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Já no Caixa Futebol Campus cumprimento todos os presentes no refeitório. Quer dizer, há uma exceção. O Vlachodimos. Só de pensar no nome dele sobe-me uma irritação inexplicável.

- Bom dia para ti também... - ouço aquela voz com sotaque e respiro fundo.

- Vai chatear outra!! - digo-lhe enquanto me sento com o meu pequeno-almoço.

Ouço alguém respirar fundo à minha frente e decido olhar para ver de quem se tratava. O guarda-redes do Benfica.

Pela primeira vez desde que ele chegou cá, os nossos olhares prendem-se um no outro sem razão aparente. A mesma razão pela qual nos damos mal.

Esta troca de olhares torna-se demasiado intensa e confusa para mim e talvez para ele também, por isso ambos desviamos o rosto na esperança de que ninguém tenha reparado neste momento.

Embora o tal momento já tenha terminado, o mesmo parece ecoar na minha mente e faz-me pensar também pela primeira vez no porquê de nos darmos assim.

A verdade é que desde que o vi chegar sou incapaz de não me sentir irritada com a sua presença e com o modo como age comigo.

Minutos depois os rapazes vão até ao balneário para se equiparem e eu caminho até ao campo de treinos.

Canto baixo uma música que tinha ouvido no caminho para cá enquanto espero por eles.

- Eu não preciso de ouvir isso. - mais uma vez aquele sotaque faz-se ouvir.

- Nem tens de ouvir. - respondo meio rude.

- Então não cantes!! - ele vira-se para mim.

- Vlachodimos!! - preparava-me para andar na direção dele, mas sou travada pelo Rafa.

- Vocês têm de parar com isto. - o Rafael diz olhando para os dois alternadamente.

- Diz isso ao teu amigo... - digo ao português e começo a afastar-me da entrada para o campo.

- Nunca ouviram dizer que a linha entre o amor e o ódio é bastante ténue? - desta vez é o Samaris que se pronuncia.

A afirmação do grego faz-me virar na sua direção de forma brusca e reparo que o outro grego faz o mesmo.

Pela segunda vez em meses e pela segunda vez no mesmo dia os nossos olhares voltam a cruzar-se por breves segundos.

Ouço o seu riso irónico e vejo-o virar as costas andando na direção de uma das balizas.

Suspiro e sento-me num dos bancos de suplentes.

Sinto o telemóvel vibrar e olho para o ecrã do mesmo vendo que a Rute, uma das minhas melhores amigas me está a ligar. Atendo rapidamente a chamada.

CHAMADA ON
- Olá!! - ouço a voz da Rute e outra voz que reconheço perfeitamente, a voz outra das minhas melhores amigas, a Glória.

- Olá meninas!! - cumprimento-as.

- Ondas andas? - pergunta a Glória.

- Estou no treino dos rapazes e vocês?

- Estamos em minha casa. Queres vir cá ter depois do almoço? - desta vez é a Rute quem fala.

- Sim, eu vou. - ouço-as festejar o que me faz soltar uma gargalhada.

- Então até logo!! - as duas raparigas despedem-se de mim.

- Até logo!! - despeço-me também delas e desligo a chamada.
CHAMADA OFF

Presto agora atenção ao treino dos rapazes. É um treino importante, como todos, ainda mais porque amanhã há jogo.

LOVE? IMPOSSIBLEOnde histórias criam vida. Descubra agora