Seungkwan, o popular.

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Boo Seungkwan, ou Kwan, como seus amigos o chamavam, era apenas mais um dos vários garotos que viviam em Jeju, morava na ilha desde que nasceu, junto com seus pais e seu irmão, Seokmin.

Quando criança, o garoto não tinha muitos amigos, era gordinho, bochechudo e tímido demais para socializar, o contrário do irmão, e por isso, mesmo não admitindo, Seungkwan tinha certa inveja do rapaz, pelo fato de estar sempre à sua sombra, onde iam, Seokmin chamava mais atenção, era sempre assim.

As coisas só mudaram quando Seungkwan conheceu Yoon Jeonghan, um garoto cabeludo, extrovertido e extremamente falante, os dois se tornaram amigos rapidamente pelo fato de dividirem o mesmo gosto por filmes, séries e músicas, e quando Jeonghan percebeu que Seungkwan era fechado, fez de tudo pra que ele se tornasse mais aberto a conhecer pessoas.

E foi buscando isso, que convenceu o Boo a fazer algo que nunca pensaria em fazer, praticar esportes.

Handball mais especificamente, ele não queria sofrer no ensino médio como sofria no fundamental, havia ouvido que praticar algum esporte e ser bom naquilo o tornaria estimado, respeitado e reconhecido, e assim, numa tarde de quarta-feira, Seungkwan e Jeonghan se inscreveram para os treinos do time.

Não foi fácil pegar o ritmo, nem se tornar um bom jogador, muito menos para Boo, que nem sabia ao certo o porquê de estar fazendo aquilo, ele não gostava de esportes, já não se concentrava nos estudos, aquilo só iria deixá-lo esgotado, mas seguiu pelos conselhos do amigo.

E quando enfim, seungkwan se encarou no espelho, mais encorpado, magro, forte e finalmente bom em algo que Seokmin não era, encontrou seu incentivo para continuar jogando.

Tinha uma prateleira cheia de medalhas e troféus, que Seokmin não tinha, e adorava aquilo, podia sentir que enfim era digno de receber o amor e a preferência dos seus pais, todo o esforço então valia a pena, ele havia saído da sombra do irmão.

Seungkwan havia se acostumado com aquilo, já estava no segundo ano do ensino médio, andava sempre com seus amigos, Jeonghan, Seungcheol, Chan, Soonyoung e Mingyu, e tinha toda a atenção dos colegas, que sempre estavam dispostos a ouvir sobre os treinos, era convidado pra festas, e conseguia sempre tirar vantagem, seja nos trabalhos em grupo, ou simplesmente furando a fila da cantina, e embora sentisse que faltava algo, o Boo ainda assim continuava com aquilo, para ele estava bem, e não precisava mudar.

— Kwan, ei Kwan, Kwannie!

O rapaz piscou várias vezes, percebendo então que Soonyoung estalava o dedo repetidas vezes, procurando chamar sua atenção.

— Onde você estava, no mundo da lua? — riu-se Soonyoung, ajeitando sua postura e voltando a falar — Como eu dizia, o nosso almoço já está reservado, lá na cantina.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Indagou Seungkwan, ainda não entendendo o porquê do amigo ter chamado sua atenção.

— Nós queremos que você e Mingyu busquem para nós. — Seungcheol deu um leve tapinha nas costas do garoto, que desceu da mesa onde estava sentado.

— Vamos, Kwan, é a nossa vez, O Hannie e o Chan é que foram ontem. — Mingyu disse, esperando o garoto.

Seungkwan apenas concordou, mesmo a contragosto, se levantou da cadeira e seguiu o amigo.

Ele nunca entendia como conseguiam o almoço sem precisar pagar, já se perguntou a si mesmo se era algum benefício por estar no time, mas sabia que não, também nunca se preocupou em perguntar aos amigos, o importante é que não precisava gastar com aquilo, embora achasse injusto com os outros colegas, deixava pra lá.

Parou de pensar naquilo, tanto por estar cansado, quanto por ter sido puxado por Mingyu de forma súbita, o que o assustou de início, e só quando ouviu a porta ser fechada, pôde então assimilar o que estava acontecendo.

