Promise me that you won't go away?

2.9K 366 289
                                    

Meu corpo inteiro dói. Eu não faço ideia de onde estou, ou de que dia é. Abro os olhos com certa dificuldade por ainda senti-los muito pesados, e os estreito olhando ao redor. O quarto branco e os fios espalhados por meu corpo denunciam que eu estou em um quarto de hospital.

Eu estou viva!

Sinto um pequeno peso em minha barriga e abaixo o olhar. Sorrio fraco ao perceber que Cole estava sentado em uma cadeira que estava colada a minha cama, seu rosto estava deitado no pequeno espaço da cama e sua mão repousava sobre minha barriga.

Sinto meu peito doer ao começar a lembrar de tudo o que aconteceu na casa de Tommy, e encaro a mão de Cole lembrando-me da gravidez. Meus olhos marejam de imediato quando ligo uma coisa na outra.

Depois do que Tommy fizera comigo, era impossível que o bebê de Cole estivesse ainda dentro de mim.

Engulo em seco e fecho os olhos sentindo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas. Tombo minha cabeça minimamente para trás a deitando novamente no travesseiro.

Encaro o teto por alguns segundos e com muita dificuldade repouso minha mão sobre o rosto de Cole, começando a acariciá-lo como podia.

Ele abre os olhos um tanto quanto alarmado e apoia sua mão sobre a minha com tanto cuidado que parecia que eu poderia quebrar a qualquer momento.

- Você acordou. - a voz de Cole soa rouca e eu percebo seus olhos avermelhados. Seu rosto está pálido, e as olheiras embaixo de seus olhos denunciam o quanto ele estava cansado.

Cole tira minha mão de seu rosto com cuidado e beija a palma da mesma, já que o dorso estava todo furado e cheio de fios. Ele se levanta do banco e se ajeita ao meu lado. Sinto seus lábios tocarem minha testa e fecho os olhos brevemente.

- Eu achei que ia te perder. - ele diz baixinho e encosta sua bochecha na minha, logo a beijando e levantando o olhar para encarar meus olhos.

- Eu sou dura na queda. - brinco e minha voz sai mais rouca que o normal.

- Ainda sente muita dor? - ele passa as mãos pelos cabelos e me olha como se me analisasse.

- Está tudo doendo. - choramingo e respiro fundo. - Mas eu vou ficar bem.

- Você deveria estar apagada, são quatro da manhã ainda. - ele une as sobrancelhas ao olhar o relógio em seu pulso. - Eu vou chamar um médico. - diz alarmado e a preocupação está clara em seus olhos.

- Cole... - o chamo baixinho e ele vira-se em minha direção. - Fica comigo um pouco, eu não quero dormir de novo. - digo quase sem voz e ele sorri triste logo aproximando-se de mim novamente.

- Mas você precisa descansar, meu amor. - ele acaricia minha bochecha e eu fecho os olhos. Como eu senti falta de ouvi-lo me chamar de "meu amor".

- Eu estava grávida... - digo quase sem voz, sentindo o nó voltar a formar-se em minha garganta, e meus olhos mesmo fechados ardem.

Cole entrelaça os dedos de sua mão livre na minha e acaricia. Sinto seus lábios tocarem demoradamente minha testa e ele suspira pesadamente. Quando volta a me olhar, consigo perceber uma nuvem de raiva em seus olhos marejados. Mas ele força um sorriso, que me pareceu mais triste que suas lágrimas e suspira, antes de falar.

- E você vai ficar de novo. Quantas vezes você quiser. Nós vamos fazer um time inteiro de futebol, incluindo os reservas. - diz rouco e eu sinto as lágrimas escorrerem pelos cantos dos meus olhos. - Só não pensa nisso agora, por favor. Você não pode ficar nervosa. Descansa, ok? - ele pede baixinho e eu assinto.

Sinto os dedos de Cole passarem por meu rosto secando minhas lágrimas. Os lábios dele chocam-se suavemente com os meus em um selinho demorado.

- Eu não quero que você vá embora. - confesso assim que seus lábios desgrudam-se dos meus.

- Eu só vou sair daqui quando você sair. - ele assegura me olhando nos olhos.

- Promete? - aperto sua mão entre meus dedos e ele assente com a cabeça.

- Prometo.

- Eu quero te contar tudo o que aconteceu. - digo o olhando e levo minha mão com dificuldade ao seu rosto. Cole abaixa-se um pouco para ficar menos incômodo para eu tocá-lo e sorrio fraco.

- Você vai ter tempo de me contar tudo, ok? Mas não agora. Eu imagino como lembrar dessas coisas deve machucar você. - ele diz calmo e eu assinto. - Agora eu preciso mesmo chamar o médico, mas fica tranquila porque eu posso ficar aqui com você até as seis, ok? - Cole beija minha testa e eu assinto logo soltando sua mão.

Não demora muito para que Cole volte para o quarto acompanhado do médico. Ele acende a luz do quarto e eu estreito os olhos por conta do incômodo que a claridade causa em meus olhos. O médico se aproxima e sorri de maneira amigável.

- Você acordou sozinha, ou o rapazinho ali te acordou? - questiona levando seu polegar para a parte de baixo do meu olho a puxando pra baixo. - Olhe para cima. - diz posicionando uma pequena lanterna em direção ao meu olho.

- Acordei sozinha. Ele estava dormindo quando acordei. - explico baixo, enquanto o médico repete o processo no mesmo olho.

- Está sentindo muitas dores? - questiona guardando sua lanterna no bolso de seu jaleco, assinto e ele me observa por alguns segundos. - Onde?

- Ainda não tentei me mexer, ele não deixou. - rio fraco e Cole dá de ombros. - Mas basicamente em todo meu corpo, e as mais fortes e constantes estão na altura da minha barriga.

O médico anota umas coisas em seu celular e o guarda no bolso. Ele caminha em direção a uma bancada cheia de medicamentos e pega um pequeno vidrinho transparente junto de uma seringa.

- Vou te dar um remédio para dor, mas ele não irá te fazer dormir. - explica enquanto espeta a seringa no acesso do soro. - Preciso que você tente dormir sem ajuda do sedativo, pois caso consiga, posso entrar com remédios mais fortes para acelerar sua recuperação.

- E porque não entra com eles de uma vez? - Cole questiona ainda distante de nós dois.

- Porque pode dar reação em conjunto com os sedativos e acabar por acidente colocá-la em coma induzido, o que não seria nada bom. - explica calmamente e afasta-se jogando a seringa e o vidrinho no lixo. - Lembre-se de que ela precisa relaxar, e não deve se movimentar bruscamente. - diz para Cole e o mesmo assente.

O médico nos deixa sozinhos no quarto e Cole aproxima-se. Ele fica em pé ao meu lado na cama e leva sua mão ao meu cabelo começando a fazer cafuné delicadamente.

- Dorme. - ele pede baixo. - Vou fazer carinho em você até você dormir. - assegura.

- Promete que não vai embora? - peço fechando os olhos e relaxando o corpo.

- Nunca. Eu vou ficar aqui pra cuidar de você.

 ʀᴇᴛᴀʟɪᴀᴛɪᴏɴ 彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora