Capítulo 8

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-Josh, onde você está?

"Preso, em casa. Meu pai deu um ataque e me colocou de castigo por nada."

-O que? Castigo? Mas Josh, eu preciso de você!

"Eu sei, mas ele literalmente trancou as janelas do meu quarto e a porta também. Eu tô realmente preso, Pat."

-Ok, tudo bem.

"Não tem como você deixar isso pra amanhã? Eu prometo que dou um jeito de sair daqui."

-Não Josh, relaxa. Eu encontro o que for que esteja escondido naquele banheiro e te falo o que é depois, tudo bem?

"Você tem certeza? E se a sua mãe chegar?"

-Eu não tenho medo dela. Se ela vier falar besteira, eu irei retrucar.

"Não gosto dessa ideia, Pat. Você não tem medo dela, mas eu tenho. Ela esconde algo, eu tenho certeza."

-Josh, não precisa se preocupar comigo. Eu sei me virar.

Sem esperar uma resposta, encerrei a chamada telefônica.
Então, resolvi andar pelo jardim, dando uma volta pela minha própria casa.
Eu havia esquecido as chaves na noite passada e minha mãe não estava, então eu realmente procurava por lugares por onde eu poderia entrar.

De repente, uma lembrança apareceu em minha mente: a janela do meu quarto estava aberta. Determinada, já sabia o que fazer.

Tomei uma grande distância da casa, andando até chegar em uma árvore que existia em nosso quintal, onde eu e meu pai havíamos construído minha primeira casa da árvore.
Depois, saí correndo e peguei impulso para subir a parede. Não consegui.

-Quem mandou evitar todas as aulas de educação física, dona Patrice... - Disse para mim mesma.

Resolvi, então, escalar a árvore e entrar na pequena casa cor-de-rosa, tentando lembrar se existia algo lá que pudesse me ajudar.

Quando finalmente consegui entrar, me deparei com uma pequena mesa (também feita de madeira) e duas cadeiras, ambas empoeiradas. Nas paredes estavam alguns desenhos feitos por mim e algumas fotos minhas e com o meu pai.
Em um canto, finalmente encontrei algo útil: uma escada que usávamos para subir até lá e que tínhamos guardado para proteger das chuvas.
Sem hesitar, a peguei.

Com isso, tudo foi facilitado para mim: consegui descer da árvore tranquilamente e entrar no meu quarto pela janela também.

Ao entrar, olhei para o relógio que existia sobre a minha escrivaninha: já eram três e vinte da tarde. Eu precisava me apressar ou então seria pega.

Saí correndo pelo andar de cima da casa e fui em direção ao chamado "cômodo proibido": o banheiro da suíte dos meus pais.

O corpo de meu pai havia sido encontrado lá, dentro da banheira (completamente cheia, quase transbordando) e com um secador de cabelos na mão dele. Com essa cena, todos admitiram que ele havia morrido eletrocutado, mas eu continuava não acreditando.

Agora eu sabia que estava certa.

Desde aquele dia, o banheiro permanecia fechado e sem ser utilizado.

Após respirar fundo algumas vezes, entrei no cômodo.
Lá dentro, tudo permanecia do mesmo jeito: bagunçado e com algumas marcas da perícia.

-Ok pai, me ajude a encontrar o que você quer que seja encontrado.

Comecei a procurar por qualquer pequeno detalhe que tenha passado despercebido por alguém, olhando dentro de gavetas e armários.

Nada.

-Se eu fosse uma coisa que não poderia ser descoberta, onde me esconderia?

Pensei por mais alguns minutos até começar a olhar embaixo dos móveis do banheiro e nos cantos do lugar.

Então, meus olhos prenderam em um pequeno objeto brilhante que se encontrava perto da banheira. Cheguei mais perto e enrolei-o em papel higiênico, pegando na mão em seguida.

-Mas o que diabos é isso?

Abri o pequeno embrulho e, quando me dei conta do que era, me assustei: era uma cápsula de bala, mas eu não sabia de qual calibre era.
O que isso significava, então?

Resolvi contar logo para Josh, para que eu pudesse ouvir a opinião dele sobre a minha nova descoberta.
Levei as mãos ao bolso e, ao não sentir meu celular lá, me desesperei.

-Droga...

Voltei correndo ao meu quarto, já bagunçando tudo o que estava sobre a minha escrivaninha.

-Onde você foi parar, filho?

Continuei olhando por tudo: sobre a cama, em cima da cômoda e até mesmo dentro do armário.

-Procurando por alguma coisa? Mais especificamente, procurando pelo seu celular?

Na hora, gelei e parei o que estava fazendo.

Eu conseguia sentir o olhar dela queimando em minhas costas.

Miss JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora