Capítulo 14

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''Seja meu erro e então apague a luz'' – Be My Mistake (The 1975).

Arabella

A luz parecia me cegar, meu cérebro parecia ter se envolvido em uma bagunça completa. Puxei os lençóis para o meu rosto afim de amenizar a sensação do sol que entrava pela porta de vidro a minha frente até me adaptar a ela. Eu sabia que aquilo eram sintomas de uma ressaca que eu nunca tinha tido na vida. Não gostava de beber e na verdade nunca bebia. Eu simplesmente não estava agindo por mim mesma na noite passada que agora não passava de borrões na minha memória.

Demorei alguns segundos para entender que não estava na minha casa e muito menos na minha cama e meu quarto. Scott havia me tirado daquela festa e agora eu estava em seu quarto vestida em uma camisa branca que não era minha em meio a lençóis que não continham apenas o meu cheiro ao ponto de ter uma dor de cabeça forte.

A porta se abriu.

- Bom dia – disse ele em um sussurro.

Eu tive que piscar umas três vezes para enxergar ele ali. Seu cabelo estava preso e ele claramente estava suado como se tivesse corrido uma maratona naquele exato momento. A camiseta grudando em seu abdômen. Eu não sabia se continuava o olhando ou simplesmente desviava meu olhar.

- Tome isso – ele estendeu o copo e um comprido que trazia em suas mãos – Ira ajudar.

Assenti.

Scott deu a volta no quarto e se apoiou em uma cômoda com seus olhos direcionados para mim. Ele queria dizer algo e eu não sabia se queria realmente ouvir.

Eu não gostava que ele ficasse me encarando daquela forma e ainda mais naquele silencio. O que me fazia lembrar que eu continuava com raiva dele e que ainda assim estava praticamente nua em sua cama. Esperava não ter feito nada de estúpido que não me lembrasse além de ter bebido o que não deveria.

- Onde estão minhas roupas? – perguntei.

- Eu coloquei para lavar – respondeu ele.

- Então... você tirou minhas roupas?

- Sim.

- E nós... nós dormimos juntos? – engoli em seco com medo da resposta.

- Sim – havia uma curva suave em seus lábios. Meu coração se apertou – Mas claro que nós não fizemos nada além de dormir.

Senti um alívio dentro de mim instantaneamente.

- E eu só tirei suas roupas porque acho que você não gostaria de dormir no seu próprio vomito.

Ele deu de ombros, casualmente como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e embora fosse ainda assim não deixava de ser embaraçoso.

- Obrigada – minha voz saiu mais baixa que um sussurro.

Era difícil agradecer por algo que ele havia feito de bom para mim quando eu ainda continuava magoada por dentro.

- Sobre a noite passada... eu... foi estúpido – bufei para mim mesma – Eu nunca fiz isso.

Eu não estava tentando me explicar para ele até porque não tinha. Aquilo era na verdade uma explicação para mim mesma.

- Uma armadilha – Scott cerrou o maxilar.

- O que você quer dizer com isso? – olhei para ele.

- Emma – bufou com raiva em sua voz – Ela te levou até aquela festa imbecil... e te deu bebida e talvez tivesse até drogas dentro... E cassete! É como se o universo tivesse conspirado ao favor do demônio para que você caísse na dela.

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