Capítulo Bônus.

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O capítulo vai alterna entre o passado e o presente; um ano depois que Jeon e Jimin finalmente se resolveram.

📚 O amor de Jeon Jungkook. 📚

Seoul, 2014

A bebida amarga descia rasgando por sua garganta pela, talvez, décima vez consecutiva. Não sabia ao certo, deixará de ter noção dos copos que virava numa só vez entre o quarto ou quinto shot. Seu corpo estava leve, a visão turva contrastando ao bile periódico que chegava até sua garganta e voltava, aumentando a ânsia causada pelo álcool que corria em suas veias em abundância. Os olhos estavam fundos, e Jungkook diria que estava consideravelmente mais magro devido a rotina que tem vivido de praxe.

Para si era normal sair do trabalho e ir diretamente para o bar da esquina, próximo de seu apartamento. O barmem, simpático como se esforçava à ser com todos os bêbados que atormentavam-no durante as tardes e noites frequentemente conversava consigo, muitas vezes já fizera até mesmo questão de deixá-lo em casa uma vez que costumava ficar no local até às portas fecharem.

Vez ou outra, o homem também fazia questão de o aconselhar, por ser mais velho, com isso, dizia que Jeon ainda era muito jovem para estar afogando as mágoas de modo tão inconsequente quanto encher a cara até o dia clarear.

Entretanto, embora as conversas entre eles sejam sim produtivas, afinal de contas, Jungkook não era ignorante ao ponto de não saber o que estava fazendo da própria vida, raramente tendia inclinado à seguir as dicas do homem que aos poucos demonstrava preocupação com a frequência que via o moreno de olhos distantes e expressões vazias sentado em um banco numa mesa de bar acompanhando quase sempre somente por uma garrafa de whisky pela metade.

Ele estava caindo, deixando-se levar pela ilusão que o álcool produzia em sua mente calejada, cheia de inúmeras perguntas mas longe de ter alguma resposta que pudesse saná-las. Era como uma espécie de droga que o corroía por dentro dia após dias, matando-o aos poucos.

Jungkook tinha total noção disso, sabia que seus olhos cansados e sem vida como flores de plástico — que nunca morrem, porém nunca tiveram vida — emitiam uma sensação que beirava a melancolia. Que seu sorriso havia se tornado forçado e a gentileza que o acometia anteriormente vinha evaporando igualmente à água no deserto.

Mas não eram as bebidas que o transformavam em um ser apático, — ou em um poço de estresse — exalando amargura dos poros dilatados. Fora a existência de alguém que — com o nome e sobrenome — fez questão de levá-lo ao céu, para larga-lo para apodrecer no inferno que definitivamente era sua dolorosa ausência. Park Jimin não havia o avisado, não havia mencionado, sequer havia demonstrando que seu corpo um dia não mais o acolheria; sua boca ademais não o beijaria; e que o som de sua risada jamais preencheria os cômodos de seu apartamento novamente. Ele não havia preparado para isso, não quando só o que fez foi anestesia-lo com suas juras de amor eterno.

O mais novo fez da sua presença um marco, um templo intocável que Jeon miseravelmente não se cansava de explorar. O viciou com seu cheiro, sua essência, para então desaparecer abruptamente, deixando somente um resquícios que após dois anos, a brisa suave de cada estação fez questão de carregar consigo gradativamente até que não restasse mais nada que Jungkook pudesse se agarrar e, consequentemente, evitar uma crise de abstinência.

Park simplesmente foi o que acreditava ser o calor dentre o céu ensolarado durante o verão, a noite estrelada visível na primavera e o agasalho indispensável no início do outono. Mas além disso, ele fora os dias friorentos no inverno e o tornado devastador que destruía tudo que ousava ficar em seu caminho. Com seus toques delicados, seu olhar intenso, e seu sorriso hipnotizante, Jimin o levou para a ponta do precipício, onde graciosamente, com seus estímulos naturais, o induziu a pular. E Jeon pulou, pulou imaginando que os braços dele fossem acolhe-los no final.

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