Agora, dia 18 de maio de 2019, pode ser tarde demais para reverter tudo o que se criou neste ano, mas não é tarde demais para a nossa equipa chegar à reconquista. Isso é o que mais importa hoje.
Agora, depois de um dia inteiro a tentar manter a calma, torna-se impossível continuar a fazê-lo enquanto me sento perto das famílias, já conhecidas por mim, destes rapazes e das minhas amigas, Rute e Glória, neste estádio da Luz inundado de pessoas que amam esta camisola.
Enquanto os rapazes aquecem momentos vividos hoje de manhã no Caixa Futebol Campus passam na minha mente.
Chego ao refeitório do centro de treinos onde já entrei talvez centenas de vezes e posso verificar que ainda não está aqui ninguém. Talvez tenha chegado cedo demais, mas não conseguia estar parada em casa. Estou demasiado nervosa.
Sento-me numa das muitas cadeiras vazias e suspiro.
- Bom dia. - não consigo esconder a minha expressão confusa ao ouvir estas palavras tão simples, mas que tão poucas vezes ouvi vindas deste ser.
- Bom dia. - restribui o tom neutro que raramente existe quando conversamos e volto a lembrar-me do acontecimento de ontem à noite.
- Áurea, eu... - o Odisseas chama a minha atenção para me dizer alguma coisa, mas é interrompido pela chegada do Gedson e do Florentino que aparecem cada um de um lado e me dão um beijo na bochecha.
Olho para o guardião da nossa baliza que já me olhava e apenas me mostrou um pequeno sorriso.
O que será que ele me queria dizer? Espero poder saber um dia, ainda que por agora o tempo esteja a escassear já que ele deve de ir de férias.
Volto à Terra mesmo a tempo de ver os jogadores entrarem no relvado já devidamente preparados para jogar.
Poucos minutos depois soa o apito inicial da nossa última final desta época.
O jogo torna-se muito perigoso para nós com as constantes investidas do adversário à nossa baliza, mas em nenhuma o Vlachodimos consentiu e agora só consigo sentir orgulho e deixar tudo o resto para trás.
No entanto, seja qual for o perigo tentamos até à última ultrapassá-lo e não há melhor forma de o começar do que com o golo... É golo do grande Seferovic!!
O estádio vibra, estremece completamente com a euforia de todos nós.
Continua um jogo perigoso para os dois lados, mas nós levamos a melhor quando o João Félix marca o segundo e todos saltam das suas cadeiras.
Uma nova onda de euforia atinge o estádio da Luz quando o nosso Rafa marca o terceiro golo.
Minutos depois chega o intervalo. Acho que hoje vou ficar completamente sem voz.
O jogo recomeça.
Todos nos vemos cada vez mais perto do título, ainda mais quando o Seferovic volta a marcar.
Poucos minutos depois a equipa adversária marca, mas nem por isso os adeptos esmorecem ou o Odisseas deixa de ser um guarda-redes incrível.
O tempo vai passando e o coração acelera cada vez mais. O estádio explode de alegria e de festejos quando o árbitro dá o jogo por terminado permitindo-nos dizer que SOMOS CAMPEÕES NACIONAIS.
Numa questão de minutos deixam-nos descer para o relvado.
Assim que piso o campo eu corro. A minha cabeça não sabe em que direção corro, mas o meu coração sabe perfeitamente.
A ficha cai quando vejo que ele esperava o mesmo que eu: senti-lo.
Neste momento acontece algo que eu nunca pensaria que fosse acontecer.
Neste momento eu e o Odisseas partilhamos um abraço. Sinto as minhas mãos no seu corpo e as dele no meu. Não sei o que sinto.
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LOVE? IMPOSSIBLE
FanfictionDuas pessoas que quase não se podem ver... Será essa uma forma de reagirem a outros sentimentos escondidos dentro de cada um?