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Acordo por causa da persiana que deixei aberta ontem à noite. Sinto logo umas enormes dores que parecem ainda piores que ontem.

Acho que tenho de ligar a alguém para ir comigo ao hospital.

O Vlachodimos disse-me para lhe ligar, mas eu não o quero incomodar. Não quero incomodar ninguém, só que os meus pais também não estão.

Numa questão de segundos e quase sem pensar ligo ao Vlachodimos.

CHAMADA ON
- Odisseas??

- O que se passa, Áurea??

- Eu não queria incomodar, mas...

- Não incomodas. Diz-me.

- Eu preciso que me leves ao hospital.

- Eu vou já para aí.
CHAMAFA OFF

Despacho-me rápido, pois sei que ele não deve demorar muito.

Como eu pensei, minutos depois ouço a campainha tocar.

Abro a porta e olho diretamente no seu olhar preocupado. Num movimento rápido ele coloca as mãos nas minhas bochechas e a minha respiração acelera.

A confusão da minha cabeça, as dores e este momento levam-me a desabar completamente. Ele beija a minha testa talvez numa tentativa de me acalmar e que até resulta.

Sem dizermos nada ele ajuda-me a chegar ao carro e rapidamente começamos a nossa viagem.

À medida que avançamos no caminho as dores intensificam-se por não conseguir arranjar uma posição confortável. O meu desconforto é notório.

- O que é que se passa?? - o Odisseas pergunta olhando por breves momentos na minha direção.

- Não consigo arranjar uma posição confortável. - alguns sons de dor escapam-se pelos meus lábios.

Ele não diz nada, mas olha-me talvez chateado com ele próprio por não poder fazer nada.

Ao chegarmos ele volta a ajudar-me deixando-me apoiar parte do meu peso em si a cada passo, mas torna-se cada vez mais difícil. O jogador percebe e sem aviso prévio eleva-me do chão e só me volta a pousar perto do balcão de atendimento.

Há muita gente neste espaço, mas rapidamente sou chamada para fazer uma triagem onde expliquei todo o acontecimento.

Sentamos-nos onde há menos pessoas e agora sim adivinha-se uma longa espera.

- Eu já estou aqui. Podes ir à tua vida se quiseres. - olho-o.

- Não. Não te vou deixar aqui sozinha. - olha-me também.

- Porquê Vlachodimos?? - ele suspira.

- Eu só te quero bem. - bastam estas palavras para aquecer o meu coração confuso. Mostro-lhe um pequeno sorriso a que ele corresponde fazendo o mesmo.

Os minutos vão passando, mas as minhas dores não.

POV VLACHODIMOS ON

A rapariga ao meu lado consegue cada vez menos controlar as suas manifestações de dor.

Eu, por outro lado, sinto-me cada vez mais impotente por não conseguir ajudá-la e cada vez mais preocupado.

Ela dá volta ao meu sistema todo e isso não podia acontecer.

Desde o primeiro dia que é assim, por isso numa tentativa desesperada de tentar parar esse acontecimento a nossa relação encaminhou-se para o que se pôde ver. Ela, sem dar parte fraca e sem mostrar os seus sentimentos, respondia-me na mesma moeda.

No entanto, estas muralhas que construímos parecem querer ceder.

Sou afastado dos meus pensamentos quando ouço o meu telemóvel tocar.

CHAMADA ON
- Vlachodimos? Então mano?

- Diz Samaris.

- Não vens almoçar connosco??

- Não, esqueci-me de vos dizer.

- Então??

- Estou no hospital com a Áurea.

- E vocês não dizem nada??

- Olha estava mais preocupado com ela do que em te avisar.

- Tens razão. Qualquer coisa liguem e é melhor eu dizer ao Rafa.

- Sim, faz isso. Obrigado!!

- Até logo!!

- Até logo Samaris!!
CHAMADA OFF

Pouso o telemóvel e olho para a Áurea que também me olha com cara de quem sabe que eu já levei nas orelhas.

POV VLACHODIMOS OFF

Suspiro. Já devia estar à espera da reação do Samaris ao facto de não termos tido nada. Ainda estou para ver a do Rafa.

LOVE? IMPOSSIBLEOnde histórias criam vida. Descubra agora