Meu corpo inteiro dói. Eu não faço ideia de onde estou, ou de que dia é. Abro os olhos com certa dificuldade por ainda senti-los muito pesados, e os estreito olhando ao redor. O quarto branco e os fios espalhados por meu corpo denunciam que eu estou em um quarto de hospital.
Eu estou viva!
Sinto um pequeno peso em minha barriga e abaixo o olhar. Sorrio fraco ao perceber que Cole estava sentado em uma cadeira que estava colada a minha cama, seu rosto estava deitado no pequeno espaço da cama e sua mão repousava sobre minha barriga.
Sinto meu peito doer ao começar a lembrar de tudo o que aconteceu na casa de Tommy, e encaro a mão de Cole lembrando-me da gravidez. Meus olhos marejam de imediato quando ligo uma coisa na outra.
Depois do que Tommy fizera comigo, era impossível que o bebê de Cole estivesse ainda dentro de mim.
Engulo em seco e fecho os olhos sentindo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas. Tombo minha cabeça minimamente para trás a deitando novamente no travesseiro.
Encaro o teto por alguns segundos e com muita dificuldade repouso minha mão sobre o rosto de Cole, começando a acariciá-lo como podia.
Ele abre os olhos um tanto quanto alarmado e apoia sua mão sobre a minha com tanto cuidado que parecia que eu poderia quebrar a qualquer momento.
- Você acordou. - a voz de Cole soa rouca e eu percebo seus olhos avermelhados. Seu rosto está pálido, e as olheiras embaixo de seus olhos denunciam o quanto ele estava cansado.
Cole tira minha mão de seu rosto com cuidado e beija a palma da mesma, já que o dorso estava todo furado e cheio de fios. Ele se levanta do banco e se ajeita ao meu lado. Sinto seus lábios tocarem minha testa e fecho os olhos brevemente.
- Eu achei que ia te perder. - ele diz baixinho e encosta sua bochecha na minha, logo a beijando e levantando o olhar para encarar meus olhos.
- Eu sou dura na queda. - brinco e minha voz sai mais rouca que o normal.
- Ainda sente muita dor? - ele passa as mãos pelos cabelos e me olha como se me analisasse.
- Está tudo doendo. - choramingo e respiro fundo. - Mas eu vou ficar bem.
- Você deveria estar apagada, são quatro da manhã ainda. - ele une as sobrancelhas ao olhar o relógio em seu pulso. - Eu vou chamar um médico. - diz alarmado e a preocupação está clara em seus olhos.
- Cole... - o chamo baixinho e ele vira-se em minha direção. - Fica comigo um pouco, eu não quero dormir de novo. - digo quase sem voz e ele sorri triste logo aproximando-se de mim novamente.
- Mas você precisa descansar, meu amor. - ele acaricia minha bochecha e eu fecho os olhos. Como eu senti falta de ouvi-lo me chamar de "meu amor".
- Eu estava grávida... - digo quase sem voz, sentindo o nó voltar a formar-se em minha garganta, e meus olhos mesmo fechados ardem.
Cole entrelaça os dedos de sua mão livre na minha e acaricia. Sinto seus lábios tocarem demoradamente minha testa e ele suspira pesadamente. Quando volta a me olhar, consigo perceber uma nuvem de raiva em seus olhos marejados. Mas ele força um sorriso, que me pareceu mais triste que suas lágrimas e suspira, antes de falar.
- E você vai ficar de novo. Quantas vezes você quiser. Nós vamos fazer um time inteiro de futebol, incluindo os reservas. - diz rouco e eu sinto as lágrimas escorrerem pelos cantos dos meus olhos. - Só não pensa nisso agora, por favor. Você não pode ficar nervosa. Descansa, ok? - ele pede baixinho e eu assinto.
Sinto os dedos de Cole passarem por meu rosto secando minhas lágrimas. Os lábios dele chocam-se suavemente com os meus em um selinho demorado.
- Eu não quero que você vá embora. - confesso assim que seus lábios desgrudam-se dos meus.
- Eu só vou sair daqui quando você sair. - ele assegura me olhando nos olhos.
- Promete? - aperto sua mão entre meus dedos e ele assente com a cabeça.
- Prometo.
- Eu quero te contar tudo o que aconteceu. - digo o olhando e levo minha mão com dificuldade ao seu rosto. Cole abaixa-se um pouco para ficar menos incômodo para eu tocá-lo e sorrio fraco.
- Você vai ter tempo de me contar tudo, ok? Mas não agora. Eu imagino como lembrar dessas coisas deve machucar você. - ele diz calmo e eu assinto. - Agora eu preciso mesmo chamar o médico, mas fica tranquila porque eu posso ficar aqui com você até as seis, ok? - Cole beija minha testa e eu assinto logo soltando sua mão.
Não demora muito para que Cole volte para o quarto acompanhado do médico. Ele acende a luz do quarto e eu estreito os olhos por conta do incômodo que a claridade causa em meus olhos. O médico se aproxima e sorri de maneira amigável.
- Você acordou sozinha, ou o rapazinho ali te acordou? - questiona levando seu polegar para a parte de baixo do meu olho a puxando pra baixo. - Olhe para cima. - diz posicionando uma pequena lanterna em direção ao meu olho.
- Acordei sozinha. Ele estava dormindo quando acordei. - explico baixo, enquanto o médico repete o processo no mesmo olho.
- Está sentindo muitas dores? - questiona guardando sua lanterna no bolso de seu jaleco, assinto e ele me observa por alguns segundos. - Onde?
- Ainda não tentei me mexer, ele não deixou. - rio fraco e Cole dá de ombros. - Mas basicamente em todo meu corpo, e as mais fortes e constantes estão na altura da minha barriga.
O médico anota umas coisas em seu celular e o guarda no bolso. Ele caminha em direção a uma bancada cheia de medicamentos e pega um pequeno vidrinho transparente junto de uma seringa.
- Vou te dar um remédio para dor, mas ele não irá te fazer dormir. - explica enquanto espeta a seringa no acesso do soro. - Preciso que você tente dormir sem ajuda do sedativo, pois caso consiga, posso entrar com remédios mais fortes para acelerar sua recuperação.
- E porque não entra com eles de uma vez? - Cole questiona ainda distante de nós dois.
- Porque pode dar reação em conjunto com os sedativos e acabar por acidente colocá-la em coma induzido, o que não seria nada bom. - explica calmamente e afasta-se jogando a seringa e o vidrinho no lixo. - Lembre-se de que ela precisa relaxar, e não deve se movimentar bruscamente. - diz para Cole e o mesmo assente.
O médico nos deixa sozinhos no quarto e Cole aproxima-se. Ele fica em pé ao meu lado na cama e leva sua mão ao meu cabelo começando a fazer cafuné delicadamente.
- Dorme. - ele pede baixo. - Vou fazer carinho em você até você dormir. - assegura.
- Promete que não vai embora? - peço fechando os olhos e relaxando o corpo.
- Nunca. Eu vou ficar aqui pra cuidar de você.
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ʀᴇᴛᴀʟɪᴀᴛɪᴏɴ 彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
ActionCole tem tudo. No entanto, a única coisa que ele não pode comprar, não está mais ao seu alcance. A vida do belo e alto rapaz de grandes olhos azuis sai dos eixos, como um trem descarrilhado, e ele acredita que, apenas o seu meticuloso plano será cap...