Lobisomem - Eu não sou um herói

☙ • Capa de Sangue

O dia do tal baile chegou, Matt e os outros passaram o dia na escola ajudando com os preparativos. A parte mais difícil foi pendurar a lua cintilante que a Lua fizera com isopor e muito glitter. Ficou simplesmente perfeita. Mas Luke e Mark ficaram brigando na tarefa de prendê-la. Eles ficavam disputando pela corda e isso fazia a grande lua balançar de um jeito ameaçador e frágil. Foi por muito pouco que a grande bola não se espatifou no chão. Por muito pouco, também, a própria Lua não cometeu um duplo homicídio. Contudo mesmo com tantas brincadeiras e discussões eles haviam conseguido fazer um excelente trabalho. No fim, deu tudo mais que certo.

Todo o pátio foi coberto com tecido preto, as toalhas de mesas e os arranjos eram roxos e vermelhos, haviam balões da mesma cor pendurados no teto. Também tinha morcegos pendurados nas cortinas. A grande lua ficou bem no meio do teto. Luzes foram espalhadas pelos cantos e mudariam de cor conforme o momento. Na parte que separaram pra pista de dança foi estendido um grande tapete roxo e circular, onde foi desenhado uma teia de aranha. Também foi feito pequenos saquinhos com aranhinhas de papel e todo mundo ganharia um. Pra que fosse jogado um nos outros. Como confetes de halloween. Nessa parte a brincadeira era individual. Ficava a critério do possuidor do saquinhos sair distribuindo confetes ou não. Também havia pelos corredores algumas imagens de clássicos de filmes de terror, desde palhaço até cara com moto serra. Dependendo da luz do momento, as feições deles poderiam ser assustadoras.

Era por volta de 19:12 grande agora e Matt estava no seu quarto, terminando de colocar o terno de Lobo Mau e trocando as últimas mensagens com Marie.

"Estou praticamente pronta."

Ela digitou e Matt respondeu alguns minutos depois:

"Eu também. Só falta a maquiagem. Mas minha mãe disse que vai me ajudar."

E ajudou, Rose fez uma maquiagem de lobo nele e até improvisou orelhas pontudas. O clima entre eles ainda não estava totalmente sanado. Mas pra que os irmãos não desconfiassem de nada Matt procurava agir o mais normal possível. Sabia que também não podia culpar a mãe por se apaixonar, mesmo que brevemente, por um desconhecido. Todas às vezes que ela falava de Anthony um brilho acendia nos seus olhos. Matt entendia isso agora que estava apaixonado por Marie. Mas era difícil aceitar que a verdade lhe foi escondida por tanto tempo, então apesar do ardor que sentia pela mentira, ele procurava se agarrar aos bons motivos para perdoar a mãe. Procurava antes de tudo, entendê-la. Afinal de contas, ele mesmo tinha seus próprios segredinhos. Assim eles iam seguindo a vida do jeito mais normal que conheciam.

Quando ela finalmente terminou, Matt estava pronto. Um Lobo Mau. Muito fofo por assim dizer.

"Vou de Uber, quer que eu passe ai pra te pegar?"

Ele enviou a mensagem pra Marie logo depois de ter chamado o carro.

"Não precisa. Vou resolver umas coisinhas antes de ir. Uso o dinheiro que me emprestou pra pegar um carro... Provavelmente chegarei antes de você, beijos."

Coisinhas? Que coisinhas a Marie teria pra resolver? Matt se sentiu um pouco desconfortável. Pensou em perguntar, assim, como quem não quer nada. Mas ele e Marie não tinham segredos um com o outro. “Sem mentiras, sem segredos” era o lema deles, não era? Então se a Marie disse que faria algumas “coisinhas” era porque, certamente, não era algo com o que Matt deveria se preocupar. Provavelmente estava sendo um bobo naquele momento.

Ele balançou a cabeça como se isso fosse afastar qualquer pensamento ruim em relação ao parênteses que a mensagem de Marie havia aberto. Não tinha nada com o que se preocupar. Ela ia dizer que teve uma dor de barriga ou teve que terminar o jantar do pai antes de ir, era algo assim. Matt deu uma risadinha, se sentindo um idiota por pensar por alguns minutos que a Marie pudesse lhe esconder algo. Pegou no celular pra digitar uma resposta, mas a buzina de um carro chamou sua atenção. Era sua condução. Ele bloqueou a tela e guardou o celular no bolso.