Capítulo V

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  - Bom dia, meu docinho!

  - O quê??? Ah, bom dia... - Disse eu esfregando meus olhos. - MEU DEUS, QUE HORAS SÃO??? Juro que não ouvi o galo cantar, me perdoe.

  - Não tem razão para se desculpar. Eu decidi te acordar mais tarde. Quatro horas atrás, levantei, fiz o café, lavei a louça e passei pano na casa. Agora, vou te levar para almoçar fora.

  - Meu Deus... por quê não me acordou pra te ajudar???

  - Decidi fazer isso por você hoje. Um almoço especial com sua tia que te ama de montão, como desculpas pela mancada que te fiz ontem.

  - Ah, não há necessidade disso, mas muito obrigada mesmo.

  - Não tem que agradecer, meu amor.

  Fui então com minha tia até a vila para almoçar. Fomos para um restaurante que abriu recentemente e a comida de lá é muito boa, mas prefiro a da minha tia; aquela comidinha caseira, hmmm..... como não amar?

  O almoço foi bom e, eu diria "saudável" também. Foi ótimo para fortalecer a relação entre eu e minha tia.

       **Algumas Semanas Depois**

   Certa tarde, algumas horas depois de tia Constance ter saído de casa, eu estava sentada em sua cadeira de balanço enquanto observava o ritmo da vila onde morávamos, quando ela simplesmente chega até mim com o cabelo todo bagunçado, cigarro na mão, dizendo (gritando):

  - POXA, MARY!!! VOCÊ NÃO FAZ NADA O DIA TODO!!! SÓ FICA À TOA SENTADA AÍ, OU NO SOFÁ...

  Levantei imediatamente da cadeira e disse:

  - O quê??? Eu não acredito nisso... a senhora andou bebendo de novo???

  - ME RESPONDA!!! NÃO FUJA DO ASSUNTO.

  - Eu tenho 10 anos e lavo louça, limpo a casa, lavo a varanda, passo roupa, dobro, guardo, você quer que eu faça mais o quê, hein? Será possível que nossa rotina vai ser assim agora???

  - A PARTIR DE HOJE, VOCÊ VAI FAZER ABSOLUTAMENTE TUDO QUE FAÇO.

  - E a senhora vai fazer o quê? Sair para beber com seus homens o dia todo???

  - CALA ESSA SUA BOCA, MENINA!!!...

  No mesmo segundo, me assustei e escorreu uma lágrima do meu olho.

  - ... VÁ JÁ PRO QUARTO!

  - Quê??? Não acredit...

  - AGORA! - Gritou ela, apontando para a direção do quarto com a ponta do cigarro.

  Corri para o quarto chorando. Eu só conseguia chorar e pensar nos meus pais. Em como essa situação estaria muito melhor se meus pais estivessem aqui. Eu estava morrendo de saudades deles e não conseguia parar de chorar.

  Minha tia passou o resto daquela tarde fora de casa, sabe Deus onde. Ao cair a noite, ela chegou, abriu a porta do meu quarto e, chorando, disse:

  - Me desculpe. Me desculpe por tudo... - Disse ela se ajoelhando no chão.

  Fiquei em pé olhando aquela cena e também comecei a chorar.

  -... Mary, eu... eu queria prometer que não vou mais fazer isso com você, mas... mas... mas eu não posso!

  - Por quê não pode?

  - Por quê às vezes eu não sei o que estou fazendo.

  Eu a abracei e disse que tudo ficaria bem, mesmo sabendo que não ia.

Continua...

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