— Oi, Boo. — O rapaz disse e sorriu, ao passo em que abraçava Seungkwan, o trazendo para perto para poder beijá-lo depois de longos dias longe.

Há alguns meses atrás, Kim Mingyu ousou flertar com Seungkwan quando estavam sozinhos no vestiário, o rapaz não reclamou, o que o levou a fazer aquilo mais vezes, com o tempo, os flertes se tornavam elogios, toques demorados, apertões, e por fim, amassos que rolavam sempre quando não tinha ninguém olhando, algo que prometeram um ao outro que manteriam em segredo, até mesmo dos amigos, tinham uma reputação a zelar.

Para ambos estava tudo bem, nunca houve algo além de atração física entre eles, não precisavam se preocupar caso aquilo se tornasse algo a mais, não se tornaria.

Mingyu era durão e nunca admitiria que gostava de beijar homens, e Seungkwan muito menos, era arriscado demais.

— Os meninos vão perceber nossa demora... — Alertou seungkwan, ele sabia como Mingyu era e aquilo poderia demorar mais do que gostaria.

— Escuta Kwan, quando você vai sair comigo de novo, hm? — Disse o rapaz, parando aos poucos os beijos, mas mantinha as mãos no corpo do menor.

— Não sei, da última vez nós quase fomos pegos por culpa sua. — Respondeu com um toque de raiva, mas Mingyu sabia que era birra. — Agora vamos.

Abriu a porta da sala onde estavam, e seguiu de forma mais natural possível para a cantina, com Mingyu atrás de si, que parecia um pouco envergonhado por não saber muito bem ainda como reagir depois que tinham momentos como aqueles, aquilo fez Seungkwan rir e pensar se não o chamaria outra vez pra sair ou dormir em  sua casa, sentia saudade, precisava confessar.

[...]

O treinador ao longe ditava o ritmo do treino, enquanto o time todo repetia maratonas em volta de cones e pulando pneus, em mais um treino para os jogos que estariam por vir.

A vitória era certa, mas o professor nunca permitia que seus jogadores descansassem ou cantassem vitória antes do tempo, era uma de suas regras, então os fazia treinar sempre que possível, assim estariam sempre bons.

— Muito bem, por hoje está ótimo. — O homem disse, e todos os jogadores se jogaram exaustos no chão da quadra. — Podem sair, exceto você, Seungkwan, venha minha sala em cinco minutos.

Seungkwan sentiu seu corpo gelar, embora estivesse suando, toda vez que o treinador chamava alguém dessa forma, era pra fazer cortes no time, e ele não queria ser cortado de jeito algum.

Esperou o cansaço passar, secou o suor e então foi até a sala do treinador.

— Queria falar comigo, senhor Yejun? — disse baixo o rapaz, se sentando na cadeira.

— Sim, Seungkwan. — O treinador esfregou a mão uma na outra, logo começando — Hoje cedo, seu professor de matemática veio falar comigo, sobre suas notas.

— O que tem elas?

— Ela estão péssimas. — Suspirou o mais velho. — E você sabe que uma das regras para a permanência no time, é ter todas as notas na média, e por isso, ele me pediu pra que eu aconselhasse você a estudar mais.

— Sim, eu sei. — Assentiu o aluno. — Eu vou melhorar minhas notas, me dê uma chance, professor.

— Seungkwan, você é um dos meus melhores jogadores, odiaria ter que te tirar do time. — Disse, o Boo faria muita falta, por isso não podia cortá-lo de repente. — Prometi que pegaria no seu pé e avaliaria suas notas, então preciso que você vá bem, aliás, o time precisa.

— Eu farei isso, não vou te decepcionar, treinador.

— Ótimo, eu não esperaria menos, boa sorte, Seungkwan.

O garoto assentiu, se levantando e caminhando até a porta, agradecido por aquele voto de confiança.

— E lembre-se, se não melhorar, estará fora do time, portanto, foco.

Seungkwan suspirou, saindo dali e fechando a porta atrás de si, encostou na mesma e levou as mãos até o rosto, havia prometido melhorar, só não sabia como, estava ferrado, era horrível em matemática e nada entrava em sua cabeça.

Estava em uma enrascada.

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