Capítulo 12

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''E as pessoas sempre me diziam para ser cuidadoso com o que você faz, e não saia por aí quebrando corações de garotas jovens. Minha mãe sempre me disse seja cuidadoso com quem você ama, e seja cuidadoso com o que você faz porque a mentira se torna verdade.'' – Billie Jean (Michael Jackson)

Scott

Odiava meu pai por ter me ligado no meio daquela manhã pedindo que eu resolvesse uma urgência na construção de seu novo hotel na cidade. E caramba eu me odiava por ter que deixá-la sozinha depois da noite que tivemos. Provavelmente àquela altura do dia ela não quisesse nem olhar na minha cara e eu a entendia completamente. Droga. Ela havia me escolhido para ser o primeiro. Tinha sido sua primeira vez e caralho era como se fosse a minha também. Eu nunca tinha transado com uma garota que fosse virgem e eu estaria mentindo se não disse que na hora o medo havia me consumido. Na verdade, talvez eu ainda estivesse. Não queria magoa-la e agora provavelmente havia feito exatamente isso. Cassete. Eu não tinha tido tempo nem ao menos de enviar uma mensagem para ela, quando tentei a porcaria do meu celular morreu e eu estava sem o carregador no carro.

Passei a manhã inteira na obra e depois Matt me ligou pedindo que eu fosse até sua casa para discutir assuntos da banda.

Nada naquele maldito dia estava conspirando ao meu favor.

Abri a porta do meu apartamento peguei meu carregador e o coloquei na primeira tomada que vi pela frente. Eu também precisava de um banho passar o dia naquela obra havia acabado comigo.

Subi as escadas até o meu quarto e notei algo estranho, não me lembrava de ter deixado a porta do meu quarto entre aberta e a faxineira não trabalhava aos finais de semana.

Empurrei a porta.

- Que porra você está fazendo aqui? – meu humor estava péssimo e acabava de piorar.

Caralho. O que Emma estava fazendo ali? No meu quarto? Achei que tinha deixado bem claro que nunca mais eu voltaria a encostar um dedo nela. Mas o demônio parecia fazer questão de me infernizar.

- Surpresa – ela sorriu com um aceno.

Meu estômago revirou. Eu queria arrancá-la da minha cama e jogá-la para fora dali.

- Vista sua roupa e dê o fora daqui. Agora. – vociferei.

Peguei a blusa que estava jogada aos meus pés e joguei em sua direção. Antigamente a visão de Emma daquela forma semi-nua me faria perder o controle em menos de segundos, mas, agora ela não me afetava mais.

- Você está falando sério? – ela olhou para mim e riu.

Eu apenas não respondi ou iria acabar fazendo a estupidez de literalmente arrancar ela dali a força. Sai do quarto. Era possível escutar seus passos vindo em minha direção.

- Scott! – gritou das escadas.

Ignorei.

Fui até a cozinha. Eu precisava de algo para me acalmar. A tentação de pegar o uísque e virar toda a garrafa era grande, mas, peguei água. Emma não me faria voltar para aquela merda.

- Você não pode estar falando sério – a voz dela soou de algum ponto do apartamento – Nós nunca usamos o seu quarto... e eu não posso acreditar que você não queira.

- Qual a parte de dê o fora daqui você não entendeu? – bufei. Ela tinha acabado de entrar na cozinha e estava atrás de mim. – Porra. Nós nunca usamos aquele quarto e nunca vamos usar.

- Qual é Scott! Nós nos dávamos tão bem juntos – ela se aproximou – Você não pode fingir que não me quer.

- Nos dávamos. Passado. – me afastei – E não eu não quero você.

Emma respirou fundo.

- O que aconteceu? – perguntou. Sua voz com veneno como sempre.

Ela estava começando a ficar irritada e eu estava pouco me fodendo para isso.

