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Hoseok

Minha playlist era reproduzida no aparelho de som do carro e, no momento, a batida relaxante de I feel It coming reverberava no ambiente. Eu cantava enquanto dirigia em direção à escola pública na qual minha mãe dava aula pela manhã.

Foi relativamente simples depois que ela saiu de casa. Após um tempo no banheiro com Taehyung, que insistiu em tomar banho comigo dizendo que "quanto mais limpo melhor", eu tive que ajudar Jisung a conferir se estava tudo certo antes de sair. Meu irmão, mesmo tendo apenas 9 anos, já fazia tudo sozinho e precisava de ajuda só na hora de conferir o material que ia levar a escola. O problema é que Jisung era também muito observador, e não tive como esconder Taehyung dele.

Quando meu irmão viu o garoto alto e bonito que me acompanhava, foi logo me enchendo de perguntas embaraçosas, típico de qualquer criança. "É seu amigo? Seu namorado? Mamãe sabe? Ele dormiu aqui?". No fim das contas tive que subordiná-lo com uma visita ao parque na semana que vem e dinheiro. Coitado de quem acha que comprar o silêncio de uma criança é fácil. O mais importante é que ele concordou em não me explanar e pude deixá-lo no colégio sem mais preocupações.

No caminho até o campus onde Taehyung estudava, conversamos sobre vários assuntos fúteis e descobri que ele desde sempre teve um amor muito grande pela arte. Era interessante descobrir como ele era afeiçoado a museus, pinturas e teatro. Também descobri algo que na verdade já era bem óbvio; Taehyung adora aproveitar a vida e não perde nenhuma oportunidade. Isso me fez pensar que posso ter sido apenas mais uma aventura, mas surpreendentemente não fiquei abalado. Até porque todos os pensamentos sobre Taehyung que percorriam minha mente desapareceram no momento que esbarrei, dessa vez literalmente, em Yoongi.

O universo vivia me jogando no caminho do garoto, e era sempre aquele misto de confusão e estranheza quando isso acontecia. Principalmente porque tudo nele parecia ser oposto.

A áurea que transparecia de Yoongi era diferente.

Minha mãe me aguardava no estacionamento a frente do colégio. Estacionei o carro e andei em sua direção.

— Finalmente, Hoseok. Você demorou dessa vez. — ela disse com os braços cruzados provavelmente por causa do frio.

— Desculpa, me compliquei no trânsito.

A expressão dela me dizia que ela não havia acreditado no que eu tinha dito, nunca fui um bom mentiroso. No entanto, ela não prolongou o assunto.

— Então, Hobi, eu vou ser direta. Fui demitida da outra escola.

Quê?

— Com isso, só me sobra esse emprego, mas... é escola pública, então não é o suficiente para manter nossas despesas. Eu mandei alguns currículos para outros colégios, mas provavelmente vão demorar pra me mandar algum retorno.

Quanta informação em tão pouco tempo.

— Mas espera, por que te demitiram? Sempre achei que seu emprego lá fosse estável. Mãe, você é a professora de história mais venerada daquele colégio.

— Eu sei que sou, mas o diretor não acha isso. Depois que fiz aquela campanha e palestra sobre a comunidade LGBT, alertando como o apoio dos pais é importante e tudo o mais... Ele disse que eu estava sendo uma má influência aos jovens, que pais estavam insatisfeitos, simplesmente por eu ter feito a coisa certa. Então, ele disse que eu devia me ater fielmente ao que era necessário ensinar, e eu pedi demissão.

Eu não sabia se abraçava minha mãe, se chorava ou se ria. Provavelmente eu devia chorar porque estávamos no fundo do poço, mas eu estava muito orgulhoso. A mulher que estava na minha frente havia perdido o marido e agora o emprego pra me defender e defender minha causa. Justamente por isso eu não podia mais deixar ela fazer todo esse esforço sozinha.

Eclipse || CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora