Capítulo 10.

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📚 Capítulo 10 - Parte um: Se você está sonhando com alguma coisa, não sonhe com o meu eu passado. Sonhe com o eu deste momento. 📚

O corpo de Jimin travou ao ouvir a voz metodicamente rouca e curiosa. Seus pés automaticamente pareceram carregar um peso à mais comparado ao seu corpo, e o arrepio que correu sua espinha semperteando-o como uma corrente elétrica deixou seus pêlos ralos sutilmente eriçados em contraste perfeito para com as batidas intensas de seu coração. Era isso, apenas o melódico tom que saia dos lábios alheios estremeciam suas estruturas de aço, abalando toda a muralha que construiu ao redor de si facilmente, como se seus esforços para mantê-la intacta não fossem de fato o suficiente para suportarem a densidade que apenas sua voz chamando seu nome carregava.

Park costumava ouvir dizer que o primeiro amor nunca se esquece, e ao envelhecer, ele realmente não pode deixar de achar isso uma grande bobagem. Amor não existia, era apena uma necessidade do ser humano movido inconscientemente pelo medo de ficar para sempre sozinho. Um sentimento criado pelo mecanismo de defesa do temor a escuridão. Porque claramente, o homem teme morrer e não ser lembrado por alguém, assim como o corpo exigi um calor que não pertença a si mesmo. Ou seja, amor não existia, ele era apenas uma fantasia para suprir os desejos do ser humano, para apagar o medo que espreita em nosso subconsciente.

Ele sabia, ele tinha consciência e acreditava veementemente em suas crenças de que tal sentimento não existia, que a necessidade e o medo fazia com que ele fosse preciso, essencial. Então, se era isso que via, que explicava. Por que, por que Jimin não conseguia entender o tremor em seu corpo; a boca seca, e a fraqueza que atingia suas pernas como se estivesse andando contra correntezas deveras violentas? Por que seu coração não se acalmava, ou sua respiração não voltava ao comum, da forma que deveria ser. O oxigênio não poderia ter simplesmente desaparecido de um segundo para o outro só porque havia ouvido Jeon o chamar, certo?

— Jimin? — De novo... A cabeça do rosado parecia eclodir. Estava perdido. Não havia mais como negar. Não podia mais invertar desculpas para o que ele guardava no peito. Na alma. — Ei, você está bem? — Os dedos largos de Jeon envolveram seu pulso, e Park podia jurar que cada poro seu dilatou com o contato inesperado.

Não ia dar certo. Jungkook e Jimin. Estava tudo tão errado e certo ao mesmo tempo. O destino só poderia está brincando com sua cara. Se ele realmente quisesse ambos juntos, porque separá-los primeiramente se até então ia juntá-los novamente? De repente, o menor nunca quis tanto dar um chute em algo impossível de se ver ou sentir. Mas, à quem ele estava tentando enganar? Aquilo era só mais uma desculpa para que ele não fosse obrigado a enfrentar os fatos que estavam tão nítidos que sua clareza o cegava momentaneamente. Droga. Jimin queria fugir. Queria correr para o mais longe possível de Jeon Jungkook.

— Jimin, olhe para mim. O que está acontecendo, está passando mal? — No entanto... Ele não poderia. Não poderia mais.

Movido por um misto de confusão e racionalidade em questão a situação. Por mais contraditório que fosse, Jimin conscientemente desligou-se de si. Esqueceu, propositalmente, todas as questões que o atormentavam, pois não pensou em seu futuro, ou no que faria dele a partir do momento que escolhesse aquele caminho. Não pensou em seu passado, ou no que ele o transformou. Não pensou em nada que não fosse apenas deixar seus sentimentos o sucumbir e o preencher à cabeça.

Virando-se, de frente para ele, Jimin puxou o ar escasso com força, sentindo o peito queimar enquanto engolia em seco. Suas mãos soavam, e seus batimentos cardíacos diminuíram o ritmo constante e contínuo. As sacolas plásticas que tinha preso nos pulsos encontraram o chão, fazendo com que o baque entre o chão e os objetos que comprará alcançasse seus ouvidos ensurdecidos. Seus olhos encontraram as orbes negras, brilhantes emanando uma genuína preocupação deles e,  apesar de enxerga-lo, elas pareciam perfura-lo singelamente para que tocasse suavemente sua alma. Era como se Jungkook pudesse ler nas entrelinhas de seu âmago, e de tranquilizá-lo com sua única e insubstituível presença.

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