O Portal [HIATUS]

Conflitos Internos

A brisa vinda do lago trazia um leve frescor para um dia tão quente, fazendo as mechas douradas dançarem ao vento, atrapalhando a leitura de Dakota. Um pouco mais de uma semana havia se passado desde que se despedira da Equipe 8 no portão principal de Konoha e, mais uma vez, estava na clareira, ouvindo Neji treinar a uma distância considerável. O tempo estava excelente para voar, mas estava realmente se esforçando para aprender a variação das consoantes em russo. Parecia um verdadeiro campo minado e com certeza era o idioma mais difícil que já tinha estudado, mesmo que os tempo verbais fossem mais fáceis do que em francês, por exemplo. Até mesmo japonês havia sido mais fácil!

Coçou a cabeça, hesitando em perguntar seu novo plano a ele. Seria uma distração para ela, alguma outra coisa em que poderia se dedicar. Se desse certo, seria muito útil quando voltasse para casa, poderia ter habilidades únicas em ambos universos. E, obviamente, seria uma tática de abordagem, já que ele parecia ser do tipo difícil.

Mas tudo bem, ela gostava de um bom desafio.

Admirou-o de longe, vendo como seu corpo se movia com agilidade e rapidez para aplicar os golpes contra uma árvore, já marcada severamente pelas pancadas.

Fechou os olhos e massageou as têmporas, na tentativa falha de amenizar a leve dor de cabeça. Suspirou, fechando o livro e deixando-o no chão ao seu lado, levantando-se sem pressa, alongando o corpo e aproveitando a gostosa sensação do sol da segunda parte da manhã batendo em sua pele.

Andou sem pressa em direção à Hyūga, sentindo a grama alta batendo em suas panturrilhas, lhe causando cócegas desconfortáveis. Precisava se lembrar de sempre ir ali de calça, ou acabaria toda pinicada.

O shinobi estava tão absorto em seu treinamento que só percebeu a aproximação da loira quando, por muito pouco, não a golpeou com o punho suave. Aquilo poderia deixá-la desacordada o resto do dia, se tivesse acertado. Sua mão estava a milímetros do rosto de Crouch, foi tudo tão rápido que nem tiveram tempo de cogitar um grito de pavor.

― Não faça mais isso. ― Baixou a mão, vendo que a garota havia empalidecido por conta do susto. ― Eu poderia ter te machucado. De novo, aliás. ― Virou-se de costas para ela, ajeitando novamente as faixas que enrolavam seu braço.

― Imagino que sim. ― Se pôs ao lado dele, vendo a árvore de perto. Poderia estar mais do que machucada, levando em consideração o estado da casca. ― Acho que sei como pode me retribuir o favor, Hyūga.

― Favor? ― Encarou-a por cima do ombro, incrédulo. ― Que favor?

― Caso não se lembre, eu fui até a sua casa para que você pudesse pegar mais roupas limpas. ― Cruzou os braços, encarando-o de volta. ― Você mesmo disse "posso te pedir um favor?". Pois bem, eu fiz o que pediu, me deve uma!

Alinhou a última dobra da bandagem e voltou-se de frente para ela. Ia ser interessante.

― Me acompanhou para pegar roupas limpas e agora te devo uma? Em que mundo você vive?

― No seu mundo, Neji! ― Dominou sua vontade de gritar com ele, estava começando a perder a calma. Se perdesse a calma, perderia a razão. Respirou fundo para continuar. ― Eu poderia simplesmente não ter ido. O que iria fazer, me carregar à força?

Sim.

― Não ― mentiu, massageando as têmporas. ― O que você quer? ― perguntou, temendo perder a paciência.

― Eu estive pensando... ― por Kami-sama, não saberia dizer se um dos dois sairia vivo de outra ideia vinda dela. ― Me sinto meio mal com toda essa ideia de proteção e tudo o mais... ― Coçou a nuca, ficando sem jeito. ― E pensei que se você pudesse me ensinar uns golpes, eu poderia te ajudar caso aconteça alguma coisa, e não ficaria totalmente dependente de você.