A dor

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Estava aqui deitado na minha casa, prestes a dormir e me vem aquela dor de cabeça. Não sei porque nos incomodamos com a dor, se ela é algo tão presente no nosso cotidiano.

Algumas dores são prazerosas, como aquela que a gente sente quando é criança e mexe no dente mole que está prestes a cair, mas você insiste em deixar ele lá, só pra tocar e sentir aquela dorzinha boa. Ou quando temos uma feridinha na perna e a gente coça até a casquinha sair...

Muita gente diz que a dor de dar o cu é boa. Eu não acho. Principalmente na nossa primeira vez. Além de doer muito, dá um desconforto tão grande... parece que tem alguma coisa pra sair, mas ao invés disso ela entra. É muito confuso. Eu demorei pra gostar, não vou mentir, mesmo sempre tendo inclinação para os prazeres anais.

Entretanto, devo confessar que a pior dor de todas é a dor da alma. Essa faz parte da vida de um gay... Conversando com meu marido concordamos que quase todo LGBTQ precisa de terapia. São muitos conflitos para enfrentar, temos sempre o mundo contra nós e, mesmo dentro do meio, é muito difícil encontrar apoio. Alguns já sofreram tanto se tornam alheios a dor do outro, quase que um ser dormente.

Precisamos da dor para crescermos como pessoas e melhorar por dentro, porém as vezes, chega a ser insuportável... vem então a vontade de remediar, fazer com que ela pare a qualquer custo. Pensa-se em tirar a própria vida... mas a maioria desiste por falta de coragem. Ainda bem! Eu já desisti várias vezes, só em uma delas levei a ideia pra frente. Depois me arrependi e tive uma segunda chance. A dor faz parte da vida e, por mais que tentemos nos desviar dela, sempre teremos o desprazer de contar com a sua companhia. Deixe que venha, não tenho mais medo dela.

Acho que pensei tanto agora que a  dor de cabeça aumentou. Vou ali armário, ver se ainda tem um Dorflex.

Conflitos Internos da Cabeça de um HomossexualOnde histórias criam vida. Descubra agora