia jurar que ela estava chorando. Eu queria gritar e responder que eu sentia o mesmo, mas não tinha coragem, ela já havia me machucado demais. - Me perdoa... Eu me arrependo tanto. - ela soluça e logo funga. - Eu fiquei com tanto medo de perder você ontem, Cole. Eu não consigo imaginar uma vida onde eu não poderia mais ver você. Já é difícil lidar com meus erros com você vivo e bem, imagina se eu te perdesse de vez, eu enlouqueceria. - choraminga e tira suas mãos de mim. Eu sinto meu coração apertar e meus lábios ressecarem por conta do nervoso, mas não movo nenhum músculo. - Se você soubesse o quanto dói saber que eu te afastei por causa dos meus caprichos, se você soubesse o quanto eu me arrependo por ter aberto mão de algo tão verdadeiro por uma aventura barata... - agora ela chora de soluçar e suas mãos trêmulas voltam a tocar com delicadeza o meu rosto. - Eu preferia tomar dez surras iguais às que você tomou ontem ao perder você, ao ter que lidar que agora você tem outra pessoa, e que talvez essa pessoa vá cuidar de você muito melhor que eu, e vai saber te amar de maneira que não te machuque tanto. - respiro fundo e ela fica em silêncio por alguns segundos. - Eu te amo tanto... Eu queria tanto ter você de volta, queria tanto ser digna de ser sua novamente... Me perdoa. - ela murmura quase sem voz e eu sinto meu coração quase pular de meu peito. - Logo a Camila chega aqui. - ela corta o assunto e a sinto se aproximar. - Você vai ficar bem, eu te amo. - ela diz baixo e beija minha testa.

- Eu também te amo. - respondo por impulso e a sinto estremecer quando seguro seu pulso a impedindo de levantar-se de minha cama.

Abro os olhos com dificuldade, o máximo que consigo, e finalmente posso ver seus olhos verdes um tanto quanto avermelhados e inchados por conta do choro.

- Fica. - peço com meu peito doendo de medo e quase sendo sufocado por deixar meu orgulho pra trás.

Ela assente e segura meu rosto entre suas mãos que ainda estão um pouco trêmulas. Volto a fechar meus olhos e sinto seus lábios se chocarem contra os meus diversas vezes da forma mais calma e delicada possível. Levo minha mão a nuca dela e a puxo pra mim com certa dificuldade por causa da dor e dou início a um beijo calmo e intenso que me faz esquecer todos os machucados espalhados pelo meu corpo.

- Me perdoa. - ela pede baixinho com os lábios ainda colados aos meus.

Eu a amo com todas as minhas forças e isso não é novidade pra ninguém, porém, eu não conseguiria perdoá-la, então me mantive em silêncio e selei nossos lábios uma última vez.

- É melhor você ir. - murmuro rouco voltando a minha razão e respiro fundo. - Não é seguro você ficar aqui. - ela me encara confusa.

- Mas? - sua voz soa quase inaudível.

- Eu amo você, Lili. Mas eu não te quero mais por perto. - digo olhando em seus olhos enquanto as palavras saem cortando minha garganta. - Eu não vou mais permitir que você seja minha fraqueza. Acabou. - digo aparentando estar decidido, mas na verdade, a firmeza em minha voz era apenas para me forçar a acreditar que aquilo era o certo a fazer.

Ela apenas assente e levanta-se de minha cama. Me controlo o máximo que consigo para não puxá-la de volta para mim e respiro fundo.

- Se cuida, por favor. - ela pede e deixa um beijo no topo de minha cabeça. Apenas concordo assentindo e não digo nenhuma palavra. - Adeus, Cole.

- Adeus.

Lili recolhe seus pertences saindo de meu quarto em seguida, e não demora muito para que eu escute a porta de meu apartamento sendo fechada.

Se eu não estivesse com tanta dor, estaria provavelmente me remexendo na cama feito um louco, ou então socando e quebrando todas as coisas que visse pela frente naquele quarto. Mas como não podia fazer nenhuma das duas coisas, apenas me deitei na posição menos dolorosa que encontrei e esvaziei minha cabeça na intenção de relaxar e pegar no sono.

- Cole? - a voz de Camila soou alta fazendo com que eu me assustasse.

- Aqui no quarto. - respondo no mesmo tom. - A Lili deixou meu apartamento aberto ou você tá com a chave? - questiono assim que Camila passa pela porta.

- Ela me entregou a chave na portaria, como havíamos combinado. - assinto e me esforço até conseguir me sentar na cama. - O que porra aconteceu com você? - ela questiona me analisando e senta-se na beira na minha cama.

- Eu fui resolver uma coisa na clínica do Dylan a pedido do meu pai e cai numa emboscada. - explico arqueando as sobrancelhas e umedeço os lábios. - Só acho estranho que justamente a Lili tenha me "salvado".

- Isso com certeza é mais um dos planos do seu pai para te aterrorizar até você largar essa vida. - Camila diz calma e eu acompanho seus movimentos com os olhos atentamente. - Lili disse que recebeu uma mensagem, dizendo que havia algo esperando por ela, e que era pra ela cuidar do que era dela ou algo assim. Isso é bem a cara dele, já que seu pai idolatra a Lili e acredita que ela te deixou por pensar como ele. - explica e eu concordo com a cabeça quando as coisas começam a fazer sentido.

- Será que ele não vai desistir nunca? Ele podia ter me matado! - resmungo alterado e passo as mãos pelo meu rosto com certa força logo gemendo de dor.

- Bom, eu acredito que não. Mas o que importa agora é você ficar bem quietinho aqui. Eu vou examinar você e ver se está tudo certo, caso eu perceba que tem algo quebrado por aí eu te levo ao hospital. - diz calmamente e eu reviro os olhos. - Eu vou tomar a frente dos negócios como de costume, e a Zoe virá pra cá ficar com você. - assinto e suspiro pesadamente. - O que aconteceu com vocês dois em? Zoe saiu da sala de treinamento como se estivesse pisando em nuvens. - debocha.

- Nada que te diga respeito. - digo ríspido e ela ri. - Agora vê logo isso, não tô afim de ir para o hospital.

Camila concorda e levanta-se de minha cama, saindo do quarto em seguida, e quando volta tem uma pequena mala prateada de rodinhas. Ela começa a examinar meu corpo de todas as formas possíveis, e aquela pequena sessão de tortura dura em torno de uns quinze minutos. Quando ela termina, me injeta uma injeção para dor e me faz engolir alguns comprimidos.

- Acabou a sessão de tortura? - debocho me ajeitando na cama e ela gargalha.

- Acabou, fresquinho. - reviro os olhos e bocejo.

- Bom, eu já vou indo. Os remédios que você tomou vão te dar sono mesmo, então durma um pouco e descanse. - dita e eu me deito na cama. - Eu vou para casa agora, mas vou deixar essa mala aqui. A Zoe deve estar chegando por volta das duas da tarde, e vai trazer seu almoço. Vê se obedece ela, ok Cole? Não se recuse a tomar os remédios e nem faça esforço. - concordo entediado e fecho os olhos.

- Obrigado. - resmungo assim que ela fica em silêncio.

- Por nada. - murmura baixo e logo ouço a porta de meu quarto batendo.

Não demora muito pra que meus olhos comecem a pesar e eu finalmente pegue no sono.

 ʀᴇᴛᴀʟɪᴀᴛɪᴏɴ 彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora