Capítulo 11

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''E eu sei, esse amor é malvado, e o amor machuca'' – Blue Jeans (Lana Del Rey).

Arabella

Nós adormecemos juntos, mas eu acordei sozinha. Scott não estava ali junto aos lençóis da cama ou em qualquer outro canto do meu quarto. Havia apenas o seu cheiro sobre meus travesseiros.

Me levantei. Caminhei de pés descalços sobre o piso frio até a cozinha e sala. Ele não estava lá também. Meu coração acabava de sentir frio tanto quanto meus pés.

Ele havia ido embora. Ótimo. O que eu esperava que ele fizesse? Ficasse e acordasse ao meu lado como nos livros ou filmes? Ilusão. Idiotice.

A porta se abriu e por um segundo eu tive uma pontinha de esperança, mas não era ele. Aaron acabava de chegar em casa. Eu estava decepcionada comigo mesma e raiva começava a tomar conta de mim. Engoli em seco.

- Bom dia minha garotinha – disse Aaron soando animado fechando a porta.

Sorri tentando disfarça qualquer que fossem meus sentimentos naquela manhã. Eu estava tendo tudo menos um bom dia.

- Bom dia.

Aaron se aproximou do balcão que separava a sala da cozinha.

- Você está bem? – perguntou tentando decifrar o que se passava dentro de mim.

Era difícil disfarçar suas próprias emoções as vezes, ainda mais perto daqueles que ti conhecem bem.

- Sim – inspirei fundo. Eu não estava bem, mas iria ficar – É só que acabei de acordar, você sabe... estou um pouco sonolenta ainda.

Aaron assentiu sem questionar. Agradeci mentalmente por aquilo. Eu não queria falar sobre eu ter perdido minha virgindade e o quão frustrada eu estava por Scott simplesmente ter desaparecido sem nem ao menos deixar uma mensagem ou me avisar antes de ir.

O que eu havia feito?

Meu celular vibrou sobre o balcão o peguei mais rápido do que deveria.

- Quem é? – perguntou Aaron enquanto pegava agua na geladeira.

- Katherine – falei.

Apenas uma mensagem de Katherine me lembrando que naquele final de tarde tínhamos um encontro na casa de Sara. Eu tinha me esquecido totalmente daquilo.

- Arabella, você tem certeza que está bem? – Aaron se voltou para mim com os olhos quase se fechando com a claridade.

- Sim, está tudo bem, eu apenas acordei agora e me lembrei que tenho esse encontro com as garotas e que tenho que terminar algumas coisas da faculdade – dei de ombros – Aliás sua aspirina está no armário do banheiro.

Ele tinha sido animado comigo, mas eu sabia que ele estava de ressaca e nunca se lembrava onde deixava seus remédios depois de usa-los.

Voltei para o meu quarto.

Eu não iria terminar nada para faculdade, até porque, era impossível conseguir pensar em qualquer outra coisa do que a noite passada e aquela manhã. Fiquei tentada a pegar meu celular e ligar para ele, mas, eu não queria soar como desesperada ou algo do tipo. Aquela não era eu.

Respirei fundo.

Eu não era mais nenhuma criança, tinha que lidar com aquela situação da melhor maneira possível. Fingir que aquilo não estava me afetando o tanto que estava.

Eu posso fazer isso pensei.

Ele não era meu namorado. Eu claramente não era sua namorada. Seja lá o que nós tínhamos ou tivéssemos tido poderia simplesmente acabar por ali. Aparentemente ele havia conseguido o que queria e eu tinha deixado me levar. Tudo ficaria bem. Talvez ele ligasse depois ou não. A única coisa que eu deveria fazer naquele momento era não me importar. Ação difícil, porém, não era impossível.

Eu o odiava naquele momento.

Era o único sentimento que parecia querer tomar conta de todo o meu ser.

Meu corpo caiu sobre o colchão. Se ao menos eu pudesse dormir e acordar novamente sem que nada daquilo tivesse acontecido talvez eu me sentisse feliz de novo.

COME AS YOU AREOnde histórias criam vida. Descubra agora