Convite de Ouro

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(2009) - Paz Inquieta

   Sons de gaivota pela manhã, estava tão calmo que seus olhos pesavam, debaixo do coqueiro, sob a luz fraca do Sol, pensava em como a paz era frágil, um caranguejo, uma mosca ou até mesmo se um dos feixes de luz atravessassem as folhagens baterem em seus olhos pesados, a tal perfeita paz iria embora por uma irritação mundana.

   A paz nada mais é do que uma bomba com um pavio indeterminado, para melhor dizer, está no escuro e você sabe que está tudo bem enquanto escuta-o queimar, até lhe dá ânsia, mas ainda nada aconteceu, isso, até chegar a bomba, que, hora ou outra, explodirá, clareando a área escura e iluminando com clarão destrutivo, mas verdadeiro, mas logo após, tudo voltaria a estar no escuro.

   Não é porque alguns se distraem com o queimar do pavio que significa que outros não procurem a bomba, para evitar a explosão e proteger aquela ansiosa paz. O trabalho em equipe é essencial para a sobrevivência, não se iludir e não se deixar levar por estar de olhos fechados para a real verdade era o que faziam para sobrepujar as ameaças que não podiam ser vistas. Os sobreviventes se tornam astutos e percebem que para achar não é preciso enxergar, mas ouvir de onde vem o som que queima lentamente.

   Se há bombas, alguém deve tê-las posto por ali, algo maior, algo que consegue enxergar na escuridão e amedrontar os pobres ansiosos por paz. Como uma gaiola, o responsável pela instauração de caos, não estava necessariamente dentro de lá, apenas de fora, jogando suas armadilhas para os pequenos animais morrerem um a um. 

   Não se tinha dimensão da gaiola, mas os cegos sabiam de sua existência e sonhavam com o dia que o Sol iluminaria a todos, revelando as mãos sujas do que perturbava sua paz. A rebelião para tomar o que eram deles, já acontecia.

   JOVEM ENCAPUZADO: — Por quanto tempo eu vou ter que esperar? A paz incomodava-o.

(2009) - Caos em Macath

   Devido as festas fim de ano muita doenças eram comuns de aparecer devido aglomerações, como gripe ou resfriado, coisas comuns. No entanto as Cordas Nervosas, como foi apelidada por tornar suas cordas vocais sua pior inimiga; a doença que era confundida com uma simples inflamação na garganta, deixava cicatrizes nas gargantas dos infectados com tosses extremamente secas, esta, que era comum em Moru-Moru Oeste. Por conta de alguma migração de um de seus habitantes, a cidade veio a contrair a doença.

   Já se sabia muito da doença por estudos de sua província vizinha, era altamente contagiosa, mas não apresentava risco nenhum, então, para os habitantes de Moru-Moru Sul, uma quarentena não seria adequada.

   Agora, muito mais que antes, os subordinados da rainha de Moru-Moru Norte se encontravam mais frequentemente nas ruas. Praticamente substituíram os policiais comuns dentro de dois meses e agora, em consenso da Guarda Real do Sul; eles faziam a guarda e segurança dos civis. Com a doença circulando, por ordem superior, deviam controlar os habitantes e mantê-los longe dos infectados até que fossem tratados. Os que apresentavam as cicatrizes em suas gargantas, estas vistas através de exames laboratoriais deviam ser mandados para Moru-Moru Norte para se consultarem e se isolarem devidamente. As linhas que cruzam as províncias encerrariam suas atividades até segunda ordem, para não espalhar-se ainda mais.

   O povo se dividia, seria abusivo tirar Sulistas de suas famílias por conta de uma doença que não era mortal, apesar das severas sequelas à voz do indivíduo, não era desculpa para não investir na saúde local. Já o outro lado votava a favor, em conter a doença e serem levados para longe, para justamente impedir com que mais pessoas pegassem Cordas Nervosas.

   As ruas estavam um caos, com os dois lados descontrolados, um motim generalizado tomava conta de Macath, em Moru-Moru Sul. Hoje não ouve culto na capela, por conta das freiras não conseguirem atravessar a multidão alvoroçada.

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