bom dia

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Quando eu ainda tinha pais a primeira pergunta que me faziam na paz de minha manhã ao acordar era sobre o que eu havia sonhado.
Assim começávamos manhãs. Especialmente as de final de semana quando estávamos todos juntos. Nós três.
Deitados ali conversávamos como iguais e sonhadores sobre as vidas passadas de cada um.
Quase sempre era algo normal e absurdo. Um para as crianças e o outro para os adultos. Conturbados pra mim.
Mas me lembro de uma vez que respondi que não havia sonhado nada. Que "Foi tudo preto e aí eu acordei. Não sonhei hoje"
E minha mãe respondeu: "Nós sempre sonhamos, Gustavo. Você só não se lembra".
Esse pensamento me acorda hoje às 23:57.
Tudo está acordado o tempo inteiro. E tudo funciona sem nós, sem mim. Até a minha própria cabeça e meu primo mundo. E os tantos de mim que ainda estão vivos em sonhos de perseguição já estão mortos quando eu acordo.
Talvez por isso eu não esteja mais vivo aqui. Apenas existo numa linha de um outro alguém que agora dorme. Que sonha. Que baba no travesseiro debaixo dos lençóis. Talvez. Não sei.
Mas sonho com isso toda noite.

Marte é Um Planeta: Vermelho (ou Poesia De Merda...)Onde histórias criam vida. Descubra agora