Capítulo 4

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''You've made a mess of me, but God I love it so much.'' - Desconhecido


Scott

Eu estava trabalhando nos projetos da construtora do meu pai em meu notebook sobre o balcão da cozinha quando a campainha tocou.

O porteiro havia ligado alguns minutos atrás para avisar que Peter estava subindo.

- Bom dia – disse ele quando abri a porta.

Eu apenas acenei com a mão e sai andando de volta para a cozinha. Ele veio atrás.

- Então você quer algo? Café... cerveja... uísque? – me sentei de frente ao computador de novo.

- Não obrigado, tenho uma reunião daqui a pouco, aliás você não acha que é muito cedo para beber?

Olhei para ele e contive uma risada, infelizmente ele tinha razão, mas eu não estava bebendo nada naquela hora. Na verdade, estava tentando me controlar desde o momento em que acordei.

- Certo, então você trouxe os documentos? – olhei para a pasta em suas mãos.

- Sim – disse ele a abrindo e colocando os papeis na mesa – Você só precisa assinar aqui e o carro é todo seu.

Peter colocou as chaves em cima do balcão.

- Você tem certeza que vai se desfazer dele? – olhei para Peter antes de assinar.

- Sim – assentiu com um ar convencido – Você sabe, agora eu sou um homem de negócios andar com uma picape não soa muito adequado.

Soltei uma gargalhada.

- Ótimo!

Assinei.

Eu não costumava fazer a compra de carros, geralmente eu os alugava quando era preciso. Eu gostava do fato de ter apenas uma moto e ela me servir muito bem para ir e vir naquela cidade, até por que eu não costumava ficar nela por muito tempo, ainda mais depois que a banda havia ganhado relativamente uma fama maior e viajar era o que eu mais fazia.

- Então você anda comprando roupas femininas agora? – seus olhos se direcionaram para a caixa semiaberta do outro lado em cima da mesa chamando minha atenção.

Arabella.

A imagem dela era constante na minha cabeça dia e noite a todo tempo como uma maldição que eu não conseguia me livrar e nem ao menos me dava ao luxo de tentar porque a verdade é que eu não queria. Por causa daquela caixa eu havia exagerado na bebida e acabei acordando no quarto de Emma. Eu sentia que na minha única tentativa de mostrar que eu era um cara legal tinha sido rejeitado, e caralho, eu nunca tinha me sentido daquela maneira antes.

Arabella tinha o maldito poder de conseguir me tirar da minha própria consciência sem nem ao menos se esforçar para tanto. E eu como o imbecil que costumava ser acabei bebendo e fazendo merda e para melhorar minha vida ela estava lá parada me vendo sair do quarto da mulher que eu tinha afirmado não ter nada quando tentei me aproximar dela.

Só de pensar sentia vontade de socar a parede de raiva.

- Isso não é da sua conta – falei para Peter. Eu não iria falar sobre aquilo com ele ou com qualquer outra pessoa.

Ele me olhou desconfiado, mas logo sua atenção havia sido despertada pelo seu celular. O observei atender a chamada e ficar nervoso e estranhamente alterado de repente.

- Eu esqueci totalmente... Eu... Eu tenho outra reunião marcada para daqui meia hora eu não posso ir agora. Droga! – disse ele para a pessoa do outro lado da linha. Sua feição não era nada animadora – Peça para Tate assumir a reunião... Digo mande a Srta. Foster assumir a reunião.

Ele tropeçou nas próprias palavras ao mencionar o nome da tal garota e agora quem estava desconfiado era eu.

Peter desligou o celular.

- Merda! – resmungou ele.

- Tate? – olhei para ele querendo rir da sua cara preocupada.

- Acho que isso também não é da sua conta – sua voz era firme e sua cara fechada, ele não queria falar daquele assunto.

- Eu me lembro do segundo nome que você usou quando estive no seu escritório – apoiei meus braços cruzados sobre o balcão – É sua nova secretaria, não é?

- Ela não é minha nova secretaria. Ela é minha assistente, como um braço direito dentro da empresa.

- E você está trepando com ela.

- Como eu disse não é da sua conta Scott! – ele puxou a via do documento que pertencia a ele com tanta violência que eu quase achei que o papel fosse se rasgar.

Eu tinha razão. Peter estava fodendo com a própria assistente. O que de longe não era nada ruim considerando que pelo que me lembrava a garota era bastante agradável. 

- Eu tenho que ir.

Soltei uma gargalhada.

- Ela é gostosa e bem bonita – comentei.

- Cala a boca!

Sai andando atrás dele até a porta.

- Eu estou apenas sendo honesto – dei de ombros, porque eu realmente estava. 

- Como sempre – ele sorriu – Boa sorte com suas roupas femininas.

- Boa sorte com a sua assistente – fechei a porta voltando para os meus deveres.

Mas antes que eu pudesse voltar para frente do computador meus olhos insistiram em ir até a caixa devolvida por Arabella.

Estranhamente eu havia conseguido que ela aceitasse a minha amizade na manhã passada, aquilo era melhor que nada para mim. Peguei o tecido nas minhas mãos, agora eu precisava fazer com que aquela amizade acontecesse.

Sorri comigo mesmo.

Eu definitivamente não queria ser apenas amigo dela, mas infelizmente era a única coisa que eu teria e precisava tentar.

Guardei a camisa na caixa de volta.

Depois que eu terminasse meu trabalho eu iria fazer uma pequena visita a ela.

COME AS YOU AREOnde histórias criam vida. Descubra agora