Capítulo 9

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Levantei meu corpo lentamente, pensando em qual desculpa inventaria desta vez.
Minha respiração estava ofegante e os meus batimentos cardíacos, disparados.

Dessa vez eu estava realmente encrencada.

-Sabe Patrice, você anda ultrapassando os limites ultimamente. Você sabe muito bem que eu não quero que ninguém entre naquele banheiro!

-E eu poderia saber o porquê?

-O corpo do seu pai foi encontrado lá. Quer motivo maior?

-Quero. Pelo o que eu saiba, a senhora já seguiu em frente, certo? Desde janeiro deste ano continua com a sua pose de "mulher inabalável", como se tudo tivesse ocorrido há anos. Até quer trabalhar na empresa dele, na sala dele! Então pra que manter aquele banheiro trancado?

-Eu tenho os meus motivos, Patrice.

-Ah sim, e eu já descobri um deles.

A partir daquele momento, fui ganhando mais confiança.
O sangue fluía com uma velocidade absurda por entre as minhas veias, mas eu não podia ficar quieta agora.

-A senhora sabe que meu pai não se suicidou.

-Não sei do que está falando, Patrice.

-Tanto é que trancou a cena do crime e fez com que ninguém nunca mais entrasse lá, só para esconder uma prova importante.

-Prova importante?

-Agora, a questão é: por que não deixou que os peritos investigassem? Por que não deixou que o meu pai tivesse um fim digno e com justiça?

-Patrice, você está louca! Teremos que conversar novamente sobre o fato dele ter nos abandonado?

-Não, não será necessário. Até porque eu descobri seu segredinho sujo, Miss Jackson, agora só preciso juntar as últimas peças do quebra-cabeça.

Assim dito, peguei meu celular, soltei um sorriso cínico e saí correndo do meu quarto, deixando minha mãe a gritar no andar de cima.

Ignorei tudo e fui para a casa de Josh, já que precisava muito conversar com ele.

Ao chegar na casa toda feita de madeira, o que dava um ar rústico ao local, bati na porta e logo fui recebida por Patrick.

-Pattie, que surpresa!

-Olá, Mr. Melbourne. O Josh está? - Perguntei, mesmo já sabendo a resposta óbvia.

-Bem, ele está de castigo. Mas entre, eu quero falar com você.

Aceitei o convite e entrei novamente naquela casa, ainda sentindo a cápsula em meu bolso.

-O que gostaria de falar comigo, Mr. Melbourne?

-Bem, eu... Só gostaria de saber se você está aproveitando o presente que a minha mulher te deu em seu aniversário.

-Ah, claro. É uma ótima lembrança do meu pai.

-E gosta do que vê nas fotos, lê nos diários...?

-Mr. Melbourne, eu realmente não sei onde quer chegar com todas essas perguntas.

-Apenas curiosidade própria. E também para te avisar.

-Avisar? Avisar o quê?

-Sabe, é provável que você sinta coisas que não gostaria ao ver todas essas coisas de Jake, não acho que essa caixa tenha sido boa para a sua saúde mental e física...

-Mr. Melbourne, eu realmente não estou te entendendo...

-Acho que seria para o bem de todos que você... Devolvesse essa...

-Pattie? O que está fazendo aqui? - Josh apareceu no topo da escada, com uma calça de moletom folgada, uma camiseta branca e tênis velhos nos pés. Naquele momento eu finalmente pude voltar a respirar.

-Joshua, como saiu do seu quarto?

-Pai, você se esquece que é perito e que me ensinou algumas táticas policiais? Eu simplesmente destranquei a porta usando um clipe de papel!

-Oh, eu não deveria ter te ensinado isso... Enfim, Patrice e eu estávamos apenas conversando um pouco.

-É-é... - Concordei com a voz um pouco trêmula. - Josh, posso conversar com você?

-Claro, vamos lá fora.

Concordei com a proposta e fui para o jardim da casa dos Melbourne, ainda tentando entender tudo o que Patrick havia me dito ou insinuado.

-Então Pat, o que quer falar comigo?

-Podemos entrar no seu carro? Não sinto que bem em frente à sua casa seja um bom local para falarmos.

-O que? Por quê?

-Apenas vamos.

Puxei-o pelo braço até o automóvel e, já dentro do mesmo, respirei várias vezes antes de começar a falar.

-E então, Pat? Você tá começando a me preocupar.

Olhei de um lado para o outro, para checar se havia alguém por perto, e, ao perceber que estávamos sozinhos, retirei o pequeno embrulho de papel higiênico de dentro do meu bolso.

-O que é isso?

-O que encontrei no banheiro, perto de onde meu pai foi encontrado.

Ele desembrulhou o papel na palma de sua mão e, depois de se assustar, disse:

-Patrice, isso é... Isso é uma cápsula de bala!

-Sim.

-Seu pai levou um tiro, então?

-É o que parece.

-E como iremos confirmar isso?

-Bem... Você está livre amanhã?

-Completamente sem nada pra fazer.

-Ótimo. Chegou a hora de conversar com alguns médicos legistas.

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Miss JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora