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Yoongi

Seokjin, que estava sentado no banco da frente, parecia quase tão estático quanto eu. Vez ou outra, ele deixava escapar alguma pergunta que eu não sabia como responder. Tudo que eu podia fazer era murmurar "sim" ou "não". Hoseok não tinha sido específico em sua mensagem - decifrar as abreviações desesperadas já foi bastante difícil - como eu podia saber com detalhes tudo que tinha acontecido?

Os dez minutos que passamos no trânsito pareceram uma eternidade. Quando o outro professor de Taehyung, que eu não conhecia na verdade, estacionou o carro, abri a porta e corri até a entrada da casa de Hoseok imediatamente.

A porta estava encostada, mas não fechada à chave. Girei a maçaneta, e entrei. Enquanto dava passos vacilantes pelo corredor que levava à sala, me dei conta de como nunca havia colocado os pés ali antes. Ainda assim, tudo remetia a Hoseok e sua áurea antes revigorante.

Na primeira vez que avaliei o lugar com o olhar, apenas notei que a TV estava ligada em um seriado qualquer. Na segunda vez, notei o braço de Hoseok estirado no chão. Corri até ele, em choque, sem querer tocá-lo com medo de piorar tudo.

Era difícil assimilar a situação, acreditar naquilo. Hoseok tinha machucados pelo rosto, sangue escorrendo pelo canto da boca, e a camiseta suja e amarrotada. No fundo, eu não queria saber exatamente o que tinha acontecido, só queria vê-lo bem o mais rápido possível.

- Acho melhor levar ele pra um hospital - Taehyung disse - No carro do Namjoon pode ser mais rápido.

Desviei o olhar de Hoseok, não conseguia mais o encarar naquele estado, e assenti com a cabeça para meu amigo. Ele estava certo, afinal. Devíamos levá-lo a um hospital logo, ele devia ficar bem logo.

Seokjin então pegou Hoseok no colo, como se não pesasse nada, o levando para fora daquela casa.

Por mais que eu tentasse evitar, era impossível não criar um cenário com tudo que havia acontecido. Era impossível não sentir minhas vísceras se contorcerem de raiva do homem que tinha feito aquilo. No fundo de meu subconsciente, eu só conseguia sentir repulsa e tristeza.

Novamente no carro do professor, apoiei Hoseok como consegui em meu ombro. O hospital não ficava tão longe dali, pelo que eu me lembrava.

Quão sérios podiam ser os danos físicos que ele havia sofrido? Será que chegavam a ser piores que os psicológicos?

Eu não conhecia Hoseok a tanto tempo assim, não sabia como ele vinha se sentindo. Ainda havia muita coisa não falada entre nós, mas eu tinha certeza de uma coisa: faria sempre meu melhor para vê-lo bem.

Assim que o carro foi estacionado outra vez, Taehyung puxou Hoseok com delicadeza até o lado de fora. Demorei um pouco para conseguir deixar o veículo, observando eles o levarem para além das grandes portas de vidro do hospital.

Respirando fundo, criei coragem para os acompanhar. Dentro do estabelecimento, Seokjin conversava com uma enfermeira. Hoseok estava sendo colocado em uma maca por alguns médicos.

- O que exatamente aconteceu? - ela perguntava.

- Ele foi espancado - interrompi - Não podemos falar com detalhes o que houve, não estávamos lá.

- Você é...?

- O namorado dele. - falei num impulso - Será que dá pra simplesmente ajudar? Eu não sei a quanto tempo ele está desacordado.

A mulher fez uma cara de contragosto, parecia não ter gostado de saber da informação.

- Ele precisa do acompanhamento da família nesse caso - ela continuou - mas vamos fazer nosso melhor. Caso forem esperar, podem ficar naquela recepção.

Eclipse || CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora