Correntes Invisíveis

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Para Hyūga Neji a noite foi longa, solitária e perturbadora. O rapaz tentou todas as posições conhecidas pelo homem para pegar no sono, tentou meditar para acalmar os pensamentos e colocá-los em ordem (ou, com um pouco de sorte, esquecê-los), mas nada disso funcionou, nem mesmo depois de finalmente conseguir aliviar-se com sua própria mão teve paz. Pelo contrário, masturbar-se quase contra a sua vontade lembrando-se dos lábios macios nos seus, da pele suave e firme arrepiando-se com seu toque, de sua mão tocando-o bem ali onde ele mesmo havia se estimulado... ou a pior parte, o gemido tímido abafado por sua boca seguido pela visão parcial dos seios pouco protegidos pelo kimono quase destruiu o pouco de autocontrole que lhe restou. Seu corpo pediu por mais e, ainda neste momento, continuava pedindo. O shinobi jurava que o álcool afetava apenas seu companheiro de equipe, Rock Lee. Mas, aparentemente, o afetou tão sutilmente que libertou a devassidão reprimida fortemente no fundo de sua alma, justo ele, que considerava tal coisa como algo sujo, vulgar e indigno.

Hyūga sabia que, em sã consciência, nunca a beijaria ou tocaria daquela forma sem seu explícito consentimento, sem ao menos corar! O principal problema era que Dakota não só havia correspondido a sua iniciativa, mas também assumido o controle da situação, levando-o a fazer mais coisas com ela em alguns alguns minutos apenas beijando-a do que tinha feito em meses com Tenten.

Ela havia correspondido, e com muita vontade.

Crouch estava a fim dele ou foi tudo culpa da bebida? Se ela estava interessada, como não percebeu antes? Bem, ele sabia que não era muito bom em perceber esse tipo de coisa, mas, depois da noite passada, talvez ela estivesse a fim há muito mais tempo do que sequer imaginava. Como as coisas ficariam daqui pra frente? E se tudo acabasse como da última vez? Muitas perguntas rondavam seu cérebro, deixando-o ansioso como poucas vezes ficou na vida.

Foi só um beijo, seu idiota, pensou, detestando-se por ter fraquejado. Nada vai mudar. E, se mudar, deixo bem claro pra ela que tudo que temos é uma relação de trabalho.

Mas suas afirmativas e planos não lhe traziam nenhum conforto, apenas mais medo do que viria quando o dia clareasse e tivesse que encará-la ― o que não demorou a acontecer, para seu desespero.

Dakota teve alguns problemas após ser deixada sozinha no bosque, principalmente após Sakura encontrá-la naquele estado. Depois de ter sua yukata ajeitada praticamente do zero pela kunoichi que lhe fez algumas perguntas e, para sua infelicidade, nenhuma delas foi respondida pela feiticeira, que ficou um pouco mais na festa.

Ela sentiu os olhares fixos sobre si e sabia que a maioria deles havia se dado conta de seu sumiço com Neji (o que já era bem ruim), mas ele ter ido embora e a deixado só deixou tudo mil vezes pior, o que acarretou em sua decisão final de pedir a Haruno se poderiam ir embora e se poderia dormir em sua casa apenas naquela noite. O efeito do álcool providenciou que seu sono viesse assim que se deitou no colchão no chão, mas não liberou-a dos sonhos confusos, conturbados e eróticos, tornando sua madrugada duas vezes mais tortuosa.

Pela primeira vez desde que estava ali, levantou-se cedo sem pestanejar para voltar ao seu quarto na pensão. A dor de cabeça por conta da ressaca se fez presente desde o momento que abriu os olhos, fazendo-a se movimentar mais lentamente do que o normal. Enquanto a kunoichi se arrumava para ir ao hospital, Crouch se vestia com sua roupa do dia anterior o mais devagar possível. Ela sabia que era inútil evitar encarar o rapaz de olhos perolados, teria que vê-lo mais cedo ou mais tarde, sabia disso, mas algumas perguntas ― que provavelmente nunca teria a chance de obter as respostas ―, ainda não tinham sido respondidas.

Após prometer para Sakura que iria diretamente para a pousada, que explicaria tudo sobre a noite anterior no tempo certo e assegurá-la de que realmente não precisava de sua companhia, ela finalmente tentou colocar os pensamentos em ordem quando começou sua caminhada. Ela havia sido rejeitada? O fato de ele tê-la deixado sozinha foi um fora, ou foi por questões familiares? A verdade era que, bem lá no fundo, ela sentia-se mal por tudo. Não podia compreender totalmente toda a questão de moralidade e honra que parecia rondá-lo, ou qual o real motivo de não poder fazer o que se tem vontade, afinal, os desejos existem para serem saciados, não é? Mas tinha sido só a porra de um beijo, que merda!, pensou zangada. Não era como se tivessem transado ou algo do tipo, pelo contrário.

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