Capítulo 11

336 34 4
                                    

Depois do ocorrido naquele sábado, Khabib tentou diversas vezes falar comigo, mandou várias mensagens, ligou, o que não tinha feito durante todas as outras semanas. Quando via que era ele, ignorava totalmente. Em todos os lugares ficava olhando ao meu redor para ver se o encontrava, mas nada, ou ele era muito bom mesmo, ou simplesmente Khabib fez o que eu pedi e o mandou embora.

Acabei descobrindo mais sobre o que passou aquela noite no COMBATE, era um documentário, que o UFC fazia com os lutadores que iam defender ou lutar por um título e era isso que estava acontecendo, aparentemente uma equipe foi com ele para a Russia fazer esse material. Assisti mais alguns capítulos durante a semana, em alguns ele estava em templos rezando, na casa com a família conversando, visitando pessoas, mostrando para a equipe sua cidade, os lugares que ia quando criança, o vilarejo nas montanhas onde nasceu, mas lá estava a pior parte, que me dava tanta raiva de ver, ele feliz sorridente em mais um daqueles encontros com as "mulheres dançarinas".

Pelo que entendi ele não deixou de participar de nenhum encontro com as mulheres, parecia se gabar da sua cultura perante os homens ocidentais, o pior de tudo era que seu pai estava lá também, e nunca vi sua mãe e momento algum de nenhum capítulo, eles escondiam ela, e ela se sujeitava a isso, pensar que todos os anos ela tinha que suportar isso, aceitar ficar escondida em casa, enquanto seu marido fica por aí, pelo mundo, fazendo o que quer. Não, isso é inadmissível, eu jamais concordaria com isso. É demais para mim.

De tanto Sam insistir, acabei aceitando sair com ela hoje, eu precisava desse tempo para mim, depois de tudo isso, dessas semanas tensas que passei, eu não quero pensar também que Khabib volta na próxima semana, não me interessa, nesse tempo, com tudo que vi, nós não daremos certo, então, bola para frente, quanto antes seguir em frente melhor.

Fazia tempo que não me sentia tão linda quanto hoje, Sam me emprestou uma saia de couro, cropped pretos e um salto vermelho, é um salto muda a perspectiva de uma mulher sobre ela, estou me sentindo tão poderosa. Sam fez minha maquiagem, batom vermelho, olhos bem marcados com delineador preto, com tudo que tenho direito. Sam está linda também, prendeu seus cabelos loiros num coque desfiado, e está com um vestido vermelho, colado ao corpo, de parar o trânsito.

Chegamos na festa que vai acontecer dentro do cassino Monte Carlo, nunca havia entrado dentro dele, é exuberante, parece ser feito de ouro do piso ao teto, o lugar está completamente cheio, pessoas dançando na pista, nas mesas, nos sofás, nas cabines mais retiradas. Sam, me empurra em direção ao balcão do bar, ela flerta com o garçom descaradamente, é engraçado ver o cara surpreso com a sua atitude, Sam sempre foi assim, nunca perdeu tempo com nada, ele coloca na nossa frente seis doses de tequila, e eu só acompanho Sam bebendo, hoje só quero me divertir.

Vamos para a pista de dança, e está uma das coisas que eu mais gosto, dançar, sentia muita falta de toda essa energia, desde que vim para cá, essa está sendo a minha balada. Dançamos coladas uma na outra, pulamos, eu sinto o álcool fazer efeito, meu corpo ficar mole, fico mais corajosa, e começo a dançar mais sensualmente. Sinto mãos me segurarem pela cintura, me viro rapidamente e vejo um homem alto, loiro, de olhos azuis me encarando, ele fala alguma coisa no meu ouvido, não consigo decifrar pela música alta, sorrio para ele, me afasto de suas mãos e busco com o olhar Sam, mas não a encontro, decido ir para o bar.

Chego no bar e peço uma água, minha boca já estava seca e suplicava por um pouco de água, Sam aparece com um cara moreno abraçado nela e ao lado o cara loiro que fugi.

- Amiga, porque fugiu do Alex? Ele está caidinho por você! Ela gritou no meu ouvido para que eu entendesse.

- Não Sam. Não quero nenhum cara agora! Gritei também para ela ouvir.

- Você tem que esquecer aquele maldito Russo! Doze doses de tequila aqui! Você vai esquecer esse cara, nem que seja na base de álcool minha amiga!

