Minhas primeiras vezes

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Você lembra do seu primeiro beijo? Da primeira vez que transou?

O meu primeiro beijo foi com uma menina. Quer dizer, quando era um garoto, já dei um selinho em alguns colegas da escola e já encostei a língua em primos e primas, mas não era um beijo de verdade. Era mais uma descoberta do prazer, algo infantil que, confesso, me deu muito nojo e vontade de vomitar.

Refazendo a frase inicial, o meu primeiro beijo de verdade veio através dos lábios de uma garota. Nos conhecemos por intermédio da minha mãe que era amiga da dela. Até hoje penso que essa situação foi toda arranjada, como um teste de sexualidade.

Ela visitou a minha casa duas vezes e de cara nos tornamos amigos. Eu a acompanhava a uma pracinha próxima a minha casa e lá conversávamos. Nossa, como ela perguntava! Queria saber tudo sobre mim: comida favorita, cor, signo, livro e filmes que mais amei, hobbies... respondi a todos os questionários como um entrevistado dedicado e paciente.

Na terceira noite, eu a levei até a sua casa depois do nosso encontro, como um cavalheiro que sou, e lá rolou o tal beijo. Não teve muita língua e nem demorou tanto, mas foi o suficiente para me deixar todo derretido. Fiquei literalmente de pernas bambas! Que sensação boa! O coração pulsava forte e algo no meu peito pegava fogo! O que era tudo aquilo que estava sentindo? Seria paixão? Amor? Acredito que foi apenas o prazer da descoberta.

Contei ao meu melhor amigo da época o que tinha acontecido e ele me deu muitos conselhos de como praticar para a segunda vez. Todavia, não tivemos chance, no outro dia descobri que ela morava em outra cidade e tinha voltado para lá com a sua mãe. Ainda conversamos uma vez por telefone e marcamos de nos encontrar, o que não ocorreu.

Eu não posso dizer que isso me excitou de uma forma sexual por eu ser gay, mas aquilo tudo mexeu demais comigo. Mais do que a minha primeira transa com um garoto.

Esta segunda parte da história aconteceu em uma de minhas viagens com os amigos da faculdade... e demorou bastante! Foram 19 longos anos de espera. Nada foi perfeito como eu tinha imaginado, pois sempre tive uma síndrome de conto de fadas e neste meio gay isso não existe, só em histórias de Wattpad.

Depois de uma bebedeira na casa de um amigo de uma das minhas colega de sala, ficamos sozinhos bebendo no quarto do anfitrião. Ele já tinha dado várias deixas de que queria algo pela maneira que me olhava enquanto conversávamos. Assim que Bel e outro amigo dela saíram, ele pulou em cima de mim. Foi algo muito forte e rápido, nem deu tempo de pensar. Em poucos segundos estávamos um sobre o outro.

As preliminares duraram mais do que o ato em si, o que eu gostei muito. Começamos tudo no quarto e terminamos no banheiro. Tive muita sorte pois o pau dele não era avantajado, mesmo assim foi bastante doloroso e, se não tivéssemos aquecido tanto antes, jamais teria deixado que ele me penetrasse. Fizemos quase tudo: meia nove, muitos beijos, lambidas, toques, dedadas... sai convicto do que gostava e do que não queria em um ato sexual.

Lembre-se que ninguém pode te forçar você a fazer o que não tem vontade, consenso é a parte mais importante de qualquer contato físico humano.

O que mais me deixou atônito depois disso foi que ele me confessou que depois que me viu pela primeira vez, dois dias antes, já tinha se masturbado muitas vezes imaginando o que acontecia naquele instante. Me senti lisongeado! Logo eu, que sempre me achei feio por ser magro demais, baixo, franzino? O que ele tinha visto no meu corpo? Eu não sei.

O problema foi o final de tudo. O garoto era bissexual não assumido e também foi a sua primeira vez com um garoto. Ele me rejeitou no outro dia, por se sentir arrependido do que tinha feito. Não o culpo, de maneira nenhuma. Se é complicado ser gay, imagina gostar dos dois sexos! Deve ser bem difícil o cérebro conseguir processar o que o corpo pede, como decidir algo que está além de si?

Calculando o que aconteceu, posso afirmar que minhas duas primeiras vezes foram muito boas. Nem posso reclamar, apesar de esperar mais! Também, 19 anos não de espera não são 19 dias.

Conflitos Internos da Cabeça de um HomossexualOnde histórias criam vida. Descubra agora