Cadê a minha namorada?

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P.O.V Lauren

Num gesto de reflexo, corri para meu carro e sai tão rápido quanto o Austin saiu, mas ao alcançar a rua, eu não sabia pra que lado ele tinha ido, então eu rodei todas as ruas perto da escola a procura deles e nenhum sinal. Meu corpo já agia por impulso, eu não sabia mais pra onde dirigir e a única coisa que conseguia sentir era culpa. Culpa por não ter a avisado sobre o que estava acontecendo, culpa por não tê-la protegido melhor, culpa por ter deixado aquele canalha alcançar a minha menina. Então parei meu carro de volta na escola e ainda no banco, comecei a chorar. Chorei como nunca tinha chorado antes na minha vida. Nos meus pensamentos pairavam frases como "E se eu nunca mais ver a Camz?" e por mais que eu tentasse afastar essas ideias, a possibilidade disso me aterrorizava. Sai do carro limpando as lágrimas e marchei decidida em direção à sala do Max, se alguém poderia saber algo, era ele. Entrei na sua sala sem me importar com nada e sem pedir permissão, apenas fui até ele e o puxei pelo braço, arrastando pra fora da sala e jogando seu corpo na parede. O olhei com toda a raiva e medo que me dominavam na hora e falei entre os dentes:

- Cadê a minha namorada?

- Cal-calma Lauren, fica calma...

- FICA CALMA O CARALHO! Fala agora onde ela tá...

- Eu não tive culpa, Lauren – ele começou a chorar o que me deu mais raiva ainda e precisei de muito controle pra não bater nele – Ele me ameaçou, ele ameaçou a minha família, eu tive que ajudá-lo!

- Max, é a última vez que eu pergunto, pra onde ele levou a Camila?

- Tem uma cabana na saída da cidade, no meio da floresta, ele disse que ia ficar lá por pouco tempo e que ia sumir com ela. Lauren, me perdoa, eu sei que fiz merda, mas... - o interrompi segurando no seu pescoço e contando mentalmente até 50 pra não apertar minhas mãos e descontar toda minha raiva nele.

- Cala a boca, seu bostinha, você vai agora comigo pra delegacia e vai contar tudo, tá me entendendo? Se você tinha medo do Austin, deveria ter mil vezes mais medo de mim.

Ele só concordou com a cabeça e me seguiu. Nunca dirigi tão rápido na minha vida, e logo estávamos na frente do delegado enquanto o Max contava tudo, e isso incluía a morte do Alejandro. Enquanto o Max dava seu depoimento, eu liguei pra Sinuh e com o máximo de calma e cuidado que consegui, contei pra ela o que tinha acontecido. Quando ela chegou na delegacia, me abraçou e caiu em um choro que me pegou e ficamos assim, as duas dominadas pelo medo do que poderia acontecer a Camila.

O delegado Bruce Prestes era um homem na faixa dos 40 anos, alguns cabelos brancos e apesar de aparentar ter sido jovem no passado, hoje apresentava uma barriga saliente. Ele parecia ser calmo, porém era claro a autoridade dele na delegacia e o quanto o respeitavam.

- Olá, eu sou o delegado Prestes, a senhora é a mãe da Camila?

- Sim, sim, delegado, o que vocês vão fazer?

- Senhora, já enviamos umas viaturas para o local e agora eu estou indo ao local com os meus homens, faremos de tudo pra resgatar a sua filha. Eu sei que é difícil, mas tente ficar calma. Em breve daremos notícias.

P.O.V Camila

Medo, pavor, nojo, ódio. Era tanta coisa que eu sentia ao mesmo tempo. Tudo que eu conseguia pensar era que minha morte se aproximava. Após me fazer desmaiar, ele me colocou na mala do seu carro e quando acordei, estava em um quarto praticamente escuro, no mais completo silêncio e sozinha. Tentei me levantar mas percebi que estava amarrada na cama, então gritei, gritei o máximo que meus pulmões permitiram e nada aconteceu. Só me restava o choro e foi o que fiz durante longos minutos, até alguém abrir a porta e ligar uma lamparina muito fraca. Identifiquei a imagem do Austin que parecia muito nervoso e preocupado.

- A gente vai ter que sair daqui, Camilinha, vamos sair o mais rápido possível, mas não se preocupa tá? Eu vou cuidar muito bem de você, eu juro. - eu conseguia ver a loucura nos olhos daquele cara, eu sabia que ele não estava brincando.

- Austin, por favor, me deixa ir embora, eu prometo que não vou dar queixa nem nada, só me deixa ir embora, por favor – as lágrimas já caiam em cascata pelo meu rosto.

- Seu lugar é ao meu lado, pare de lutar contra isso. Agora vamos lá, temos que ir pra outro lugar – ele se aproximou e vi um pano em sua mão que foi molhado pelo conteúdo de um frasco. Ele encostou o pano no meu nariz e como eu estava amarrada, não tive como me defender, desmaiando poucos segundos depois.

P.O.V Narrador

Os homens do delegado prestes localizaram a cabana de acordo com as indicações do Max e já haviam a cercado.

- Ok, pessoal, eu quero o máximo possível de cuidados nessa operação, nosso foco é resgatar a vítima, no meu sinal, vocês entram.

Todos os policiais esperavam atentamente o sinal e quando isso aconteceu, invadiram a cabana por todas as portas e janelas disponíveis, mas após uma procura pela pequena cabana, constataram que esta estava vazia.

- INFERNOS! - gritou o delegado – Eu não acredito que ele fugiu. Olha essa lamparina, ainda está quente, eles estão perto. Smith, emita um alerta para as cidades próximas, agora! Diabos, que menino escorregadio...

P.O.V Lauren

- Delegado, delegado, e então? Cadê ela?? - eu não aguentava mais esperar sentada por notícias.

- Ele conseguiu escapar, nós chegamos na cabana e não tinha mais ninguém. Um alerta foi emitido para as cidades vizinhas e eu vou interrogar de novo o Max pra tentar tirar mais alguma informação dele. - ele olhou pra Sinu que voltara a chorar copiosamente e suspirou – Recomendo que vocês voltem pra casa e descansem. Nós entraremos em contato assim que tivermos notícias. Boa noite, senhoras.

(...)

Voltei pra minha casa e todas as meninas me esperavam lá junto com a minha família, eles sabiam por cima o que tinha acontecido pois liguei pra avisar a minha mãe, mas precisei sentar e conversar direito com eles, o que rendeu mais lágrimas minhas e das nossas amigas. O resto da noite foi de um tentando consolar o outro e passar mensagens de fé e esperança. Espalhamos fotos e mensagens pelas redes sociais, e o delegado Prestes nos informou que os pais do Austin iriam à delegacia dar o depoimento pela manhã. Quanto a mim, passei a noite toda acordada, quando não estava chorando, estava perdida nos meus pensamentos, envolvida no medo e na saudade. Tudo que eu queria era ela nos meus braços pra acabar com o nosso pesadelo, tudo o que eu queria era a minha menina.

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