Tomei mais aquelas três doses, que desceram queimando a minha garganta. Voltamos de novo para a pista dançar, os dois caras vieram juntos, a música parecia muito ata agora, meu corpo não me obedecia mais, eu batia nas pessoas de um lado para o outro, o cara loiro tentava me segurar eu empurrava ele, tudo começou a ficar borrado. – Íris, venha comigo, sou eu Christina, viemos te buscar. Christina, quem é Christina, porque veio me buscar.

Que dor de cabeça, droga esqueci de novo de fechar as cortinas de novo, sento na cama com dificuldade, tento abrir meus olhos, mas a luz está muito forte, tenho que fechar a cortina, vou de encontro a janela, mas não acho as cortinas, onde foram parar minhas cortinas? Abro meus olhos, pera aí, essa não é a minha janela, não é a minha cama, não é o meu quarto! Onde que eu fui parar!

- Finalmente acordou dorminhoca! Trouxe um remédio para essa ressaca que você deve estar sentindo e um suco de laranja, perdeu o almoço!

- Christina! Essa é sua casa? Como eu vim parar aqui?

- Melhor você tomar o remédio, um banho. Depois vem me encontrar na cozinha, enquanto você come conversamos, a cozinha é no final do corredor, tem roupas limpas no banheiro. Saiu falando do quarto.

Que vergonha, que vergonha, não consigo me lembrar de muita coisa depois das últimas doses de tequila, o que será que eu fiz? Meu deus que eu não tenha feito nada humilhante. Faço tudo o que Christina pediu como uma criança obediente. Remédio, suco, banho, roupa, penteio os cabelos, escovo os dentes e pronto agora só enfrentar as consequências.

Atravesso o corredor e me deparo com a cozinha, só vejo Christina mexendo em algumas panelas no fogão. Faço barulho com a garganta para ela me notar.

- Agora sim! Bom dia Íris! Melhor?

- Bom dia, sim, muito obrigada, e pela roupa também.

- Venha se servir, aposto que está morrendo de fome.

- Um pouco, obrigada. Me servi um pouquinho de cada coisa, me sentei na bancada e comecei a comer. Está uma delícia Christina!

- Obrigada querida, pode me chamar de Chris, já pulamos essa fase, você não acha?

- Me desculpe Chris, por tudo, estou muito envergonhada, na verdade, não lembro de muita de ontem.

- Eu já imaginava, mas eu gostei! Deu o troco naquele Russo metido, ele mereceu depois daquele documentário, estou te apoiando querida, não se preocupe. Mas, você tem que tomar mais cuidado quando sair assim, aquela sua amiga lá pelo que vi não tem muito controle. Bom, continue comendo... enquanto eu falo. Já percebeu que eu adoro falar. Íris, eu quero que você me considere sua amiga, porque já te considero como a minha, desde aquele dia na luta, aquele dia eu percebi que você dois estavam juntos, a maneira como ele te olhava durante a luta toda, não sei como as pessoas não perceberam, até o Mexicano, que é muito burro percebeu, mas tudo bem. Mas, esse Russo pode ter feito algumas coisas que para nós mulheres, que não somos da religião dele, são desrespeitosas, para ele é normal da sua cultura e religião, vocês dois vão ter muitas dificuldades ainda pela frente, mas acima de tudo isso, eu sei que ele te ama de verdade, foi ele quem me ligou pedindo que fosse te buscar e cuidar de você ontem. Não me olhe com essa cara, termine de comer enquanto termino meu discurso. Ele chega aqui amanhã final do dia, sim, ele terminou o Ramadã e adiantou a vinda dele e da equipe, por sua causa, era o mínimo que deveria ter feito, eu e meu homem demos uma bronca nele, no dia que nos ligou em que você tinha fugido a noite e não atendia ele, pediu para que fossemos te ver, mas Tom me garantiu que estava em segurança, sim, ele ainda está na sua cola. Foi ele quem avisou o Russo de ontem, que me ligou implorando para cuidar de você, e aqui estamos nós. Haa já estava esquecendo, parece que ele viu alguns vídeos seus dançando sensualmente, enviados por mim mesma, depois me agradeça, seu homem vai voltar com tudo.

Amando ÍrisOnde histórias criam vida. Descubra agora