Sentimentos

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  (2008) - Confissão

   O peso de sua decisão caía por suas costas, ela se perguntava se aquilo que fez valeu a pena, pois após alguns dias, descobriu através das notícias de Rádio que aquele tal de Jun Saito era um dos fugitivos de Ferrovold, a freira, cujo nome desconhecido, caía em uma forte depressão, o que ela havia feito, não tinha volta e isso só porque estava com medo de encarar a queda do orfanato.

   O tempo passava e ninguém havia notado, aos olhos de todos, havia sido só mais uma adoção. Ficar de boca fechada, faria com que nada saísse do seu comum, mas a dor era tão grande e a culpa só crescia.

   Chegava fim de ano, novamente ela escutava as notícias em seu rádio, como em toda manhã. Em Moru-Moru Leste, o radialista apontava crimes desenfreados da província largada à margem da lei, lá, os fugitivos de Ferrovold ateavam fogo por todos os lugares, deixando as poucas famílias de bem do local desabrigadas, ao menos era o que se pensava, pois depois da fuga daquela gangue, este fenômeno veio a acontecer com frequência desde então.

   As crianças brincavam nas ruas à frente sua casa, podia ser ela sorrindo, a freira pensou, mas o sorriso daquela menina fora tomado e ardeu nas chamas dos crimes daqueles marginais.

   Reparou que sua vida já não era mais nada além de se lamentar pelo que fez, ela cansou. Subiu a colina e foi em direção à capela. Ela passava por um garoto ruivo conversando com o braço direito da dona dali, no caminho para o escritório de May, lembrava que via aquele menino sempre andando juntamente a garota que arrancara a felicidade no orfanato, então a vontade veio ainda mais forte. May concedia a entrada dela em sua sala, então, ao entrar ajoelhava-se e pedia perdão, ela chorava incessantemente.

   May pedia para se acalmar e explicar sobre o que tudo aquilo se tratava.

   FREIRA ARREPENDIDA:Eu não posso mais continuar livre, por favor acabe com a minha liberdade assim como fiz com aquela pobre criança, e-eu não lembro o nome dela, mas nunca vou esquecer o seu rosto! — Mostrava seus pulsos juntos para May, insistindo para ser presa. — Ela foi levada por um daqueles de Ferrovold! A garotinha de cabelos azuis do orfanato. — Tsukugo vinha subindo as escadas enquanto escutou-a clamando, "garotinha de cabelos azuis", isso fê-lo fitar. Travou o seu corpo, deixando alguns chocolates que trazia consigo cair.

   TSUKUGO:Está falando da Liz? — Adentrava o local com passadas lentas. — O que aconteceu com ela? — Ao vê-lo naquele instante, May paralisava, logo, antes que pudesse falar alguma coisa, a freira desamparada, rastejava até Tsukugo, desculpando-se e confessando tudo o que fez.

   MAY:Calma, tudo isso será resolvido. Tsukugo, você... está bem? — O rosto do garoto mantinha uma expressão gélida para a freira que clamava por perdão, apesar de seu rosto aparentar estar calmo, seu coração estava à mil.

   TSUKUGO:Eu finalmente pensei que a Liz estivesse vivendo feliz por aí, lá no orfanato, sempre ela era agredida, ela mal sorria... e agora, tá me dizendo que ela foi levada por criminosos!? — O pavio queimava até chegar na bomba, toda a calma que cobria o que Tsukugo realmente sentia ia pelos ares. — Onde ela tá!?

   A mulher explicava sobre ela estar em Moru-Moru Leste, um lugar tomado por bandidos. Tsukugo se revoltava.

   TSUKUGO:Eu não entendo, tia! Por que isso tinha que acontecer logo com ela? — May pedia para a mulher se retirar, ela conseguia pressentir algo em Tsukugo, se estivesse certa, aquela freira não deveria ficar mais ali.

   MAY:Você já disse tudo o que tinha que dizer, vá embora. — Falava com a mulher culpada, dando as costas para ela. Mais uma vez se desculpava e então saía dali, indo diretamente para a Guarda Real do Sul para entregar-se e pagar pelo seu crime. — Tsukugo? — Tentava se aproximar do garoto, mas algo que estava prestes a acontecer, fê-la recuar.

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