Capítulo 10

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-Só mais algumas quadras e... Droga Josh, perdemos a curva!

-Mas já é a terceira vez que isso acontece! Pattie, você não sabe se localizar com um mapa?

-Desculpa, é muito difícil!

-Mas é o Google Maps, cara! Tá escrito aí onde temos que ir!

-Quer saber de uma coisa? Encosta esse carro em algum lugar e vamos a pé!

Josh seguiu minha dica e acabou estacionando o carro em frente a uma lanchonete.
Com raiva, saí do automóvel e bati a porta atrás de mim, andando rapidamente à frente de Melbourne.

-Pattie, espera!

-Vamos logo, Josh! Não podemos chegar lá muito tarde!

Apenas o ouvi bufar atrás de mim e, como resposta, revirei os olhos.
Ele estava realmente testando minha paciência hoje.

Em questão de minutos descemos a rua e logo estávamos em frente ao Instituto Médico Legal da cidade.

-Como faremos pra saber mais sobre o seu pai?

-Iremos entrar no hospital e procurar pelos médicos responsáveis pelo caso.

-E você lembra os nomes deles?

-Kendall Montgomery e Anne Abrams.

-Caramba, você realmente decorou tudo sobre o caso.

-É, digamos que sim. Agora vamos.

Logo estávamos dentro do prédio, que possuía uma pintura desbotada de cor verde musgo nas paredes e decorações em cor creme. Não haviam muitas pessoas na sala de espera, mas o movimento de profissionais com aventais brancos e macas era constante.

-Com licença, posso ajudá-los? -Um homem com cabelos bem pretos e olhos castanhos se dirigiu a nós, por trás do balcão. Aquele provavelmente era um recepcionista.

-Sim, pode. A gente precisa falar com dois dos funcionários, Kendall e Anne.

-Olha mocinha, você é bem sortuda. Os dois não estão ocupados agora, na verdade, estão almoçando.

-Poderíamos ir até eles, então?

-Não sei se eles gostarão, mas... Posso levá-los até lá.

Com um sorriso mínimo, o homem fez um sinal para o seguirmos. Olhei para Josh de maneira hesitante, o que o levou a pegar em minha mão e seguir pelos corredores que nos levavam até o pequeno restaurante que existia lá dentro.

Aquele lugar me dava arrepios.

-Bem, eles estão ali naquela mesa do canto.

-Ok, obrigada.

Nos dirigimos até o lugar indicado pelo homem e pegamos cadeiras para sentarmos à mesa com os médicos.

-Com licença, mas nós conhecemos vocês? - Anne perguntou assim que nos acomodamos nas cadeiras.

-Não, pelo menos ainda não. Ele é Joshua Melbourne e eu sou Patrice Claire Jackson. Estamos aqui para saber sobre um dos casos recentes que vocês dois investigaram.

-Não sei se vocês perceberam, mas estamos almoçando e não queremos falar sobre corpos que já examinamos.

-Por favor, Anne. Deixe a garota falar.

A mulher apenas revirou os olhos, enquanto o homem nos encorajava a continuar a falar.

-Qual seria o caso em que está interessada? Vamos tentar nos lembrar do maior número de detalhes possível.

-Bem, vocês lembram de um homem chamado Jake Thompson Jackson? Alto, cabelos pretos, olhos claros?

Quando terminei de pronunciar o nome de meu pai, os dois médicos se entreolharam de um jeito estranho, confirmando minhas suspeitas de que ambos escondiam informações cruciais sobre o que realmente aconteceu.

-O que foi? O que vocês sabem sobre o meu pai?

-Acho melhor vocês irem embora. O caso já está encerrado e nossa parte já foi feita.

-Por favor, doutora Anne, eu sei que ele não se suicidou! Me ajude a entender o que realmente aconteceu!

-Como nós dois dissemos, o corpo tinha sinais claros de morte por choque elétrico, ou seja, seu pai morreu eletrocutado. Não há mais nada a ser dito. Agora, se vocês me dão licença.

Irritada, Anne se levantou rapidamente da mesa e saiu andando pelo hospital.
Eu apenas respirei fundo, derrotada novamente.

-Olha, doutor Kendall, se você não quiser repetir as palavras da doutora Anne não tem problema. Acho que já entendi o recado.

-Não, Patrice. Não foi isso o que realmente aconteceu.

-Não? - Perguntei assustada, procurando urgentemente a mão de Josh para me sentir segura.

-Não. Eles nos fizeram mentir sobre a causa da morte para esconder a verdade horrível do caso.

-E qual seria essa verdade?

-Você quer mesmo ouvir? Isso pode me custar o emprego, mas você merece saber o que realmente aconteceu.

-Sim, por favor.

-Bem, Patrice, na verdade o corpo do seu pai possuía vestígios de um bloqueador neuromuscular além de...

-Uma marca de bala?

-Não só uma, mas sete.

-Sete?!

-Sim. Duas nos pulsos, duas nas metades dos braços, duas nos ombros e uma exatamente no meio do tórax, na região do diafragma.

-Isso forma... Uma letra M?

-Sim.

Eu apenas segurei minhas lágrimas, mas não conseguia falar mais nada.
Josh, ao perceber isso, resolveu prosseguir com a conversa para conseguirmos o máximo de informações possíveis.

-E quem seria o monstro que mandou vocês esconderem essas coisas? A essa hora, o responsável por essa tragédia já estaria atrás das grades, pagando pelo o que fez!

-Ok, agora eu tenho certeza de que irei perder o emprego. Não sei se posso falar isso.

-Diga, por favor, quem fez isso. Faça a coisa certa desta vez!

Kendall apenas respirou fundo, parecendo pensar se deveria dizer ou não.

-A ordem veio diretamente para nós, em uma conversa a três com o chefe dos peritos.

-Espere um pouco, o chefe dos peritos?

-Sim, Josh. A ordem para esconder essas informações veio do seu pai, o grande Patrick Melbourne.

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Miss JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora