Bela Vista

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Do alto da janela da casa de cima eu vejo a madrugada
Vejo o mundo acordado
As crianças e seus pais dormindo
A luz dos banheiros ligada para que não chorem
Não se matem

Os carros passando na avenida
O tic tac dos ponteiros mudos no corredor
Vejo poucas estrelas
Todas presas nos postes
Imagino você
Em um dos ônibus que passam
Te levando pra longe daqui
Fora do alcance da minha mão
Para além dos muros da cidade
Do perigo que incendeia minhas veias
E penso em deixá-lo jorrar
Pra fora de mim
Dos muros dos meus braços
Dos limites da minha artéria

Peço-te
Um pouco mais, imploro
Plante flores em meus vasos
Colha o fruto de minha aorta
E não os coma
Pois esse solo, como tantos outros
É infértil
É pobre em minerais
E nada de bom cresce por aqui

Só te prometo
Que amanha durmo mais cedo

Marte é Um Planeta: Vermelho (ou Poesia De Merda...)Onde histórias criam vida. Descubra agora