The Ghost || TaeGi

Four

Boa Leitura... <3

[...]

     Ficar sozinho havia se tornado algo normal na minha rotina. Parece que a solidão sempre estava comigo, mas quer saber? Eu gostava. Enquanto estava sozinho podia pensar sobre tudo. Minha vida, meu futuro, meu passado. Pensar coisas impossíveis que, na mente de outras pessoas, soariam como coisas idiotas, mas que para mim faziam pleno sentido.

Eu também gostava de tocar piano quando sozinho. Quer dizer, quando sozinho na casa de Yoonji, que é o único lugar acessível para mim que realmente tinha um piano. Na minha casa eu apenas tocava em meu teclado eletrônico mesmo.

Eu estava sozinho na casa de Yoonji, pois ela havia saído com o marido para uma consulta no médico para saber como minha sobrinha estava. Eu estava tão entediado. Mexia no celular, assistia filmes, quase cogitei a ideia de arrumar a casa para Yoonji, mas lembrei que a casa dela era o lugar mais limpo e organizado do mundo. Nada tirava aquele tédio de mim.

Estava assistindo meu terceiro filme daquela tarde quando senti minha garganta seca. Eu estava com tanta preguiça de levantar para beber água, mas mesmo assim fui. O filme estava chato de qualquer forma. Em passos lentos entrei na cozinha, peguei um copo no armário e enchi com a água da torneira mesmo.

Suspirei olhando a água cristalina dentro do copo de vidro. Memorias de quando estava com Taehyung no corredor da escola, hoje de manhã, invadiram minha mente, e era estranho pensar que eu ando conversando com um morto. Okay que para mim ele parece ser bem real e às vezes me esqueço que ele morreu, mas então, quando me lembro disso, me sinto... estranho.

— Eu vejo gente morta! — eu disse de forma dramática, rindo fraco logo em seguida.

— Pensando em mim, Yoongi-ssi?

A voz grossa de Taehyung soou, alta e clara na cozinha, me fazendo dar um sobressalto e derrubar o copo, que eu segurava despreocupadamente, no chão. Rosnei entredentes e olhei para o garoto, que tinha uma expressão surpresa porém divertida, no rosto.

— Ops... — ele riu e eu revirei os olhos.

— Será que dá para parar de aparecer do nada, garoto irritante? — questionei bravo caminhando para buscar algo para limpar aquela bagunça. — Eu devia pôr você para limpar isso, pirralho.

Eu resmungava coisas incompreensíveis até para mim, enquanto ouvia Taehyung segurar o riso por alguns minutos, antes de finalmente parar. Juro que se ele não tivesse parado eu jogaria aquela vassoura nele. 

— O que diabos faz aqui? — perguntei — Não se cansa de me perturbar?

— Não! — o encarei sério e ele sorriu largo. — O outro lado é entediante demais. Os outros fantasmas preferem passar o curto tempo deles com a pessoa que escolheu, então, por que eu não faria o mesmo?

— Talvez porque eu não quero você aqui! — exclamei em um tom óbvio.

Ouvi um suspiro baixo de Taehyung e tive vontade de me socar por sempre falar coisas que não deveria, ao invés de ficar calado. Eu não tinha controle sobre isso, okay? Eu só falava a primeira coisa que vinha na minha cabeça, sendo ela boa, ou ruim. E eu sei que é babaquice da minha parte, afinal, muitas pessoas se magoam por conta da minha sinceridade exagerada. Por isso preferia ficar sozinho na maior parte do meu tempo. Assim eu não machuco ninguém com palavras duras e, às vezes, desnecessárias.

Com um pesar na consciência tentei melhorar o clima, e aproveitando para desfazer a curiosidade que havia surgido em mim depois da última fala do fantasminha camarada, perguntei: