☙ • Contato de Primeiro Grau

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• ☙ •  +14 – Contém insinuações a nudez.

Já passava das 7h da noite quando Matthew se mexeu na cadeira que havia sido colocada ao lado da cama de Louise. A garota ainda continuava desacordada. Pálida, como um boneco de gesso, com a respiração forte e a febre ainda por volta dos quarenta graus. Mesmo o curandeiro responsável por ela tendo dito que ela ficaria bem, o garoto não conseguia refrear os pensamentos que duvidavam disso. É verdade que ele não tinha uma relação muito boa e íntima com Louise, achava ela meio insistente com as causas erradas, e não era uma qualidade que ele admirava, mas mesmo assim ele jamais desejou que algo de ruim acontecesse com ela. Ainda mais algo daquela proporção. Torceu secretamente pra que ele fosse insistente com a vida, tivesse vontade de viver e saísse daquela o mais rápido possível.

Para a polícia, e o resto da comunidade, Louise estava desaparecida, eles não tinham permissão de entrar na Reserva e Ian era um ator tão bom que fez eles acreditarem com facilidade que a garota não estava ali e que eles jamais a tinham visto na vida. Até ofereceu um grupo de ajuda da Reserva pra ir nas buscas a procura da garota.

No fundo, o Sr. Venon sabia que aquilo não era o certo a se fazer, mentir pra polícia e pra comunidade sobre o paradeiro de alguém. A família dela devia está desesperada, mesmo até aquele momento ninguém ter ouvido nada a respeito deles. Contudo, eles sabiam que não podiam deixar ela ir até que descobrissem o que havia acontecido. Louise era uma prova viva, talvez a única testemunha que eles poderia ter. Se ela fosse pro hospital local ou qualquer outro lugar, sobre a custódia da polícia, eles nunca mais ouviriam uma palavra da boca dela e chegar perto dela seria praticamente impossível. Todo mundo concordou que a mentira era por um bem maior.

Por esse bem maior que Matt estava com a bunda dolorida, mas colada na cadeira ao lado da cama dela. Todos concordaram que seria melhor assim. Depois de tudo que ela passou. Acordar num lugar estranho, cercado de gente estranha poderia aumentar ainda mais o trauma. Matt aceitou a vigia sem pestanejar.

Sentiu saudades de Marie, gostaria de ter trazido o celular para poder falar com ela. Estava preocupado também com a garota. Tinha como não ficar? Tocou os lábios com as pontas do dedos e quase podia sentir a maciez e o calor que vinham dela. Ele abriu um sorrisinho cínico. Lembrando da sensação do corpo dela junto ao seu. Um calafrio percorreu seu corpo e ele sentiu um formigamento na área do baixo ventre. Mexeu-se na cadeira. Aquilo parecia ter acontecido há tanto tempo. O abraço, o beijo, o corpo dela junto ao seu...

O que ele não dava pra ter Marie nos seus braços uma vez mais? Louise gemeu, provavelmente de dor e isso trouxe Matt para aquela realidade. Os olhos dela tremiam e havia uma expressão confusa no seu rosto. Ela deveria está vendo algo

Ele se aproximou mais dela e ficou ansioso, apreensivo. Ela abriria os olhos agora?

— Louise? — Chamou baixinho, com medo de causar uma perturbação maior. Tocou sua mão e a apertou. — Está tudo bem, você está segura agora. — Mas a garota não correspondeu. Na verdade, a única reação que ela fazia era as expressões de incompreensão e medo  Provavelmente estava sonhando com o ataque. Revivendo o momento num loop infinito. Será que viu a amiga morrer? Ele engoliu em seco.

Matt soube por Julio que a coisa não tinha sido bonita. A cabeça da garota foi encontrada longe do corpo. A coisa havia sido ainda mais brutal do que da primeira vez. Todos concordaram de que Louise havia tido sorte de ter saído somente com uma perna esfolada, mas ainda ligada ao seu corpo. Era surreal o modo como aquelas coisas estavam acontecendo de uma hora pra outra. Num dia, Santa Ariana ganharia fácil o prêmio de cidade mais calma do mundo, no outro havia um serial killer brutal e incomum a solta. Alguma coisa tinha acontecido, alguma coisa havia aberto os portões desse inferno. Matt podia sentir isso.

Lobisomem - Eu não sou um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora