Camz da Lolo e Lolo da Camz

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P.O.V Lauren

Uma semana se passou desde o acontecido na delegacia e o Mike estava em um abrigo de menores da prefeitura. Todos os dias após o expediente, eu e Camila passávamos lá para visitá-lo e levar algum brinquedo ou algo que pudesse distraí-lo. Sua mãe faleceu dois dias após o acontecido e ainda não tinham conversado com ele a respeito disso. A assistente social pediu a Camila que lhe desse a notícia, já que estávamos muito próximas dele e de todas as pessoas, ele parecia ficar muito a vontade na nossa presença.

- Vai ser tão difícil pra ele lidar com a ausência da mãe... - Camila suspirou e deitou a cabeça no meu peito. Estávamos na cama preparadas pra dormir e assistindo a um filme.

- Eu sei, ele não para de perguntar por ela e pelo maldito pai. Por falar nisso, como anda o processo contra ele?

- Pra nossa sorte, a juíza do caso é excelente e quando soube a gravidade do que aconteceu, marcou o julgamento pra daqui a um mês.

- E o que você acha que vai acontecer? - perguntei enquanto acariciava de leve seu cabelo. Camila levantou o corpo e me olhou, mordendo de leve o lábio antes de falar:

- Acho que ele pega a pena máxima, amor. Minha preocupação é o Michael... - a encarei e assim que percebi seu olhar, entendi o que ela queria me dizer.

- Eu sei o que você está pensando. Acha que é a melhor coisa a fazer?

- Acho. Quer dizer, estamos tão apegadas a ele, Lolo, e ele agora tá sozinho no mundo. Eu não gosto nem de imaginar os tipos de trauma que ele pode ter depois disso tudo.

- Amor, você tá certa. Eu só tenho medo, sabe – respirei fundo e dei um sorriso – Eu sei que esse dia ia chegar, só não esperava que fosse tão rápido.

- Ele é lindo, Laur. É doce e inteligente. Eu sei que não tínhamos conversado sobre filhos, mas você não quer?

- Não é isso, Camz. Eu tenho medo de não ser suficiente pra ele, de não ser uma boa mãe. - Camila sentou na cama e me puxou para que eu também me sentasse na sua frente, passou de leve a ponta dos dedos pelo meu rosto e suspirou.

- Lauren, quando decidimos ficar juntas, eu sabia que se algum dia eu formasse uma família, seria com você. Não consigo pensar em ninguém melhor pra ser a outra mãe do meu filho, e eu entendo seu medo porque eu sinto o mesmo, mas sei que assim como eu, você tá se apaixonando por ele – eu abri um sorrisinho quando lembrei do garoto. Essa semana durante as minhas visitas, eu o observava interagindo com as outras crianças. Apesar da bagunça que estava na sua vida, Michael era uma criança alegre e interativa. Não vou negar, algumas vezes eu me peguei pensando na possibilidade de adotarmos ele, principalmente com o rumo que as coisas começavam a tomar, eu temia pelo futuro do menino.

- Tudo bem, amor. Podemos começar a conversar com ele sobre isso.

- Você quer ir comigo? Eu tenho uma visita marcada pra amanhã, precisamos lhe contar o que aconteceu... - dei um beijo na sua cabeça e voltamos a deitar.

- Claro que vou, Camz, faremos isso juntas.

(...)

No dia seguinte antes de ir para a delegacia, eu fui com a Camz ao abrigo e assim que chegamos, senti um pequeno impacto na minha perna e um gritinho:

- Loloooo!! - desde que ele viu eu e a Camila nos tratando por Lolo e Camz, decidiu nos chamar do mesmo jeito e isso não nos incomodou, pelo contrário. Carreguei seu corpinho e lhe dei um longo abraço e um beijo, o passando depois para Camila fazer o mesmo.

- Ei, meu pequeno, como você está?

- Eu tô bem. Hoje eu fiz um desenho, vem, vou mostrar pra vocês – ele saiu andando e me puxando pela mão. Dei uma olhada pra Camila e ela o observava com aquele sorriso bobo e ali, ali eu percebi que nós poderíamos fazer isso dar certo.

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