- Quem é o seu novo brinquedinho? Ela é tão boa assim para fazer você me esquecer? – insistiu – Por que se eu me lembro bem a pouco tempo atrás você estava na minha cama fodendo comigo sem nenhum problema.

Não iria responder as suas perguntas idiotas.

- Eu estava bêbado – bufei e não me lembrava de quase porcaria nenhuma – Apenas vá embora Emma.

- Vamos Scott, diga quem é ela? – gritou Emma – Por acaso é aquela vadia que eu encontrei aqui tempos atrás? Samanta?

Inferno. Eu estava de saco cheio.

- Caralho. Pare! – agora quem estava gritando era eu – Eu não te devo satisfação nenhuma da minha vida, então vá embora agora ou eu juro que vou arrumar um jeito de te tirar daqui a força.

Emma tinha os olhos serrados contra mim.

- Você está admitindo que existe outra.

Ignorar era a única coisa que me restava. Eu precisava de mais água e sair dali. Quando voltei meu olhar para ela, Emma tinha um sorriso irônico em seus lábios e seus olhos não estavam mais focados em mim, mas sim, na porta da geladeira.

Droga.

Ela se aproximou arrancando a foto. Eu me amaldiçoei por ter colocado aquilo ali. 

- Então é ela – ela voltou seu olhar para mim.

Engoli em seco.

- Arabella – ela cuspiu as palavras como se tivesse comido algo estragado. Eu não tinha gostado nenhum um pouco do seu tom de voz – Sério? – ela ergueu as sobrancelhas e soltou uma risada, não parecia tão surpresa – Deus! Eu confesso que quando vi o jeito que você a olhava no meu apartamento achei que estava ficando louca ou fosse apenas o efeito do álcool pela manhã, mas, na verdade isso não importa, eu realmente não me importo.

Definitivamente ela não devia se intrometer naquilo.

- O que você viu nela? Porque eu realmente não entendo. É tão entediante, não é? Fotos em cabines. O que você está tentando fazer levar ela pra cama? – ela soltou uma risada sarcástica.

- Cala a sua boca, Emma! E vá se foder – quebrei o copo na pia e me virei contra ela arrancando a foto de suas garras afiadas.

- Oh. Você já o fez! Você conseguiu. – um sorriso venenoso surgiu no canto de sua boca – Ótimo. Agora você pode parar de fingir ser um principezinho e voltar para mim.

Queria poder fingir que não estava ouvindo aquilo. Arabella achava que Emma era sua amiga, mas, a verdade era que Emma não passava de uma cobra venenosa sem sentimentos.

- Você é realmente o Satã em pessoa - sai a passos largos dali em direção a porta, eu sabia que ela viria atrás.

Abri a porta. Não queria fazer aquilo, mas estava sendo praticamente obrigado. A puxei pelo braço com força e a arrastei para fora.

- Caralho Scott! – ela xingou dessa vez soltando toda sua fúria.

- Agora me dá a cópia da chave do apartamento e desapareça daqui – nunca mais colocaria aquela merda debaixo do tapete da entrada.

Ela jogou a chave no chão e voltou a sorrir.

- Você é um filho da puta! E vai se enjoar rápido. Você sabe disso – ela cuspiu as palavras na minha cara – Você não nasceu para brincar de casinha Scott Miller. Já parou para pensar que mesmo que eu seja o satã em pessoa, posso ainda ser o amor da sua vida?

Não contive uma risada. Ela não era. Nunca tinha sido e nunca chegaria a ser.

Se o amor da minha vida existisse ele com certeza tinha outro nome, outro sobrenome e um coração que eu não merecia e naquele exato momento talvez eu já tivesse estragado as coisas entre nós. Arabella. Eu tinha medo de me importar tanto com ela.

- Adeus Emma – fechei a porta.

Nunca mais queria ver ela na minha frente, caminhei em direção a cozinha e não me controlei em abrir o armário e pegar uma garrafa.

COME AS YOU AREOnde histórias criam vida. Descubra agora