Capítulo II

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                 **Dois Anos Antes**

  - Aqui está, filha. Isso é um revólver. Ele serve para tirar vidas. Quando você puxar esse gatilho, uma vida a menos vai existir no mundo. Agora, se você irá usá-lo para tirar uma vida inocente ou não do mundo, é uma decisão sua. Não gosto de usá-lo para tirar vida nenhuma. Mas infelizmente você vai passar por momentos em que isso será sua única opção. Quero que o use com moderação, APENAS em casos de URGÊNCIA TOTAL, àqueles casos que realmente não há nenhuma outra saída. - Explicou meu pai, Peter Wood.

  - Já chega. Tudo bem, Peter. Você não precisa ensinar isso à menina agora. Ela tem apenas oito anos de idade, é uma criança. - Acrescentou minha mãe, Jane Brown.

  - Eu realmente não queria ter que precisar explicar isso à ela nem agora e nem nunca. Mas do jeito que anda o oeste desse país...

  - Onde quer chegar com isso?

  - Tô querendo te dizer que nós literalmente não sabemos por mais quanto tempo vamos estar aqui. Não sabemos o dia de amanhã. Pode sair gente de mal coração de tudo quanto é lado desse lugar e apontar um desses em nosso coração. - Respondeu meu pai mostrando o revólver à minha mãe. - E não queremos deixar nossa filha de oito anos solta pelo mundo, sozinha. Sem dominar técnica nenhuma, ela não vai durar nem uma semana, ou talvez um dia aqui.

  - Já entendi, Peter. Você tem razão... vá em frente. - Disse mamãe enxugando suas lágrimas e voltando à pendurar as roupas no varal.

  - Os biscoitos estão prontos! - Disse tia Constance, que estava em casa naquele dia.

  - Já estamos indo! Então, Mary, para armar um revólver e deixar ele pronto para atirar, é só você encaixar isso aqui e apertar aqui. Certo? - Concluiu meu pai. Logo depois, fomos comer os biscoitos.

  Meus olhos brilhavam enquanto olhava meu pai fazendo suas técnicas com o revólver para mim. Mas ao mesmo tempo, como qualquer outra criança normal de oito anos, eu ficava assustada e com medo. Medo de uma hora eu necessitar colocar isso em prática.

  Meu pai sempre me ensinava suas técnicas com as armas mas, já que partira mais cedo do que imaginava, não deu tempo de aprender muita coisa.

  Naquele mesmo dia então, anoiteceu e eu fui dormir, no meio dos meus pais na cama deles, como de costume. Sem passar pela minha cabeça que, dois anos depois, eu não os teria mais ao meu lado para me proteger.

  Apesar de tudo, agradeço por ter dado tempo de meu pai me ensinar pelo menos um pouco das muitas e muitas técnicas que ele tinha com armas e proteção, algumas até de sobrevivência. E claro, agradeço eternamente ao meu pai por se preocupar o bastante comigo à ponto de se determinar à me ensinar suas experiências me preparando para o mundo, e à minha mãe por ter me gerado e me educado, tornando de mim essa menina que hoje, busca e luta por justiça em qualquer canto que cruze.

Continua...

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