☙ • Copos Otimistas

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O Sr. Venon foi levar eles ao hospital. Já que seria muito complicado ir até lá como lobisomens. O hospital ficava em área urbana fechada e não havia bosques ou florestas por perto pra eles desfazerem a transformação e pelo que Mark já havia contado eles concluíram que a população tinha tido bastante emoções para uma noite. Falando em Mark ele também foi um motivo forte pelos quais eles foram de carro. Já que ele estava machucado e o curandeiro havia declarado “repouso absoluto”, a carona acabou sendo mais que bem vinda.

Assim que entraram no hospital, Matt sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Odiava hospitais, sequer se lembrava da última vez em que há ia estado em um de verdade. Aquele lugar pra ele era tão macabro e melancólico. Parecia poder sentir na pele o sofrimento e a dor de cada um ali mesmo que não pudesse vê-los.

— Você está bem, Matt? — Mark perguntou, colocando uma das mãos no ombro dele. Os outros meninos também o olhavam esperando uma resposta. Deve ter ficado com cara de perdido enquanto ainda estava parado na soleira da porta.

— Tudo bem, então vamos. — Julio tomou a frente e se apressou em direção a recepção. — Olá, boa noite, somos amigos da... — Ele parou por uns segundos. Seu olhar ficou perdido e suas palavras tambem. Então Will se aproximou, ficando ao lado dele.

— Da garota que foi atacada hoje a noite. Ela se chama Europa, gostaríamos de saber como ela está. Será que podemos entrar? — Will completou e Julio se afastou, parecendo envergonhado.

— Todos vocês? — A recepcionista se levantou da cadeira, contou os garotos mentalmente.

— Não vamos demorar, só queremos notícias. — Fortaleceu Mark.

— Tudo bem... — A mulher digitou alguma coisa no computador e alguns segundos depois disse: — No final desse corredor tem uma sala de espera, vocês podem ir até lá e bem... Esperar.

— Obrigado! — Os garotos, exceto Julio que ainda parecia perdido em algum lugar distante, responderam.

Eles se apressaram pelo corredor que a mulher tinha indicado. O hospital era todo branco com alguns detalhes verdes e aquele cheiro forte de xarope, soro e desinfetante. Quanto mais fundo eles iam no prédio, mais Matt se sentia desconfortável. Antes mesmo deles chegarem a tal sala de espera, uma pessoa veio andando depressa na direção deles.

— Eu vim assim que soube. — Luke estava tão consumido pelo cansaço que agora tinha até olheiras.

— E como soube? — Mark perguntou enquanto eles se aproximavam de uma área com algumas cadeiras brancas com detalhes metálicos e uma porta que abria pra uma espécie de terraço. Lá fora havia duas pessoas abraçadas, eram Lua e Stanley. A garota chorava tanto que se sacudia. Nenhum dos garotos saiu pra falar com ela.

— O noticiário.

— Sabe como ela está? — Julio finalmente falou, parecia que tinha acabado de chegar ali. Ele olhou pros lados com certo desespero como se esperasse que a sua resposta fosse sair de uma daquelas portas duplas que abriam pra frente e pra trás.

— Quando eu cheguei aqui, ela tinha acabado de entrar na sala de cirurgia. — Luke contou e abaixou a cabeça, contemplando os tênis sujos.

— Cirugia? — Mark perguntou baixinho, fez uma careta e engoliu em seco.

— Pelo que fiquei sabendo ela conseguiu correr da criatura, mas de fugir de fato foi agarrada por uma delas e bem... O braço dela... — Foi a vez dele engolir em seco e fazer uma careta. Matt sentiu um desconforto estranho no estômago e o cheiro do hospital pareceu ficar ainda mais forte. Ele fechou os olhos com força, tentando por tudo no mundo não imaginar a cena. — Os médicos disseram que farão o possível pra que ela não o perca.

Lobisomem - Eu não sou um heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora