Symbiosis

Hansol, o americano.

Desde criança, Choi Hansol acreditava que sua vida seria cheia de alegrias e bons momentos, que teria ao seu lado amigos fiéis, pessoas que o amavam, o valorizavam e o estimavam, e de fato teve.

Pelo menos até os doze anos, quando tudo virou do avesso.

Foi quando o pai de Hansol e sua mãe se separaram, e o garoto viu sua vida dividida entre morar em Nova York, e passar as férias em Jeju, na Coreia do sul.

No começo tudo correu bem, eram apenas três meses de férias, que passavam depressa, porém, para Hansol, curtir não era a prioridade, ele não gostava, sempre sentia saudade do calor e da agitação da cidade grande, e o clima fechado e chuvoso de Jeju não era nada atrativo.

Foi apenas ao quinze anos que o Choi descobriu que o clima seria o menor dos seus problemas em Jeju, sem condições de manter os dois filhos consigo, a senhora Vernon fora obrigada a mandar o filho para morar com seu pai.

A rotina era outra, as regras eram outras, as pessoas eram outras, e aquilo o assustava muito, seu coreano era enrolado, sua timidez era excessiva, o garoto parecia um alienígena no meio das pessoas, e de fato se sentia como um.

Porém o americano se acostumou com tudo aquilo, se acostumou a ter apenas um amigo ao invés de uma turma como na antiga escola, se acostumou a não falar tanto pra não ser zombado devido à sua pronúncia, se acostumou a ficar todos os dias trancado em seu quarto, estudando, jogando ou lendo, e se prendendo em um mundo apenas seu.

E de certa forma essa foi uma mudança boa na parte escolar de Hansol, não tendo mais distrações, ele se tornou um dos garotos mais inteligentes da escola, sua miopia também havia lhe dado um charmoso óculos de armação grossa, e seu frio excessivo o fazia vestir roupas largas demais.

Por isso ele era considerado um nerd da lista dos rejeitados.

Não era um problema tão grande assim, ele não apanhava de valentões, aguentava o bullying, e ser invisível e nada popular havia se tornado irrelevante para si, tinha também o apoio do amigo, Hong Jisoo, outro americano que sabia como era difícil viver ali.

Tudo piorou quando Hansol descobriu que não sentia atração pelo sexo oposto, ele gostava de meninos.

Flagrar a si mesmo observando a bunda dos colegas foi o ápice para o menino convencer a si mesmo do que sentia, e beijar um garoto fora o ponto final de tudo aquilo, Hansol passaria a viver escondendo do que gostava, devido ao modo como as pessoas tratavam os homossexuais, seria demais para si conviver com aquilo, ser mestiço já lhe trazia olhares maldosos o suficiente.

Ao contrário do rapaz, Jisoo achava que o amigo não deveria ter medo daquilo, toda a forma de amor era válida, além de que gostava de saber dos casos de Hansol, coisa que perguntava sempre, embora não fosse como se ele beijasse uma boca por dia.

E um ano após se mudar para Jeju, Vernon já estava habituado e conformado com a vida que estava levando, e a saudade de Nova York passou a ser algo que ele só sentia às vezes, tinha coisas mais importantes agora, como orgulhar seu pai, sua mãe, e tirar uma boa nota, coisa que conseguia facilmente, diferente do seu amigo, que parecia um humano com o cérebro de uma mula.

— Você vai diminuir um X aqui, e somar outro aqui, e então será como se ele tivesse mudado de lado, entendeu? — O Choi explicou pela milésima vez ao amigo, que concordou mesmo sem entender nada.

— Mas por que o X sumiu?

— Porque X menos X é igual a zero, Joshua. — Chamou o rapaz pelo nome americano, revirando os olhos e se jogando na cama, havia desistido.

— Eu sou burro demais.— O rapaz se jogou ao lado do amigo, bufando irritado consigo mesmo.

— Tudo bem, ainda são as primeiras provas, você vai melhorar esse ano.