I need you.

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- Você sabe que se o Tommy te encontrar ele vai te matar, não é? - Casey questiona do outro lado da linha.

- Eu não estou nem aí pra ele, Casey. Sinceramente, eu quero mais é que ele vá pro inferno de uma vez. Eu cansei do Tommy, e se ele vier atrás de mim, eu me livro dele, nem que eu precise recorrer ao pai do Cole pra isso. - digo com raiva e minha voz sai quase em um rosnado. Me viro na cama e ouço Casey suspirar pesadamente.

- Então você não volta mesmo? Eu tô preocupado, Lili... - ele parece cansado e chateado com toda a situação.

- Não, Cas, me desculpe. - peço baixinho e suspiro pesadamente. - Depois de tudo o que Tommy fez, pra mim realmente não dá mais. Ele passou dos limites.

- Cole sabe onde você está?

- Não, ele não faz ideia. E talvez seja melhor dessa maneira, não quero que Tommy tente matá-lo outra vez. - mordo meu lábio inferior e passo minhas unhas por meu cabelo. - É melhor eu desligar, Casey, não quero que o Tommy pegue você ao celular comigo e descubra onde eu estou.

- Tudo bem, você tem razão. Se cuida, ok?

- Você também. Beijos. - murmuro baixo e finalizo a ligação jogando meu celular na cama.

Três semanas haviam se passado desde a última vez que vi Cole. Eu estava louca de vontade de procurá-lo outra vez, de abraçá-lo, e ouvir sua voz, louca pra pedir que ele ficasse comigo e cuidasse de mim, mas não podia. Era arriscado demais. Não queria dar de cara com Tommy e acabar sendo obrigada a voltar para a casa dele, então, passei a me manter praticamente presa dentro de um quarto de hotel a duas horas de distância de Nova Iorque.

Era ridículo viver daquele jeito, e cada dia que passava eu me sentia mais perdida. É horrível ficar sozinha, não ter pra quem pedir ajuda. Nem a minha família eu podia recorrer, já que eu abri mão deles quando resolvi seguir o estilo de vida que Cole tinha.

Sinto meu estômago embrulhar brutalmente numa vontade súbita de vomitar, e dou um pulo da cama correndo em direção ao banheiro. Um gosto horrível invade minha boca e eu começo a vomitar todo o meu jantar da noite passada.

Aperto meus olhos enquanto dou descarga e vou rapidamente a pia começando a escovar meus dentes. Já era a segunda vez que isso acontecia comigo nessa semana, e eu estava começando a ficar preocupada.

Tomo um banho frio na tentativa de relaxar e logo me arrumo decidida a sair do hotel para dar uma volta. Eu não podia ficar presa ali pra sempre. Se Tommy me encontrasse ou tentasse alguma coisa comigo, eu gritaria até que a polícia chegasse e se livrasse dele pra mim.

Pego um táxi em direção ao centro de Nova Iorque e paro em frente a um Dunkin' Donuts para tomar meu café da manhã. O cheiro do local me deixa estranhamente enjoada, mas eu ignoro o máximo que posso até finalmente terminar de comer tudo o que eu tinha vontade. Pago minha conta e deixo o estabelecimento começando a caminhar pelas ruas, olhando vitrines e tentando me distrair, mesmo que minha cabeça estivesse o tempo todo maquinando uma forma de fugir caso Tommy aparecesse em minha frente.

Sinto meu estômago embrulhar de novo, mas dessa vez consigo controlar. Pego meu celular em meu bolso e encaro a data por alguns segundos.
Um pensando que me deixa totalmente nervosa invade minha cabeça, me fazendo respirar fundo várias vezes e entrar na primeira farmácia que encontro a minha frente.

Passo pelas gôndolas apressadamente até finalmente encontrar o que precisava, corro em direção ao caixa pagando o produto sem nem ao menos esperar meu troco, e saio em disparada para o shopping que ficava à duas lojas de distância da farmácia.

- Desculpa! - digo afobada ao esbarrar em uma senhora enquanto corria em direção ao banheiro.

Abro a embalagem e sigo todas as instruções prescritas nela. Os três minutos que preciso esperar me deixam extremamente nervosa e alterada. Mas quando passam, eu quase perco a coragem de olhar o teste. Enrolo por mais alguns minutos e finalmente o viro para cima, vendo os dois palitinhos cor-de-rosa.

Grávida.

Eu estou grávida.

Eu vou enlouquecer.

Sinto o chão se desfazer em baixo dos meus pés e minha respiração começa a falhar. Me sento na tampa do vaso sanitário e largo o teste no chão, enfiando meu rosto em minhas mãos em seguida. As lágrimas queimam em meus olhos e logo escorrem por minhas bochechas. Meus soluços atrapalham ainda mais a minha respiração, e o desespero me faz pegar meu celular e discar o número de Cole.

- Eu preciso de você. - digo baixinho, em um fio de voz, quando ele finalmente atende seu celular.

- Onde você está? O que aconteceu? - ele questiona alterado do outro lado da linha.

- Me encontra no seu apartamento, naquele que costumávamos ficar juntos. - peço baixo em meio a soluços e respiro fundo tentando controlar meu choro e minha respiração.

- Eu tô indo pra lá agora. - Cole diz afobado e desliga o telefone sem se despedir.

Levanto do vaso sanitário e pego minha bolsa no chão junto do teste de gravidez, o enrolo no papel higiênico e o jogo dentro de minha bolsa, logo saindo do banheiro enquanto tento secar meu rosto desajeitadamente.

Pego um táxi em direção ao apartamento de Cole, e fico em frente ao mesmo o esperando. Passam-se dez minutos, e eu sinto duas mãos pesarem em meus ombros. Me viro bruscamente na intenção de abraçá-lo e finalmente poder chorar em segurança, mas arregalo os olhos ao me deparar com Tommy.

- O que você está fazendo aqui? - gaguejo. Um sorriso perverso brota nos lábios de Tommy e eu olho ao redor desesperada. Ele agarra meus braços e literalmente me arrasta pra dentro de seu carro enquanto eu me debato tentando me soltar.

- Olá, Lili. - sinto meu sangue ferver de ódio ao ver Zoe no banco da frente do carro de Tommy.

- Como vocês me encontraram? Eu vou matar vocês dois, eu odeio vocês! - grito estérica tentando me soltar enquanto Tommy amarra meus pulsos.

- Você não vai fazer absolutamente nada. - Tommy diz sorrindo e coloca uma fita isolante em minha boca.

- E respondendo sua pergunta, eu estava no escritório do Cole quando você ligou. Eu fui mais rápida, saí na frente, furei o pneu da moto dele e trouxe Tommy para cá. - diz sorrindo orgulhosa e meu sangue ferve cada vez mais.

Se eu colocasse as mãos naquela vagabunda outra vez eu faria questão de matá-la dolorosa e lentamente.

Tommy arranca com o carro e quando me viro pra trás vejo o carro de Cole adentrando a garagem do condomínio. Meu coração aperta, e meus olhos enchem de lágrimas outra vez. A sensação horrível de que eu nunca mais o veria invade meu corpo, junto da forte vontade de vomitar, e eu apenas largo meu corpo no banco de trás do carro, com um fio de esperança de que Cole me encontre e me tire das mãos de Tommy a tempo.

 ʀᴇᴛᴀʟɪᴀᴛɪᴏɴ 彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora