Experiência Visionária

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Tédio.

Era isso que Dakota Crouch e Addolorata Fontinelli sentiam, deitadas debaixo do velho carvalho no quintal da mansão da família italiana. As férias de verão seguiam em ritmo lento e, depois de colocarem o sono em dia, aprontarem qualquer coisa que passasse pela mente perversa de ambas e jogarem quadribol até enjoar, as primas já haviam esgotado sua fonte maligna de ideias. Setembro ainda demoraria muito pra chegar e, mesmo à contragosto, Dake admitiu que ficar sem fazer nada realmente podia ser entediante. Por motivos desconhecidos, a viagem de verão para a Suíça foi cancelada por Helena sem maiores explicações. E mesmo sendo ligada nos 220, Addie sabia o seu lugar quando se tratava de arranjar confusão com sua própria mãe. O tédio com certeza era preferível mil vezes, isso era fato!

― Olha, eu não sei você, mas estou cansada de não ter nada pra fazer! ― A morena disse em seu costumeiro tom irritado, encarando a outra garota que não moveu um músculo sequer. ― Dakota, fala comigo, mas que merda! ― Sacudiu a loira com vontade, recebendo uma careta em resposta. ― Me tira do tédio! Não é possível nossas ideias terem se esgotado depois de 2 semanas.

Crouch se sentou com lentidão, retirando as folhas presas no cabelo longo.

― Aparentemente, é bem possível ― resmungou. ― Ou você tem alguma outra ideia e ainda não me contou?

― Não tenho. ― A morena fez um muxoxo, sentando-se e amarrando os cabelos medianos num rabo de cavalo. ― Nadar no riacho?

― Nah, eu não quero me molhar. Na verdade, eu adoraria sair um pouco. Mas já que não posso... ― Abriu o livro jogado a seu lado na página marcada previamente e o ergueu na altura dos olhos, evitando pensar na frustração de estar confinada ali. Addie revirou os olhos, sabendo que Dakota se ocultaria atrás daquele livro e não teria mais ninguém pra conversar por horas.

― Então você quer sair daqui? ― Uma voz masculina surgiu do outro lado do quintal, revelando um rapaz alto de cabelos médios e pretos vindo na direção das duas. Era Lourenzo, irmão mais velho de Addie.

A garota não desviou o olhar de sua leitura para encarar o primo, que transparecia malícia no sorriso.

― Quero. Mas você com certeza não tem habilidade ou criatividade o suficiente pra isso.

― Ai ― Levou a mão ao peito. ― Você sabe como magoar alguém, gênio. Que grosseria.

A irmã mais nova se levantou rapidamente, reconhecendo aquele olhar. Ele tinha alguma ideia, tinha certeza! E qualquer coisa mesmo estava valendo agora, seja lá o que for.

― Desembucha, Lourenzo! Qual é a ideia? ― O agarrou pelos ombros de forma brusca, aumentando o sorriso em seu rosto.

― Eu vou falar. Mas quem topar vai precisar de coragem pra encarar ― Olhou a loira que permanecia sentada, vendo o livro ser deixado em seu colo. ― É uma ideia maluca, mas acredito que a experiência possa compensar todos os riscos. Quem aceitar a proposta vai precisar de muita coragem. O que acha, Dake?

― E desde quando eu sou uma maldita grifinória pra ter coragem? ― Arqueou as sobrancelhas e o encarou com escárnio no olhar. Ele era inteligente, mas era um Fontinelli, no final das contas. Com certeza a proposta não era um passeio calmo em Londres.

― É sua única chance, loirinha. Minha mãe segue irredutível ― Colocou as mãos nos bolsos da bermuda jeans, se virando para ir embora. Era agora: a cartada final que a faria topar. ― Mas entendo o seu medo. Não é pra qualquer um. Aproveitem o longo verão.

Nem dois passos depois, Crouch e Addie estavam em seu encalço, obrigando-o a falar o plano. Os três procuraram o lugar mais afastado possível da residência para discutir os detalhes. Sentados perto da pequena cascata que dava início ao riacho, o rapaz começou a explicar o projeto que trabalhou nas duas últimas semanas.

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