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Dou o primeiro passo dentro deste bar que já é bem conhecido por mim.

Os nervos e a ansiedade tomam conta de mim quase como se fosse a primeira vez que vou fazer isto.

Cumprimento o gerente e os empregados que me indicam que chegou a hora de enfrentar novamente os meus receios e fazer aquilo que mais gosto.

Subo ao palco e cumprimento também a banda que me acompanha. Posiciono-me e respiro fundo.

Ouço a banda começar a tocar e espero pelo tempo certo para deixar as palavras saírem da minha boca.

Percorro todo o público com o olhar. Cada pessoa, cada rosto que parecia apreciar a música tocada.
Cada ser que para mim é desconhecido, pois nunca os tinha visto em toda a minha vida até me deparar com um que afinal não era desconhecido ou dois.

Continuo a cantar, mas os meus olhos prendem-se num daqueles dois.

Porque é que de um dia para o outro pareceu mudar tudo?

Como de manhã, aquele olhar fixo estende-se por segundos, talvez demasiados segundos. Olhar que se quebrou por causa do fim da música e de uma chamada de atenção da sua namorada.

O concerto continua e tento ao máximo não voltar a focar o meu olhar no guarda-redes dos vermelhos e brancos. Tarefa que nunca pensei tornar-se tão complicada.

Acabo a última música e não consigo evitar em perceber qual era a sua reação. Não consigo acreditar... Em conjunto com a sua namorada e maior parte do público presente, ele aplaude.

Com a cabeça numa completa confusa o meu coração acelera e só consigo deixar o palco onde faço o que mais gosto e sair do estabelecimento.

Por incrível que pareça consigo ouvir o meu ser chamado. Ainda que não tivesse percebido claramente quem me tinha chamado, o meu coração só apontava para uma pessoa. Pessoa essa que eu prefiro não pensar que tenha sido ela.

O caminho até casa parece mais longo do que normal, por isso suspiro de alívio quando consigo chegar a casa e deitar-me na minha cama.

Preciso mesmo de descansar. Foi um dia... como é que eu posso dizer? Estranho?
Ainda para mais amanhã há um jogo importante para ver e vencer.

Fecho os olhos e rapidamente adormeço, mas até nos meus sonhos as palavras do Samaris se repetem e aquela figura alta aparece novamente.

Porquê agora? Como? Eu não consigo entender o que está a acontecer? O que é que mudou desde o primeiro dia para que hoje fosse assim?

Dia 18 de maio de 2018 ele chegou para defender a baliza das águias e nisso não o posso criticar, mas como pessoa não sei se posso dizer o mesmo.

Crítica atrás de crítica, cada momento em que preferimos responder de forma fria sem razão trouxe-nos até aqui.

LOVE? IMPOSSIBLEOnde histórias criam vida. Descubra agora