Capítulo XI

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─ Onde está meu irmão?

─ Ele saiu. Não me disse para onde ia.

A expressão de estranhamento de Lauren refletia a de Nicole, contudo não fez mais perguntas à cunhada. Provavelmente era melhor que conversasse com os pais sem a presença de Stephen.

─ Pedi ao cocheiro que preparasse a carruagem. Já agradeci aos seus pais pela hospitalidade. Preciso ir para casa.

Nicole caminhou até Lauren e segurou as mãos dela.

─ Irei com você.

Não era uma pergunta. Nem mesmo um pedido. Lauren não rejeitou a companhia, embora as duas jovens tivessem permanecido em silêncio durante todo o trajeto.

O cocheiro guiou os cavalos pela lateral da Mansão do Diabo, onde estariam a carruagem principal dos Bourne's e o Faetonte que às vezes a marquesa usava.

Lauren e Nicole seguiram pelo jardim e entraram por uma das portas laterais. O sol ainda clareava o dia e a casa tinha aquela movimentação silenciosa dos discretos criados.

A governanta cumprimentou as damas sem esconder o sorriso por ver novamente a filha dos patrões, Lauren e Nicole se acomodaram na sala de visitas principal enquanto a mãe era avisada da chegada das duas.

─ Minha filha!

Penélope avançou para Lauren apertando-a num abraço repleto de saudade. A marquesa cumprimentou a nora ainda segurando o braço da filha.

─ Senti tanto a sua falta. ─ Falou enquanto guiava a filha para se sentarem juntas num dos sofás da sala de visitas principal da Mansão. ─ Você está bem? Parece pálida. Com olheiras.

O estômago de Lauren se agitou de nervosismo com o exame minucioso que a mãe fazia. Penélope passou dos dedos pelo rosto da filha, delicadamente traçando as marcas abaixo dos olhos que não sumiam por mais que Lauren estivesse dormindo muito naqueles dias.

Não importava que estivesse ali justamente para dizer que esperava um filho, temia que a mãe adivinhasse.

─ Estou bem, mãe. ─ A voz de Lauren não soou tão segura quanto ela desejava.

Se Penélope achou estranho não pôde dizer. Michael Bourne entrou na sala em passos apressados, puxou a filha para um abraço longo que fez todos na sala rirem.

─ Não permitirei mais que fique tantos dias longe de casa. ─ Bourne falou com um tom fingido de autoridade.

Lauren sentiu um aperto na garganta. Ela pretendia passar muito mais do que apenas alguns dias fora.

─ Pai... ─ Lauren respirou fundo. Não sabia como começar...

─ Boa noite.

Stephen entrou na sala de visitas acompanhado pelos tios Cross e Pippa. Lauren sentia bile subir pela garganta. Seu olhar encontrou o do irmão. Stephen comprimiu a boca numa linha fina. Lauren não desconfiara que ele agiria daquele modo. Teria Stephen adivinhado a razão da irmã ter ido visitar Georgiana West?

Era a única explicação para o fato dele ter buscado os tios. Deveria ter adivinhado que a calma aparente do irmão nada mais era do que aparência.

─ Acredito que essa conversa não pode acontecer sem a presença de toda a família.

─ O que você está fazendo, Stephen?

Nicole perguntou. Ela olhava para o marido completamente incrédula.

─ Que conversa, filho? ─ Bourne quis saber, desconfiança permeando sua voz.

Stephen se sentou e encarou a irmã.

O coração de uma damaOnde histórias criam vida. Descubra agora