O telefone tocou na escuridão.
Três toques foram suficientes para que Levi levantasse da cama com o coração aos pulos, alcançou o celular na escrivaninha, com medo do que ia encontrar do outro lado da linha.
- Alô?- Levi? - uma voz sonolenta do outro lado.
- Sou eu, quem é? - O garoto olhou no relógio digital na sua frente. 2:16 da manhã.
- Sou eu, a Agnes, quero falar com você.
- Puta que pariu, Agnes, quer me matar? Caramba - passou a mão pelos cabelos bagunçados enquanto deitava, os olhos se acostumando com a escuridão - O que você quer?
- Droga, eu... - O garoto conseguiu ouvir uma música bem alta ao fundo - Eu... tô com saudade da gente, Levi.
- Agnes, por favor, para com isso, eu não aguento mais - suspirou, o coração batendo tão forte no peito que doía - Só para de fazer isso comigo, de partir meu coração toda vez, e depois... voltar, como se nada tivesse acontecido.
Já fazia três meses que Levi não tinha notícias da ex - namorada, desde que ela terminara com ele no ano novo, Levi tentou ao máximo apagar qualquer resquício da garota que um dia havia ocupado tanto espaço em sua vida, desde uma escova de dentes reserva roxa no seu banheiro até o filhote de Golden Retriever que ficava na casa do irmão mais velho. Esquecer Agnes foi difícil, mas não impossível. Até aquela madrugada chuvosa de março.
- Me desculpa, me desculpa, me desculpa, me desculpa...
No terceiro pedido de desculpas a voz de Agnes soava embargada, e no quinto ela soluçava chorando ao telefone.
Droga de menina louca
- Agnes, não precisa chorar, tá tudo bem, ok? Eu...
Seu discurso de " Você acabou comigo, não é tão simples assim" estava prestes a começar quando foi interrompido com a voz que ele tanto conhecia mais uma vez
- Le...vi, seu nome é lindo - E uma risada tímida no meio do choro -
Le-vi. a gente tem que colocar a língua do céu da boca e aí depois...- A gente não vai voltar, não mais. - Ele fechou os olhos com força, dizer aquilo doía, mais nele, do que nela.
- Mas... Por que não?
- Por que você só me liga quando tá chapada? Mano,vai dormir, eu cansei de ser um brinquedo seu Agnes. Tenha uma boa vida.
E desligou. O peito afundando, levantou, socou a porta.
Três meses depois
E ela ainda deixava ele louco. Toda vez.
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Todas as Palavras Que Não Foram Ditas
Genç KurguTudo que eu sempre quis dizer, mas só consegui escrevendo.