Capítulo 6

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''Se você gosta de seu café quente, me deixe ser sua cafeteira. Você que decide, querida. Eu só quero ser seu.'' – I Wanna Be Yours (Arctic Monkeys)


Arabella

Scott havia passado horas tentando me convencer em ir até a praia com ele naquele fim de semana e por mais que eu tivesse inventado milhares de desculpas ele acabou achando um jeito que fizesse eu vir com ele. Ele vinha se aproximando de mim cada vez mais nos últimos dias, mas ainda assim eu tinha que me lembrar a todo momento de manter minha guarda levantada.

Eu não sabia ao certo o que havia entre nós, mas estaria mentindo se dissesse que não gostava da sua companhia.

Amigos, era o que deveríamos ser. 

O sol estava moderado e a brisa do mar leve naquele final de tarde, logo seria possível ver o pôr do sol. Eu estava sentada sobre uma toalha observando as ondas baterem no mar a minha frente. Não costumava gostar de praias o que poderia ser considerado estranho levando em conta que eu havia passado praticamente toda a minha vida rodeada delas, ou talvez a verdade era que eu não me sentia confortável com o sol forte que geralmente fazia estragos vermelhos na minha pele, mas naquele dia algo era diferente.

Scott estava sentado ao meu lado, as vezes eu o pegava me observando o que me causava um pouco de desconforto e alguns questionamentos bobos. Eu havia trazido um livro comigo como de costume e ele fez com que eu lesse alguns trechos para ele o que se tornou algo divertido com seus comentários.

- É um desperdício vir até aqui e não entrar nesse mar, você não acha? – comentou. Ele se levantou tirando sua camisa me trazendo a visão de seu abdômen perfeitamente esculpido e todas as tatuagens espalhadas por sua pele harmoniosamente.

Tentei fortemente não olhar muito para ele.

- Você não vem? – perguntou.

Olhei para o mar a água parecia realmente atrativa e eu estava com meu maiô preto por debaixo da minha roupa, mas eu não sabia se aquilo era realmente uma boa ideia. Eu me sentia insegura em exibir o meu corpo. E isso sempre fez parte dos meus motivos dos porquês de não frequentar praias ou piscinas com frequência.

- Eu acho que prefiro ficar aqui – falei por fim.

Scott parecia não ter sido convencido.

- Sério que você vai desperdiçar essa oportunidade?

- Sim – balancei a cabeça em afirmação puxando minhas pernas para junto do meu peito.

Eu não iria entrar ali ainda mais com ele.

Seus lábios se curvaram em um sorriso presunçoso.

- Minha doce garotinha está com medo do mar – provocou.

Fiz uma careta. Eu não estava com medo do mar e o fato de ele usar aquele tipo de adjetivo e provocação sempre me irritava. Eu não gostava que as pessoas fizessem suposições que não eram verdade.

- Eu não estou com medo do mar.

- Minha lindinha não precisa ter medo, nenhum monstro do mar irá te pegar.

- Você pode apenas parar de me chamar assim – serrei meus olhos contra ele me levantando de onde estava sem nem ao menos perceber.

- Não – seu sorriso presunçoso apenas havia ficado mais largo.

Jesus Cristo. Eu queria estapeá-lo. Ele conseguia me deixar louca.

Abri o zíper do meu short deixando-o cair sobre a toalha. Puxei minha camiseta por cima da minha cabeça e a larguei junto andando em direção ao mar ignorando o fato de os olhos de Scott estarem sobre mim naquele momento. Eu só precisava que água cobrisse o meu corpo para me dar a falsa impressão de que eu estava coberta.

A água morna do mar tomou os meus pés, depois as minhas pernas, os meus quadris, e assim que me senti segura e confortável me virei na direção de Scott e sorri convencida de que eu não tinha medo de mar algum.

Ele sorriu se divertindo com aquilo e veio até mim. Scott esguichou uma boa quantidade de água na minha direção.

- Pare! – falei irritada e fiz o mesmo.

- Parece que alguém está irritada aqui.

- Deus. Claro que sim, você fica me provocando e faz eu me sentir louca.

- É eu realmente causo esse efeito nas mulheres eu sou tão irresistível – ele deu de ombros convencido o que me fez revirar os olhos.

- Oh sério?

- Olhe para você docinho. Louquinha por mim, nem ao menos consegue se afastar – ele agora estava mais próximo de mim do que esteve nos últimos dias.

Soltei uma risada aquilo era ridículo.

- Sabe se eu me lembro bem é você quem vive indo lá em casa – falei – Então se tem alguém aqui que não consegue se afastar esse alguém não sou eu, é você.

Scott riu, claramente sendo pego de surpresa.

- Sim até porque é inevitável – ele estava admitindo que vivia atrás de mim.

Suas mãos tocaram a minha cintura gentilmente sem que eu percebesse de imediato. A água parecia esfriar, mas eu não podia dizer o mesmo do meu corpo. Ele não me tocava desde que eu havia levantado minha guarda e pedido que ele não o fizesse.

- Sempre que olho nos seus olhos dessa maneira percebo que você não sabe o quão fodidamente linda você é. – ele disparou com seus olhos sobre o meu rosto o fazendo esquentar.

- O que você está fazendo? – engoli em seco. O medo e a euforia caminhavam lado a lado na minha cabeça e dentro do meu peito.

Seu corpo se aproximou mais um pouco. E as ondas do mar pareciam não ajudar que nos afastássemos um do outro.

- O que você quer que eu faça?

- Eu não sei – as palavras saíram sinceras e espontaneamente da minha boca.

Scott sorriu.

- Sabe a única coisa em que consigo pensar nos últimos tempos é em você Arabella. Seus lábios. Seu cheiro. Seu sorriso. Apenas você.

Aquelas palavras não deveriam me afetar.

- Amigos não deveriam pensar dessa forma.

- Eu achei que a essa altura das coisas você já soubesse que eu não penso em você como uma das minhas amigas.

Seu peito se juntou ao meu. Aquilo era contato físico demais. Ele havia ultrapassado a linha que eu tinha criado na minha mente a dias atrás.

- Mas você... e Emma... Eu não... Eu não acho que nós podemos.

- Eu não tenho mais nada com ela. Você sabe disso.

- Ela continua sendo minha amiga, Scott.

Ele inspirou fundo como se estivesse cansado de lutar contra aquilo que nos cercava.

Scott insistiu em se aproximar de mim, nossos corpos praticamente roçaram um no outro e meus seios estavam a poucos centímetros de encostarem em seu peito nu.

- Diga que você não se sente atraída por mim, ou que não sente vontade de me tocar, diga que não sente o mesmo que eu sinto nesse exato momento entre nós Arabella e eu irei embora.

Eu podia sentir a respiração de seu peito junto ao meu e o hálito quente junto a sua voz nossos rostos a centímetros um do outro. Não queria que ele fosse embora. Não sabia se aquilo era certo ou errado. A única certeza é que eu não queria me afastar.

- Ou você pode ficar e... me beijar – respirei fundo deixando de lutar a batalha dentro do meu peito mesmo sabendo que poderia me arrepender do que veria em seguida.

Seus olhos azuis perfuravam até o fundo da minha alma e sua boca cobriu a minha antes que eu pensasse em mudar de ideia. Ele me puxou ainda mais para si. Não recuei eu queria tanto aquilo. Meu corpo relaxou. Seus lábios exploraram minha boca por inteira tomando tudo que havia de mim naquele momento. Qualquer pensamento que eu tivesse já parecia não mais existir.

Eu também não pensava nele como apenas um amigo, desde o início e aquilo podia se tornar a minha ruína.

COME AS YOU AREOnde histórias criam vida. Descubra agora