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Olho a paisagem que a janela do restaurante, onde o Samaris e a sua mulher me trouxeram, me proporciona.

- Vocês não podem continuar assim, Áurea... Já dura há demasiado tempo. - a companheira do grego insiste, assim como o seu marido.

- Por favor, não vamos falar disso. - olho para o casal à minha frente.

- Porquê Áurea? Porque é que não conseguem dar-se bem? - o Samaris parece não ligar ao meu pedido.

- Eu não sei, Andreas. Nunca pensei bem nisso. Simplesmente chocámos. - ouço uma gargalhada vinda do Samaris e mostro-lhe uma expressão confusa.

- O Vlachodimos diz exatamente a mesma coisa. - tento esconder ao máximo o ligeiro espanto que me percorreu.

- Não há razão. - suspiro olhando para a janela.

- Há, mas só vocês não a viram ainda. - desta vez é a rapariga que fala e a sua fala repete-se vezes e vezes sem conta.

O casal deixa este assunto de lado e, assim, aproveitamos o nosso almoço.

Depois de darmos por terminada a nossa refeição, os dois deixam-me em casa e seguem o seu caminho assim que lhes agradeço.

Eu, uma das mais recentes condutoras na estrada, pego nas chaves do meu carro e conduzo até à casa da Rute.

Assim que saio do carro dou uma pequena corrida até à porta e toco à campainha.

Rapidamente sou recebida pelas duas raparigas que abraço e cumprimento.

Subimos até ao quarto da Rute onde nos sentamos as três na cama formando um círculo desajeitado.

- É esta noite que vais cantar no bar de sempre? - a Glória pergunta.

- Sim, é. - respondo meio nervosa.

- Já cantaste lá algumas vezes e continuas a ficar assim. - a Rute refere-se ao meu nervosismo.

- Não consigo evitar. - encolho os ombros e as duas raparigas soltam uma gargalhada.

- Preferes que estejamos lá? - a Rute pergunta olhando para a Glória. Elas têm alguma na manga.

- Não é preciso, meninas. - digo e elas parecem suspirar de alívio.

- Ainda bem porque nós temos umas coisinhas para fazer. - a Glória diz. Arqueio a sobrancelha e espero que me digam que coisinhas são essas.

- É que eu vou sair com o André Almeida. - as duas entreolham-se e a Glória decide falar primeiro. A minha boca abre-se em espanto.

- E eu com o Félix. - a Rute diz e acho que me vai cair o queixo.

- Porque é que não me contaram? - as duas encolhem os ombros pedindo desculpa.

- Não faz mal. Estou muito feliz por vocês. Finalmente eles deciram seguir os meus conselhos. - pisco o olho às minhas amigas e elas riem.

Passamos a tarde toda na conversa e rimos que nem umas malucas (como sempre), mas entretanto chegou a hora de me ir embora. Tinha-me de me preparar para esta noite.

Despeço-me das minhas melhores amigas e conduzo de volta para a minha casa.

Porque é que nos damos mal? A pergunta ecoa na minha mente, mas logo outro pensamento me atinge repentinamente. Porque é que estou pensar nisso?

Eu não sei o que aconteceu esta manhã e toda aquela insistência do Samaris deu-me ainda mais a volta à cabeça.

Bem, não interessa. Agora tenho é de me concentrar nesta noite.

LOVE? IMPOSSIBLEOnde histórias criam vida. Descubra agora