Golden Feather

Trauma

(2008) - Um Doloroso Adeus

   Alguns meses atrás, Liz via o seu amigo partir cabisbaixo, confusa, ia até o centro perguntar sobre o que estava acontecendo e porquê, não somente Tsukugo, mas todo o orfanato parecia abalado. May um tanto desamparada, explicava-a friamente, falava para ela que tudo acabaria em um mês. Ela não podia acreditar, mas pelo jeito que todos agiam, não era brincadeira. Agora sabia a causa de seu amigo estar novamente naquele estado, então corria em direção ao quarto do garoto.

   No caminho se deparava com Himekawa, que apenas permanecia parada olhando para sua mão, ela tremia dos pés à cabeça, seu rosto expressava um leve terror. Era inexplicável sua condição, algo a perturbava e não importava quantas vezes tentasse, Liz nunca conseguia fazer sua voz chegar até a sua amiga, parecia que sua mente estava em outro lugar. Até puxá-la não era eficaz, ela não reagia a nada. Liz desistia de chamá-la e apenas sentia-se mal por ver seus amigos tão diferentes daquele jeito, deixava Himekawa para trás com um aperto em seu peito e ia atrás de Tsukugo.

   Com o tempo que perdeu tentando ajudar sua amiga, o orfanato estava um verdadeiro caos, crianças e freiras estavam desesperadas pelo o que viria a acontecer com sua casa. Este sentimento também atingia Liz, mas saberia que podia sempre contar com Tsukugo, mesmo que ele estivesse naquele estado, era preciso ter uma conversa com ele para surgir sua melhora, no entanto, ao chegar na porta de seu quarto, ela permanecia trancada.

   Um leve arrepio corria por seu corpo, como se sentisse que nunca mais fosse vê-lo. Fazia o possível para tentar entrar em seu quarto, chamava e batia na porta seguidas vezes, mas aparentemente, aquela porta não iria abrir.

   Fazia tempo que Liz não se via tão impotente, de repente toda sua mudança de antes, parecia sumir em poucos minutos. Novamente se via com medo e tudo que podia fazer era esperar pela separação. Ela sentava-se de costas para a porta e punha seus braços cruzados sobre suas pernas.

   LIZ: — Eu só queria ver você sorrindo mais uma vez... — Acidentalmente, deixava seu pensamento sair pela sua boca.

   Iris ouvia-a implorar antes para que o garoto abrisse a porta e agora vinha dobrando a esquina do corredor e dizia algo à menina:

   IRIS: — Você precisa dar um tempo para ele.

   LIZ: — Iris? — Ela se aproximava e sentava-se ao seu lado. — Eu não sei... Eu estou com medo de perder ele.

   IRIS: — Acho que esses últimos dias foram muito perturbadores para ele, deixe-o descansar um pouco. Tsukugo é um garoto forte, mas é muito sensível, talvez deixá-lo pensar um pouco seja a melhor coisa a ser feita.

   LIZ: — Eu... Acho que eu entendi. — Iris abria um belo sorriso, contente, passava sua mão entre os cabelos de Liz.

   IRIS: — Ah! Não tenha medo de dizer à ele o que você sente, talvez ele sinta a mesma coisa. Não conta pra ninguém, mas eu sempre apoiei vocês como um casal. — Liz corava e enfim se pronunciava.

   LIZ: — E-eu... Tá! Eu vou tentar. — Estava disposta a se declarar para ele, punha um forte sorriso finalmente.

   IRIS: — Bem, eu vou tentar acalmar esse orfanato, boa sorte, Liz. — Levantava-se e limpava sua túnica, ao dar alguns passos, a menina chamava sua atenção.

   LIZ: — Iris! Obrigada por sempre cuidar de mim, como eu nunca tive uma mãe, você foi a mais próxima que eu tive de uma.

   IRIS: — Oh! É... obrigada querida, isso... significa muito para mim. — Curvava seu corpo agradecendo-a, por fim virava-se e ia embora com um singelo sorriso no rosto.